14.9 C
Guimarães
Sábado, Abril 20, 2024
Carlos Fonseca
Carlos Fonseca
Fundador do atelier de arquitectura biológica Arquitectura Sensível, onde desenvolve projectos e productos ecológicos e saudáveis no campo da saúde na habitação. Há mais de vinte anos estuda e desenvolve competências na área da radiestesia e da geobiologia com profissionais de todo o mundo, aplicando os seus conhecimentos e métodos nas suas áreas de trabalho.

O Radão

Com o propósito de produção de um mapa de risco de exposição do radão para publicação no site oficial da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), está em curso uma Campanha de Monitorização Nacional do Gás Radão, uma parceria entre este organismo e a Universidade de Coimbra. Guimarães faz parte desta Campanha. Nesse sentido em alguns locais (incluindo o meu escritório), vai ser instalado por algum tempo um medidor de gás radão para a amostragem. Para quem não conhece as características deste gás natural e as consequências à sua exposição, escrevo este pequeno artigo no sentido de sensibilizar para este assunto e quem sabe, despertar o interesse para um estudo mais aprofundado junto aos organismos oficiais.

O radão é, na sua composição química um gás nobre (na Tabela Periódica ocupa o 17º grupo) incapaz de formar compostos e ser removido a partir deles. É inodoro, incolor e ligeiramente mais denso que o ar. O radão existe na crosta terrestre e é abundante na nossa região. Decai espontaneamente no ar ou no interior das rochas e galerias que entre elas existem propagando-se facilmente para a atmosfera e misturando-se no ar. O radão que emana do solo infiltra-se facilmente nas caves e rés do chão dos edifícios, pela passagem pelas fendas, poros das fundações e condutas de cabos e canalizações. Pela sua densidade mais elevada que o ar acumula-se sobretudo, nos pisos inferiores das construções e, também em grutas e túneis subterrâneos.

Como é incolor e inodoro, a sua detecção apenas poder ser realizada através de dispositivos apropriados para o efeito. Descendente dos metais radioactivos urânio e tório, o radão abunda nas regiões onde predominam estes minérios radioactivos (nas zonas graníticas, especialmente nos distritos de Braga, Vila Real, Porto, Guarda, Viseu e Castelo Branco) por isso, é importante conhecer as características geológicas de cada região devendo ser dada especial atenção a terrenos graníticos, a algumas regiões sedimentares onde existe urânio e/ou regiões onde houve ou há exploração de minas de urânio ou rádio.

“O radão é um poluente de elevada perigosidade quando concentrado no interior das construções acima de um determinado valor…”

O radão é um poluente de elevada perigosidade quando concentrado no interior das construções acima de um determinado valor. A sua concentração depende de factores como pressão atmosférica, humidade e temperatura que influenciam a sua exalação e, podem variar numa curta distância e no decurso do ano. Nos últimos anos, a concentração de radão nas habitações tem aumentado consideravelmente devido a uma excessiva estanquidade em prol do conforto térmico e poupança energética. Para além destes factores, a água proveniente de poços subterrâneos e/ou furos contribui para a concentração deste gás dentro das habitações.

O radão dissolvido na água também contribui para a existência deste gás no interior da habitação. Como a maioria das regiões graníticas possui, pelo menos no Inverno temperaturas muito baixas, sendo a ventilação das casas pouco frequente factor que potencia concentrações elevadas de radão dentro das habitações. Várias medidas poderão ser adotadas para reduzir as concentrações de radão nas casas:

1) Ventilar naturalmente os espaços, sempre que possível por intervalos de 5 horas;
2) Selar fendas no pavimento e juntas das tubagens nas zonas mais ocupacionais da habitação para impedir a entrada do radão;
3) Combater o tabagismo e a exposição do radão dois agentes agressivos conjugados que constituem, segundo a Organização Mundial de saúde (OMS), agentes cancerígenos e principais fontes de cancro do pulmão;

Mais importante do que a adopção das medidas de mitigação, são as medidas de prevenção. Neste caso, o mais importante é conhecer e analisar com rigor as características do solo (verificando existência de agentes facilitadores de propagação de radão como falhas geológicas, veios de água..) antes de se dar início a uma construção (ou até mesmo antes da aquisição do terreno), ou antes de se tomar uma decisão acerca do local para habitar e conversar com o arquitecto responsável pelo projecto sobre as medidas a tomar em cada um dos casos.

© 2019 Guimarães, agora!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

PUBLICIDADE • CONTINUE A LER
PUBLICIDADE • CONTINUE A LER
PUBLICIDADE • CONTINUE A LER

Leia também