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Terça-feira, Abril 30, 2024
Maria Vieira da Silva
Maria Vieira da Silva
Natural de Guimarães - Qualificações académicas: Mestre em Direito da União Europeia pela Escola de Direito da Universidade do Minho e licenciada em Relações Internacionais pela mesma Universidade, onde desenvolve investigação no Centro de Estudos em Direito da União Europeia. - Perfil profissional: Jurista em Direito da União Europeia e consultora em cooperação para o desenvolvimento.

A marcha triunfal dos guardiões do Ocidente

No início de um novo ano é justo e mais do que merecido prestar homenagem aos chamados jornalistas e especialistas da política portuguesa e internacional, que nunca perderam o foco na guerra na Ucrânia em nome da defesa do Ocidente, isto é, dos chamados “valores ocidentais”, pelo contrário, demonstraram sempre uma total independência de qualquer canal privilegiado alinhado com o reino do “bem e do mal”, baseando as suas escolhas, relatórios e comentários exclusivamente na realidade nua e crua encontrada no terreno. Não como trolls e fanfarrões ideologizados na modalidade geopolítica. Pessoas inúteis.

A falência do Estado russo
“A falência do Estado russo é apenas uma questão de tempo” (Von der Leyen, 17-04-2022).
“Rússia entra em incumprimento. É o primeiro “default” em cem anos” (Negócios, 27-06-2022).
“A Rússia entrou em default” (ECO, 27-06-2022).
“A Rússia a caminho do incumprimento” (RTP, 11-03-2022).
“O rublo de Putin nem vale um cêntimo” (João Carlos Barradas, Sábado, 15-08-2023).
“Há sanções que estão a bater forte nos próprios russos” (José Milhazes, SIC Notícias, 21-03-2022).
“As sanções terão um efeito devastador na economia e poder russos” (Negócios, 04-06-2022).
“Há a possibilidade de a Rússia se desintegrar como Estado” (José Milhazes, Visão, 22-10-2022).
“A Rússia poderá continuar a combater apenas pelos próximos meses” (Expresso, 27/06/2022).
“A Rússia está a ficar sem munições. E certamente sem amigos” (Renascença, 11-10-2022.
“A Rússia está cada vez mais isolada” (Público, 01-03-2022).

Putin está a morrer
“Putin enlouqueceu, ainda lhe resta um ano ou talvez três” (CNN Portugal, 05-04-2023).
“Putin sofre de cancro terminal e não lhe resta muito tempo de vida” (Público, 04-01-2023).
“O braço de Putin que não balança” (CNN Portugal, 24-11-2022).
“Putin submetido a tratamento para cancro avançado em abril” (Observador, 02-06-2022).
“Putin padece de cancro, demência, doença de Parkinson” (Correio da Manhã, 14-03-2022).
“Putin? Não se sabe se está vivo ou se é ele que toma as decisões” (Zelensky, Observador, 19-01-2023).
“Há insatisfação e o rumor de um substituto a Vladimir Putin” (Nuno Rogeiro, SIC Notícias, 21-03-2022).
“Putin está a usar duplos” (major-general João Vieira Borges, Observador, 26-04-2023).

A derrota Russa
“A Rússia já perdeu esta guerra” (Josep Borrel, 11-05-2023).
“É evidente que a guerra tem estado a ser perdida pela Rússia” (António Costa, in Conferência sobre o Futuro da Europa, 09-05-2022).
“Putin está a perder o controlo” (Renascença, 04-09-2023).
“Rússia está num beco sem saída” (Miguel Albuquerque, SIC Notícias, 24-02-2023).
“Se Putin usa a bomba atómica é porque perdeu” (Visão, 26.02-2023).
“O poder de Putin pode ter os dias contados” (CNN, Portugal, 31-05-2023).
“Putin precisa dramaticamente de vitórias” (Paulo Portas, CNN Portugal, 26-06-2023).
“O presidente russo foi encurralado pela NATO” (major-general Raul Cunha, SIC Notícias, 24-02-2022).
“A Rússia não tem capacidade militar para uma ação prolongada na Ucrânia” (Carlos Branco, Observador, 07-03-2022).
“A Rússia só tem stock para mais 3 bombardeamentos” (Observador, 22-11-2022).
“Forças russas só têm munições, combustível e alimentos para três dias” (Público, 22-03-2022).
“A Federação Russa está com falta de munições e as que tem estão a ser racionadas” (Isidro de Morais Pereira, CNN Portugal, 05-05-2023).
“Todos se espantaram com a fuga dos russos” (CNN Portugal ,14-09-2022).
“O impasse representa por si só uma derrota da Rússia” (SIC Notícias, 27-02-2023).

Cerco de Bakhmut
“Em Bakhmut está a chave para o Donbass” (Expresso, 30-12-2022).
“Não podemos desistir de Bakhmut, é a nossa fortaleza” (Zelensky, SIC Notícias, 24-04-2024).
“Fuga de brigada russa de Bakhmut” (Diário de Notícias, 10-05-2023).
“Contra-ataque ucraniano em Bakhmut foi bem-sucedido” (Vítor Viana, CNN Portugal, 12-05-2023).
“Kiev avança em Bakhmut. Em pouco mais de 24 horas foram reconquistados perto de dois quilómetros” (RTP, 12-05-2023).
“A situação militar em Bakhmut tem se complicado para as forças russas” (Germano Almeida, SIC Notícias, 15-05-2023).
“Bakhmut não está cercada nem a cair” (general Carlos Branco, CNN Portugal, 18-10-2023).
“Bakhmut pode cair nas mãos dos russos, mas isso pode fazer parte da estratégia da Ucrânia” (Expresso, 09-03-2023).
“Bakhmut poderá cair nos próximos dias para os russos” (Jens Stoltenberg, Observador, 08-03-2023).
“Bakhmut caiu nas mãos dos russos” (Público, 08-03-2023).

O golpe de Estado
“O Estado da Rússia esteve pertíssimo de uma guerra civil” (Ana Sá Lopes, Público, 24-06-2023).
“A queda do czar Vladimir II” (José Milhazes, Expresso, 26-06-2023).
“A sobrevivência do Kremlin pode agora ter de passar por uma vitória rápida na Ucrânia” (Diana Soller, Jornal Económico, 26-06-2023).
“A Rússia está cada vez mais fraca” (Renascença, 27-06-2023).
“O poder de Putin está a desmoronar-se” (CNN Portugal, 03-07-2023).

A contraofensiva da Primavera
“Contraofensiva ucraniana está iminente e os russos estão nervosos” (José Milhazes, SIC Notícias, 28-04-2023).
“Para a Ucrânia, o segredo é a alma da contra-ofensiva” (Público 05-06-2023).
“Contraofensiva ucraniana atrasou, mas já regista avanços significativos” (Germano Almeida, SIC Notícias, 13-06- 2023).
“A Ucrânia já reconquistou sete aldeias” (Diário de Notícias, 12-06-2023).
“Contraofensiva vai ser longa, com diferentes fases e resultados por vezes contraditórios” (Germano Almeida, SIC Notícias, 20-06-2023).
“Estamos na fase do tudo ou nada” (major-general Agostinho Costa, CNN Portugal, 04-09-2023).
“O sucesso da contraofensiva da Ucrânia é crucial para a segurança europeia” (CNN Portugal, 20-09-2023).
“Os ucranianos começam a penetrar mais em profundidade o dispositivo defensivo russo” (Rui Cardoso, SIC Notícias, 31-07-2023).
“Os ucranianos têm recuperado territórios à velocidade da luz” (Visão, 11-09-2022).
“Tropas ucranianas avançam 100 metros por dia” (Jens Stoltenberg, Observador, 08-09-2023).
“A contraofensiva tem sido brutal e lenta. Mas a Ucrânia ainda tem muitas cartas para jogar” (CNN Portugal, 22-06-2023).
“Contraofensiva interrompida temporariamente” (Público, 19-06-2023).
“A contraofensiva ucraniana falhou” (Carlos Branco, Jornal Económico, 23-09-2023).
“Ineficácia da contraofensiva de Kiev é culpa da NATO” (CNN Portugal, 23-10-2023).
“Penso que uma solução pode ser a Ucrânia ceder território e receber em troca a adesão à NATO” (Stian Jenssen, SIC Notícias, 16-08-2023).
“A fórmula de paz de Zelensky nunca passará por aceitação de cedência de território” (Germano Almeida, SIC Notícias, 16-01-2024).
“Estados Unidos e aliados reuniram-se em segredo com a Ucrânia para discutir plano de paz” (CNN Portugal, 09-01-2024).

A Ucrânia precisa de 820 mil milhões de dólares a 1 bilião de dólares para se reconstruir.

O corolário da contraofensiva da Primavera, segundo o Washington Post, Economist e o New York Times: em nove meses de confrontos sangrentos, os russos na defensiva mantiveram o controlo de quase 20% do território, mais a Crimeia, enquanto a Ucrânia na ofensiva reconquistou 0,02% do território ucraniano controlado pelos russos. Tudo isto ao preço de 250 mil milhões de dólares entre fundos e armas fornecidos pelos EUA, UE e Reino Unido; e sobretudo cem mil vítimas ucranianas entre mortos e mutilados, além da devastação humana nas duas frentes no primeiro ano de guerra e dos cerca de 10 milhões de refugiados numa população de 44 milhões. A Ucrânia precisa de 820 mil milhões de dólares a 1 bilião de dólares para se reconstruir.

Entretanto, como estão todos empenhados em prolongar a transformação da Ucrânia num gigantesco cemitério para testar a resiliência da Rússia ou, de qualquer modo, um armistício que deixa Kiev em piores condições do que estava no início do conflito, a guerra custa a Zelensky cerca de 10 mil milhões de dólares por mês, ou melhor, ao Ocidente. Uma grande vitória para os guardiões do Ocidente, para o destino da Europa e sobretudo para os meios de comunicação social portugueses.

Já posso imaginar o dia em que a guerra termine com um compromisso entre as partes, toda a comunicação social portuguesa cantará em uníssono louvores ao triunfo da paz, objectivo no qual tem trabalhado secretamente com uma determinação inabalável.

E o único fomentador da guerra – como Hiroo Onoda, o soldado japonês que trinta anos depois perguntou em que fase estava a Segunda Guerra Mundial – será Zelensky, entretanto ridicularizado por todos, em particular por aqueles que o incentivaram a lutar por um objectivo que não pode alcançar: libertar cinco oblasts sem armas modernas, dinheiro e soldados.

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