Guimarães passou a ter uma rede de transportes colectivos no território, abandonando os transportes meramente urbanos.
Esta característica é a grande novidade em relação ao passado e resulta da aplicação de um regulamento (CE 1370/2007) do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu relativo ao serviço público de transporte ferroviário e rodoviário de passageiros.
A partir deste regulamento aplicado no território da União Europeia, no governo de Passos Coelho, a Assembleia da República aprovou a Lei 52/2015, de 9 de Junho que consagra o Regime Jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros e revogando a Lei nº 1/2009, de 5 de Janeiro, e o Regulamento de Transportes em Automóveis (Decreto nº 37272, de 31 de Dezembro de 1948), transpondo assim para Portugal a aplicação de novas orientações sobre os transportes colectivos de passageiros.
A partir daí, foi revogado o edifício legislativo que orientava o transporte de passageiros, instituindo Autoridades de Transporte, quer nos concelhos quer nas comunidades intermunicipais.
As novas concessões dos serviços de transportes passaram a ser submetidas à concorrência, promovendo a melhoria da oferta e um melhor enquadramento da relação de operadores com a respectiva autoridade de transportes local e destes com os passageiros, numa perspectiva de uma mobilidade mais eficiente, inclusiva e sustentável.
A Câmara Municipal de Guimarães institui-se como Autoridade de Transportes para o seu território concelhio com um serviço próprio e único, alargando assim o que era tido como transporte urbano a todo o território, serviço que foi submetido a concurso público e que a Guimabus – empresa vimaranense haveria de se colocar na frente, vencendo o concurso.
Com a aplicação deste regulamento europeu, Guimarães passou a ter a sua rede no seu território, deixando à CIM do Ave a autoridade sobre os transportes para fora do concelho mas com origem e destino em Guimarães.
Esta alteração é importante para a definição de um modelo próprio, numa concessão a 10 anos, onde o Município pode definir algumas regras essenciais no serviço dos transportes, não apenas na rede, no número de carreiras, na frota impondo uma percentagem de autocarros eléctricos e um conjunto de autocarros com uma idade média que permite um transporte cómodo e rápido, cumprindo horários.
É este serviço que agora foi colocado ao serviço dos utentes dos transportes colectivos de passageiros que a Guimabus assume como “uma paixão” nas palavras do seu administrador Fernando Salgado.
No primeiro dia de 2022, a cidade agitou-se com o vai-e-vem dos autocarros, verdes com tons amarelados, que deram um novo frenesim ao centro urbano e começaram a andar pelas freguesias, em ruas por onde e até agora não passavam autocarros.
Numa viagem teste, em que os passageiros eram o presidente da Câmara e alguns vereadores e a administração da empresa concessionária, foi possível sentir o impacto da nova concessão na linha da cidade, numa percurso, de um sentido, em pouco mais de 20’.
Uma viagem que se segue ao teste já efectuado pela empresa sobre o desempenho dos autocarros eléctricos, por percursos com algum declive, num sobe e desce que vai dar mais informações sobre a performance dos autocarros num percurso, não totalmente plano, de modo a avaliar melhor o seu consumo e até a velocidade com que pode fazer cada viagem.
📸 Município de Guimarães
Igualmente, pode sentir-se a relação entre o autocarro e alguns pisos da cidade, onde o betuminoso é substituído pelo granito, criando trepidação e ruído no interior, incómodo que a médio prazo vai influenciar as renovações das vidas não apenas na cidade mas em todo o concelho. A passagem sobre as caixas de saneamento, evitando incómodos bruscos na viagem, a adequação do rebaixamento dos autocarros face aos passeios em zonas de paragem, as manobras a os veículos são sujeitos em curvas ou mudanças de rua, ocupando duas vias.
Todos estes factores estão a ser testados pela empresa que terá de levantar a suspensão de alguns autocarros, de modo a que se evite o bater no chão da parte da frente do autocarro. Recorde-se que os autocarros vão passar em ruas onde até agora só passavam automóveis, o que pode levar os serviços municipais a equacionar melhor a percentagem do declive e a transição para uma zona plana.
A velocidade dos autocarros em percurso urbano, no centro da cidade andará entre os 32 e os 40 kms/hora, o que levará a viagem e os tempos de demora para números aceitáveis.
Domingos Bragança, presidente da Câmara, no final desta primeira viagem, mostrou com um sorriso, a sua satisfação por este novo serviço que tenderá a ser concretizado para bem das populações.
Já com o passe que lhe garante poder viajar nos autocarros “verdes”, o autarca não deixou de cumprimentar alguns idosos que aguardavam nas paragens a sua primeira experiência neste novo serviço, ouvindo pequenos reparos àquilo que entendem não estará melhor.
O novo serviço do transporte colectivo de passageiros em Guimarães será uma oportunidade para a Guimabus mostrar quanto vale a sua gestão, num sector onde mantém ambições de crescimento fortes, mesmo para lá das fronteiras do concelho.
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