Florentino Cardoso, presidente da Grã Ordem Afonsina acredita que as duas cidades podem irmanar-se muito mais pelos laços Afonsina existentes entre ambas.
Como surgiu a ideia de fazer e colocar uma estátua de D. Afonso Henriques em Zamora?
A Grã Ordem Afonsina tem por objectivo principal “o estudo, investigação e divulgação dos mais variados aspectos da vida e obra de D. Afonso Henriques” e a cidade de Zamora constitui o Alfa da sua vida política, porque foi lá que se armou cavaleiro pelas suas próprias mãos e com tenra idade, para depois cumprir a missão de fundar Portugal, que lhe estava no sangue. Lançando os olhos para esta cidade espanhola, verificámos que existe uma Fundação com sede partilhada entre Zamora e Bragança que adoptou a designação social de Fundação Rei Afonso Henriques e que centrava a sua missão na cooperação transfronteiriça, tendo como pano de fundo a promoção e desenvolvimento do Vale do Douro como região europeia bi-nacional. Estes sinais foram bastantes para que a Grã Ordem Afonsina dirigisse um convite ao Secretário-Geral daquela Fundação para participar nas II Jornadas de Património Cultural Intangível de Guimarães, realizadas no passado dia 5 de Outubro, em comemoração de mais um aniversário do acordo de paz e amizade que D. Afonso Henriques celebrou com seu primo Afonso VII, naquela cidade espanhola. E como já havia a ideia, constante do regulamento interno da Grã Ordem Afonsina, de “criar relações de amizade e cooperação com entidades nacionais e estrangeiras interessadas em aprofundar o conhecimento histórico sobre o primeiro Rei de Portugal”, por proposta do arquitecto Abel Cardoso, vice-presidente da Grã Ordem Afonsina, ambas as instituições entenderam que a primeira iniciativa conjunta seria a implantação de uma estátua de D. Afonso Henriques em terrenos adjacentes da Fundação e no dia 28 de maio de 2023, para desta forma assinalar o primeiro acto da vida pública de D. Afonso Henriques ali praticado em dia de Pentecostes do ano de 1125.
E a escolha de Dinis Ribeiro para a esculpir?
A escolha de Dinis Ribeiro resultou das relações pessoais entre ele e o arquitecto Abel Cardoso, não sendo indiferente o facto de estas peças de arte exigirem, por regra, uma simbiose entre escultores e arquitectos, o que muito beneficiará este projecto. Por outro lado, ambos são cidadãos vimaranenses empenhados na promoção da Cidade e dos seus valores, entre os quais se incluem Afonso Henriques e a Fundação de Portugal, o que também acrescenta valor ao projecto.
Acredita numa parceria cultural ou acções entre Guimarães e Zamora?
O acordo com vista à implantação da estátua de Afonso Henriques em Zamora foi firmado entre duas instituições privadas, a Grã Ordem Afonsina e a Fundação Rei Afonso Henriques, sem a participação ou patrocínio das autoridades administrativas de ambas as cidades. Porém, espera-se que esta iniciativa seja o primeiro passo para que Guimarães e Zamora estabeleçam relações de amizade e cooperação sobre o denominador comum, Afonso Henriques, ou sobre o idêntico papel que ambas protagonizaram na época medieval peninsular.
Com que bases e fundamentos? E com que protagonistas e mesmo quando?
A Grã Ordem Afonsina apresentou em Coimbra, na Sala do Capítulo do Mosteiro de Santa Cruz, no dia 4 de Dezembro, as linhas básicas da Via Regis Alphonsi, o Caminho do Rei Afonso, ou como disse o arquitecto Abel Cardoso que o explanou, “…um contacto directo com aquele primeiro território que alavancou a construção deste nosso país”. Mesmo não fazendo parte do território nacional, Zamora tem de ser incluída neste caminho pelas profundas razões históricas que a ligam a Afonso Henriques. E assim, se houver vontade política, temos aqui uma base para sustentar eventuais parcerias com Zamora nas mais variadas vertentes, designadamente, culturais, turísticas e comerciais.
Também a gastronomia pode ajudar a um maior relacionamento cultural entre as duas cidades?
É claro que a gastronomia poderá ser uma área de eleição, sobretudo no que toca aos vinhos. A região de Zamora, situada nas margens do Rio Douro, é um local onde se produz um vinho de alta qualidade, com a predominância de certas variedades de uvas que caracterizam a denominação de origem “A Terra do Vinho de Zamora”. Por outro lado, Zamora é considerada a “Jóia do Românico”, o que também poderá constituir um argumento a favor de uma futura aproximação, agora que Guimarães passou a fazer parte da Rota do Românico dos vales do Sousa, Tâmega e Ave.
Guimarães e Zamora ainda não são geminadas. Porquê?
Esta é uma questão a que só os responsáveis autárquicos de Guimarães podem responder.
Há mais entidades, associações que se podiam associar na dinamização de uma relação com base em D. Afonso Henriques?
Embora sejam os vimaranenses quem alimenta a paixão mais acentuada por Afonso Henriques, desde logo porque o ostentam no emblema do seu clube de futebol, a verdade, porém, é que o Rei Fundador tem admiradores e apaixonados em todo o país e até nos países de língua oficial portuguesa. A Grã Ordem Afonsina está atenta a este fenómeno e sempre à procura de estabelecer relações de amizade e cooperação com associações que mantenham o mesmo interesse pelo estudo, investigação e divulgação da sua vida e obra. A criação da “Via Regis Alphonsi” pode ser um sinal eventualmente encorajador de uma futura federação cultural de raíz afonsina.
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