Mostraram maturidade, deram bons exemplos nas defesas da sua tese, exibiram desenvoltura na abordagem de um sim ou não às casas de banho comuns aos dois… ou três sexos nas escolas.
Gonçalo, Maria Cunha e Eduardo disputaram com Mário, Maria Alves e Gabriela, a razão para o sim ou não, da existência de casas de banho mistas nas escolas.
Estes jovens, de 16 a 17 anos, defenderam as suas posições, enquanto trios, independentemente dos seus conceitos individuais sobre a questão.
O importante era que esta sessão do Torneio de Retórica que ocupa, por esta altura, os alunos do 11º ano, das escolas com ensino secundário – Francisco de Holanda, Martins Sarmento, Santos Simões e Taipas – mostrassem a sua desenvoltura para falar em público, escolhessem as palavras adequadas à defesa da sua tese, soubessem reagir às teses contrárias com novos argumentos, rebatendo em cada momento do frente a frente, as ideias contrárias às suas.
O debate revelou jovens preparados, investigadores de exemplos na internet, com capacidade para enfrentar o adversário sem medos mas com ideias.
Mais do que saber quem ganha ou quem perde – um conceito neste caso relativo, apesar da progressão que o vencedor terá no torneio, podendo chegar à final – a verdade é que o tema permitia aos jovens confrontar a sociedade de contrastes em que vivemos, as infra-estruturas nem sempre adequadas a uma realidade que muda rapidamente.
No caso, de casas de banho mistas, a questão abria portas à dissertação de conceitos construtivos de um espaço bastante frequentado nas escolas e a sua adequação a um uso conformado a dois sexos e não a um como se podia defender, em nome do conceito da igualdade de género.
Do lado do sim, às casas de banho mistas, a questão tem actualidade, dada a transcendência da igualdade de género na sociedade, a impor novas regras de conduta e a adequação de espaços a essa realidade.
E até questões de higiene suscitadas pelo uso das casas de banho por homens e mulheres no espaço público, num verdadeiro contraste com o seu uso no meio familiar.
A fluência do discurso, as palavras escolhidas limitaram a querela entre os oponentes. Mas as ideias estavam lá, de cada parte, sendo evidente o desembaraço das mulheres – uma para dois na equipa do sim e um para duas na equipa do não.
Perante uma plateia interessada, pouco rogada a calar a sua opinião, com aplausos, o debate tornou-se coisa séria e boa de ser apreciada, de modo a perceber qual a maturidade que os jovens têm em hoje numa sociedade assoberbada por informação a rodos, de vários fontes e com vários suportes.
O que justifica ou não casas de banho mistas? Que perigos, sociais, lhe estão subjacentes?
A questão também é económica porque ter casas de banho mistas, obriga a novas obras na adaptação das existentes, destinadas ao homem e à mulher.
A questão da higiene, observada do ponto de vista do macho e do seu comportamento numa casa de banho comum, ou da mulher no que toca a despachar o penso higiénico em período de menstruação, estiveram na agenda com alguma acuidade e propósito.
Também, o bullying existente em aulas de educação física de turmas mistas, suscitou apreensão pela possibilidade de ressuscitar velhos olhares, para o lado e para o sexo oposto, não para admirar a beleza da paisagem mas como pretexto e convite para um impulso sexual.
A questão do olhar sobre os corpos de sexos distintos ou até transexuais, trouxe para o debate o mau uso de tecnologias como o smartphone, na publicitação de olhares indiscretos sobre o sexo oposto e as suas rotinas. Uma questão que a turma do não, colocou na discussão.
A tese do sim às casas de banho mistas, tinha uma solução estrutural, cara, na construção de cabines individuais mas de nada adianta impedi-las quando elas são já normais em casa, no infantário, nas escolas.
Também a educação para uma vida normal, de aceitação da diferença e de respeito mútuo apareceu no debate quando a equipa do sim lembrou que na sua escola, há duas casas de banho por piso, o que é insuficiente em tempos de intervalo.
A equipa do sim, evocou exemplos de espaços de utilização comum a homens e mulheres, como os provadores de roupa e deu mais exemplos de como a sociedade de foi formatando para a coabitação do H e da M, que começa no jardim de infância com a bata azul e cor de rosa, tons esbatidos pela transformação da sociedade e pela mudança de sexo, factos que mostram como a sociedade ainda alimenta muitos tabus.
Ressaltam do debate, ideias a desenvolver como a utilização da via da educação para combater o preconceito e para a aceitação dos transgéneros… de hábitos saudáveis na higiene pessoal em espaços públicos, da aceitação do outro eu, de que os olhares sobre o outro devem ser naturais e não visar a agressão.
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