Um estudo de vários cientistas defende que só a cooperação e a definição de estratégias conjuntas pode reduzir a duração da pandemia.
Os países europeus precisam de cooperar mais e coincidir estratégias no ataque à pandemia, senão a situação actual prolongar-se-á no tempo.
O alerta foi dado num artigo publicado na revista The Lancet Regional Health Europe, onde é divulgado o estudo assinado por 32 cientistas de 17 países.
Helena Machado, professora da Universidade do Minho e Carlos Martins, da Universidade do Porto incluem-se entre os 32 cientistas que ajudaram a construir a tese de que só conjuntamente, os países europeus poderão ter êxito no combate à pandemia. E por isso “reprovam também o desconfinamento precoce, até porque no Outono aumenta a incidência sazonal de casos covid-19 e o nível de vacinação pode não ser suficiente”.
“Há duas opções na mesa: os governos mantêm medidas restritivas até ao Inverno ou, então, os governos vão já reduzindo as restrições e, com a vacinação generalizada, os casos covid irão disparar, mas de baixa gravidade, espera-se”, diz a socióloga Helena Machado.
“Não faz sentido um país adoptar um caminho e o país vizinho não, exige-se cooperação e solidariedade internacional…”
Para esta investigadora e presidente do Instituto de Ciências Sociais da UMinho, a retirada de restrições pode dever-se à necessidade de recuperação económica e de evitar a saturação psicológica dos cidadãos. Porém, “não faz sentido um país adoptar um caminho e o país vizinho não, exige-se cooperação e solidariedade internacional” na pandemia.
Os autores do artigo admitem que a Europa “arrisca-se” a repetir 2020: “No outono, a mudança para actividades internas, o clima frio que acelera a disseminação do SARS-CoV-2, a hipótese de novas estirpes e, sobretudo, cada vez mais gente a misturar-se em público podem levar a uma nova vaga e ao confinamento”.
Portugal sujeita-se agora a esse cenário, tal como outros países. Já a Inglaterra desconfinou cedo, mas se as coisas piorarem admite recuar na decisão.
Aliás, a erradicação daquele vírus “parece improvável” face aos desafios da sua evolução, da cobertura vacinal, da imunidade incompleta contra a infecção ou até de eventuais reservatórios de infecção em animais, consideram os investigadores do estudo. “Mudanças moderadas como melhor ventilação de espaços e maior uso de máscaras em certos momentos vai ajudar na maioria das vezes a quebrar cadeias de transmissão”, frisam.
A equipa científica defende que os governos precisam de ter uma mensagem clara para as populações, recuperar necessidades de saúde não atendidas no último ano (como a detecção precoce de cancro), ser ágeis na saúde mental (sobretudo para quem está em risco social) e garantir a vacinação universal. “Ninguém está seguro até que todos o estejam, precisamos de reconhecer o nosso lugar no mundo”, reconhecem.
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