A diversificação de actividades para os mais velhos é evidente
O projecto Vida Feliz, promovido pela Tempo Livre e CMG, procura proporcionar um estilo de vida activo aos vimaranenses de 55 anos ou mais.
E o número de interessados “tem aumentado”.
As equipas entram no campo de futebol para uma partida calma. Alguns dos jogadores já têm cabelo grisalho, mas esse não é o principal requisito. Joga-se sem pressa, com fairplay e, sobretudo, rasgam-se sorrisos. A integração e o convívio também definem a actividade. É “futebol a andar” – a tradução para o nome da modalidade nascida em Inglaterra, Walking Football. Em Guimarães, há quem procure implementá-la na vida da população com 55 anos ou mais. Para já, há “treinos experimentais”, como o que ocorreu no passado dia 9 de Maio no Multiusos da cidade.
Fique descansado quem não vai à bola com a bola de futebol: há bastantes actividades para pôr o corpo a mexer e enganar quem pensa que a idade define alguma coisa. Esse é o objectivo do projecto “Vida Feliz”, promovido pela Tempo Livre e pela Câmara Municipal de Guimarães. “Os dados que temos vindo a recolher apontam para uma grande satisfação da parte dos utentes”, conta Pedro Ferreira. O coordenador pedagógico do Vida Feliz sublinha que o balanço “tem sido muito positivo”. Afinal, o número de inscritos e interessados no projecto “tem aumentado” consideravelmente – e o projecto arrancou apenas em Outubro passado. “É uma versão melhorada do antigo projecto de actividade sénior”, refere.
Para além do “futebol a andar”, o Vida Feliz já proporcionou outros momentos diferentes à população sénior: há aulas de ginástica gratuitas, fruto de uma parceria com o Guimagym, ou então a hidroginástica nas Piscinas da Tempo Livre por um euro. Mais? Uma tarde de golfe em Guardizela para 200 utentes ou a “Mega-Aula de ginástica” – mas estes são casos mais pontuais e que exemplificam a oferta diversificada do Vida Feliz.
O projecto chega a freguesias limítrofes do concelho, porque o desporto é para toda a gente. Quem estiver interessado só tem de ligar para o número da Tempo Livre e alguém fará o reencaminhamento para o promotor local mais próximo. Sim, o projecto funciona através de promotores espalhados pelo concelho. Podem ser “IPSS, juntas de freguesia ou outras associações de cariz social”, explica o coordenador pedagógico. O Vida Feliz está em 18 freguesias – de Longos a Pevidém, passando por Infantas, Tabuadelo, Pevidém ou Vila Nova de Sande e São Clemente de Sande. Todos os promotores locais “recebem um professor” da parte do projecto. E há actividades que sentam os desportistas mais velhos: “Já os levamos a ver o Vitória, por exemplo”, aponta Pedro Ferreira. Há tempo para tudo.
Desporto para combater doenças
Na procura da vida saudável, importa existir um acompanhamento especializado. E essa também é uma vertente do Vida Feliz: para além do “protocolo de colaboração com o Agrupamento de Centros de Saúde do Alto Ave”, também se conta com a Escola de Medicina da Universidade do Minho para “processos de avaliação e monotorização” dos utentes. Assim, contornam-se doenças. A progressão do Alzheimer, por exemplo, pode ser atenuada; e o exercício físico pode mesmo “proteger o cérebro de demência”. Estas são algumas razões que a Alzheimer Portugal aponta como benefícios da actividade física. E a Organização Mundial da Saúde alertou: os casos de demência podem vir a triplicar até 152 milhões em 2050. Não é uma “emergência global”, mas “é uma ameaça crescente para a saúde”, como disse Neerja Chowdhary, médica do departamento de saúde mental da OMS, à EFE (agência noticiosa espanhola). A OMS publicou um guia de prevenção e algumas das recomendações apontam para evitar o consumo excessivo de álcool e manter controlados os níveis de diabetes, pressão arterial e açúcar no sangue, por exemplo. E, claro, “fazer exercício físico com regularidade”.
Por isso, o Vida Feliz quer combater o sedentarismo e a inactividade da população sénior vimaranense – independentemente das suas capacidades cognitivas. “Temos três níveis: o verde, onde se inserem as pessoas mais aptas; o amarelo, para pessoas com algumas limitações, e o vermelho, para a população sénior com um nível de limitações elevado”, explica o coordenador pedagógico do projecto. Nesse sentido, adianta, estão a planear uma “competição de boccia” para o último grupo. “Normalmente, as actividades são destinadas a quem tem mais capacidades. Mas não queremos deixar ninguém de lado”, repara. E o desporto é mesmo assim: para toda a gente, independentemente de limitações.
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