16.9 C
Guimarães
Quinta-feira, Setembro 19, 2024

Câmara: comércio tradicional critica apoios e critérios dados à hotelaria

Economia

Cristina Faria, presidente da ACTG – Associação do Comércio Tradicional de Guimarães, escreveu um e-mail ao presidente da Câmara, com conhecimento aos vereadores com um lastro crítico aos apoios que são dados às associações da área económica.

Vânia Dias da Silva, vereadora da Coligação Juntos por Guimarães, leu a correspondência e, hoje, de manhã, na reunião de Câmara, foi a voz da associação do comércio tradicional, no período de antes da ordem do dia.

Os apoios concedidos e não concedidos à ACTG e as comparações com outros (eventos) e com outras (associações), mostravam as “queixas” da presidente da associação do comércio tradicional rebatidas, na discussão, pelo vereador Paulo Lopes Silva.

A história desta “queixa” tinha a ver com o facto de a ACTG “ter ficado endividada por realizar uma actividade ‘Sonho, Logo Existo!’ que tinha a garantia de que seria totalmente apoiada, especialmente considerando o retumbante sucesso do ano passado” – lê-se no e-mail a que tivemos acesso.

Escreve a presidente da ACTG que “o apoio total garantido não passou de míseros 7000€”, quantia “não recebida, apesar dos reiterados pedidos para que o pagamento fosse efectuado”.

E não se coíbe de considerar “chocante” o evento ‘Sunset Praça’ que recebeu 18 mil euros por “uma actividade que promove o consumo exagerado de álcool”; não perdoando críticas ao ‘EntrePalcos’ contemplado com 47 mil euros, questionando por fim, “o motivo de tamanha disparidade”.

Lamenta “ter de andar a pedir por todos os lados cadeiras e grades”, uma “situação vergonhosa e inaceitável”. Cristina Faria faz ainda mais críticas, às actividades que a Câmara promove com a Associação Vimaranense de Hotelaria. Analisando “o sucesso pífio” da actividade ‘EntrePalcos’, de 2023 que diz “ter impacto mínimo no comércio e na cidade”, a presidente da ACTG justifica a realização do ‘Sonho, Logo Existo!’ uma actividade “crucial” pedida pelos comerciantes.

E fala de “cerca de 70 mil euros entregues à AVH para os seus eventos e actividades”. Nesta crítica, Cristina Faria quer “que o Município reavalie a distribuição dos apoios às actividades culturais, visando maior justiça e reconhecimento dos projectos que realmente beneficiam a nossa comunidade”.

A vereadora do CDS/PP fez eco da “mágoa” que ali se reflecte pelo tratamento dado aos comerciantes, “diferenciado” quando se vê o comércio definhar, com os centros comerciais da cidade completamente vazios. E, no final da reunião, disse haver “um mal-estar” entre o Município e uma associação que “ajudou” a formar.

E deu exemplos de como Braga, Famalicão e Barcelos fizeram o caminho inverso de Guimarães. Atirou para a Câmara a responsabilidade de “ter lojas âncora no centro da cidade” para ajudar “o comércio tradicional a reflorescer”.

A vereadora da oposição propôs “fazer um ponto de situação sobre o que a Câmara pode fazer para ajudar o comércio de cidade” e quando se tiram os carros do centro da cidade. E explicar “o porquê dos subsídios” e qual é o seu racional.

Nesta discussão, em que também entra a generalidade de conceitos, Adelina Pinto a presidir à sessão na ausência de Domingos Bragança, foi dizendo que “o comércio é uma questão complexa”, deixando o seu palpite sobre a matéria alicerçado em opiniões ligeiras… de que “os centros comerciais são barreiras”, sublinhando que “não é fazendo uma festa que trás pessoas à cidade”. Disse pensar outra coisa, isto é, de como fazer “uma cidade viva, com a pedonalização”, coisa sobre a qual “não entendo como a ACTG é contra”. Lembrou os Bairros Digitais… e curiosamente alinhou na tese de que a situação do comércio “é um problema que não estamos a esconder, nem pôr de lado”.

Cristina Faria abre ‘guerra’ entre comércio tradicional e hotelaria. © GA!

A Feira Afonsina (e outros eventos) tem mais impacto na cidade…

Paulo Lopes Silva, vereador do Turismo e da Cultura, respondeu às críticas da presidente da ACTG. Invalidou as acusações de Cristina Faria afirmando que a Câmara continua a dar apoios às iniciativas da ACTG… “e o apoio de 7 que passou para 13 mil, votado na mesma reunião”, deixando perceber que os apoios para o comércio tradicional são “à lá carte” ou tipo chave na mão, pelo processo de diferimento e até pelo modo como são feitos os pedidos.

Sem desvirtuar o papel da ACTG, Paulo Lopes Silva esclareceu que a associação do comércio tradicional não tem propriamente o de uma entidade que “organiza eventos”, alterando o valor do custo do evento “para o dobro” e com o argumento de que “vai ser melhor do que no ano passado”.

Deixou claro que “o pedido de pagamento” foi apenas feito a 25 de Julho, o que faz com que este seja liquidado dentro dos 30 dias em que a Câmara paga aos seus fornecedores; e que se deve separar “eventos de raiz cultural e de intervenção no espaço público” com outros, de natureza, tipo ‘sarau’.

Perguntou mesmo: que “consequências terá um evento no comércio tradicional realizado à noite (21h30) quando as lojas comerciais fecham às 19h00”?

Justificou depois que o ‘EntrePalcos’ começa, por volta das 16h00, prolonga-se pela noite dentro, numa lógica de fazer com que os seus aderentes permanecem na cidade por um tempo suficiente para fazer tudo.

E, por isso, disse Paulo Lopes Silva que “a Câmara passou a distinguir os eventos entre os que são de interesse municipal e os que são meros saraus culturais”. E é por aí que se diferenciam os apoios.

Criticou a ACTG por “andar à procura de comparativos” quando “a Câmara promove diversos eventos com impacto mais vasto. Quais são – interrogou – as consequências práticas, na cidade, de uma Feira Afonsina, de toda a programação de Verão, de Maio a Outubro, com espectáculos diversos?” E as de um sarau cultural?

Paulo Lopes Silva acusou a ACTG de dizer sempre “não” a participar na organização destes eventos, instada que tem sido “a vestir as ruas” nestes períodos mais festivos, tal como disse “não” a perceber a importância do projecto 1128 do Bairro Digital, com apoio do PRR.

© 2024 Guimarães, agora!


Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!

Siga-nos no FacebookTwitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.

PUBLICIDADE • CONTINUE A LER

Artigos Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

PUBLICIDADE • CONTINUE A LER

Últimas Notícias