Parte das manifestações políticas são tão banais que acabam ao jeito de confrontações no futebol, com arremesso de objectos para dentro do campo: os isqueiros e garrafas de água, foram substituídos por vasos de plantas e guarda-chuvas, sendo comum os palavrões e os gestos dos contendores.
Isto significa que a política já não é um acto nobre, de serviço público, de amor à terra ou ao país. É uma afirmação da banalidade que está a ser semeada entre os partidos – os supostos guardiões da democracia e das suas regras civilizacionais.
Porém, os sinais de disputa entre eles e neles entre as diversas facções, evidenciam que vale tudo e o mais sério é tido como o candidato mais fraco face aos candidatos ‘chico-espertos’ que entram nos partidos às paletes, com a missão única de defesa de um chefe.
As arruadas, estão a transformar-se em momentos, de euforia colectiva partidária, que passam para a sociedade órfã de verdadeiros líderes e de estadistas – coisa rara que já não se vê. Sim, os actos dos novos dirigentes são tudo menos de estadistas, capazes de defender o país para além dos seus interesses próprios.
Já não há ali afecto mas histeria, já não há calor humano mas uma irracional atracção pelo chefe – aquele que supostamente é o vencedor ou o eleito para dirigir o país. Onde antes havia ideologia e comunhão de ideias, hoje há interesses mesquinhos, procura de novo emprego.
Também por isto, todos lhe caem em cima, todos querem apertar-lhe a mão, dar-lhe beijos. Certamente são esses que, amanhã governo formado, são os primeiros a disparar insultos quando se aplica o princípio de que governar é desagradar; e vice-versa quando o governante assume o poder e ver que está longe de cumprir as suas promessas, baseadas em slogans, fotografias e não em estudos e opções razoáveis.
Esta disputa bélica do voto, não dará bons resultados porque no plano das ideias são todos iguais: veja-se que são todos populistas à sua maneira, o populismo de uns é mais são do que o de outros, o que é bom à esquerda é mau à direita.
Neste deserto de ideias, confunde-se tudo, os capitalistas de direita são mais odiados do que os capitalistas de esquerda – que os há também.
O curioso é que a responsabilidade do Estado para com as cidadãos – nos sistemas básicos da sociedade, como educação, saúde, transportes, etc – são hoje propriedade dos políticos-candidatos que nos dão o que e quando querem e não o que temos direito numa sociedade humanamente responsável e sadia.
São eles que leiloam, entre si, quem dá mais pelas fracas pensões dos portugueses, são eles que fixam se eu, tu e ele… devem pagar mais ou menos impostos, se a vida nas escolas, nos hospitais e centros de saúde, devia ser uma regra universal e de normalidade ou uma opção por quem se vota.
O melhor disto tudo é que ainda há um ‘Isto é gozar com quem trabalha’ que nos mostra o retrato do ridículo que somos como sociedade e como nos sujeitamos – escandalosa e humilhante – a quem entregamos o voto – que muda a vida deles e nos deixa penosamente a pedir e clamar por um melhor Governo.
© 2024 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.