As lesões musculares representam 30% a 50% de todas as lesões desportivas, com o atingimento dos músculos isquiotibiais (situados na região posterior da coxa) a representar 15%. Modalidades como o futebol, o rugby, o hóquei, entre outros desportos de resistência, apresentam um grande índice de lesão dos isquiotibiais, possivelmente associado a movimentos de explosão e desaceleração relacionados com as especificidades técnicas dos respetivos desportos supracitados.
A lesão dos músculos isquiotibiais é dos acontecimentos mais comuns no desporto de alta competição o que consequentemente leva a ausência do atleta de vários momentos importantes da sua época desportiva.
Em termos de classificação de lesão muscular, existem várias tipologias, que vão variando ao longo dos anos, baseando-se normalmente na gravidade da lesão, na quantidade de tecido afetado, na perda de funcionalidade, na localização anatómica da lesão, na sua etiologia e pela avaliação por imagem (a ressonância magnética é considerada a técnica imagiológica de eleição para as lesões musculares). Como tal, consideram-se classicamente 3 categorias: grau I / lesão leve (não há uma lesão estrutural significativa), grau II / lesão moderada (lesão muscular e diminuição na força muscular) e grau III / lesão grave (rotura completa e total perda funcional da estrutura muscular atingida).
Nestas situações, como em qualquer tipo de lesão, a avaliação é um fator primordial, sendo que o plano de intervenção deve ser delineado desde o momento em que a lesão é diagnosticada em termos clínicos. Porém, a observação do momento da lesão e o respetivo mecanismo de lesão iniciam um “guia de intervenção” imediato por parte do departamento clínico.
O tratamento conservador para a reabilitação das lesões musculares é sem dúvida o mais utilizado, baseado em técnicas especificas inseridas na Fisioterapia, onde está englobado o trabalho da terapia manual, o treino de flexibilidade, o treino de força, exercícios de mobilidade e correção postural, a reeducação neuro motora, técnicas de analgesia local, entre outras, combinado muitas vezes com elementos farmacológicos indicados pelas equipas médicas.
O tempo de paragem é uma preocupação constante para o atleta, bem como, para a instituição que o mesmo representa, o que tem vindo a potenciar a implementação de terapias inovadoras nos últimos anos, com o objetivo de encurtar o processo de reabilitação e antecipar o “return to play”.
Como tal, na última década tem vindo a ganhar algum ênfase a utilização de fatores de crescimento, com o objetivo de acelerar a cicatrização tecidular. O PRP (plasma rico em plaquetas) é uma fração do sangue autólogo obtido por centrifugação, com uma concentração plaquetária superior à fisiológica (2,5 a 8 vezes maior). Esta técnica baseia-se numa injecção do PRP ecoguiado na zona intra ou peri-lesional.
A evidência científica existente revela que a aplicação desta técnica apresenta melhoria imagiológica em menor tempo, com redução do edema e hemorragia, retorno à competição mais precoce e melhoria da funcionalidade. Não esquecer que o tratamento conservador é um aliado fundamental em todo este processo, e os estudos em causa mencionam isso mesmo, pois a aplicação do PRP de forma isolada não apresenta a mesma eficácia de resultados.
No entanto, o estudo da aplicação clínica do plasma rico em plaquetas nas lesões musculares é ainda muito pouco desenvolvido, apesar de existir um efeito clínico e imagiológico positivo do PRP.
O caminho a seguir passa por uniformizar os protocolos de atuação e especificar certos parâmetros como sendo: o volume, o tipo de preparação, o número de injeções a realizar, o timing de injeção de PRP e a duração da intervenção, de maneira a maximizar o efeito pretendido.
© 2023 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.