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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

GUIdance: uma história bonita retomada em 2022

É o festival que destaca a dança contemporânea, todos os anos em Fevereiro, onde coreógrafos, bailarinos e artistas apresentam as criações mais recentes.


  • Rui Torrinha, assume a programação do GUIdance, na nomenclatura interna de A Oficina. E dá a cara pelo festival, as suas escolhas e variantes em termos de espectáculos, sempre com a preocupação de fazer do festival, também, internacional, a cada edição, mais forte do que nunca.
  • Revolve a edição de 2022 e faz contas num balanço que procura saber o que esteve bem ou mal ou até o que foi menos conseguido.

📸 Paulo Pacheco

O festival deste ano, por ser o primeiro, após o suposto fim da pandemia, deixa saudades por se diferenciar dos anteriores?
É claro que foi um GUIdance especial porque a última edição tinha sido interrompida em 2020. E agora tratava-se de retomar a sua normalidade até para perceber o que seria pertinente que a edição de 2022 abordasse. Desejávamos perceber como o público responderia face à incerteza deste tempo que se viveu também nesta área dos espectáculos e das artes.

A qualidade dos espectáculos agradou ao público e à organização?
Há sinais de que, no seu todo, o festival agradou: teve uma afluência grande e suscitou uma reacção forte nas pessoas que o viram. Ouviu-se, ao sair da sala, pessoas que conversavam sobre o que tínhamos oferecido. A qualidade de cada espectáculo – característica genética do GUIdance – é critério importante na história das edições do festival. E esta edição cumpriu, pois, ainda hoje, vamos recebendo reacções ao que foi apresentado. Para além do palco, o que o GUIdance proporcionou nas masterclass – muita participadas -, nas visitas das escolas e nas conversas dos artistas com o público, os debates, tudo, deixa-nos com a sensação de dever cumprido e objectivos atingidos. De algum modo, as reacções foram fortes nestas várias dimensões do evento.

E isso é que fica na história da 11ª edição?
Fica para a história um regresso feliz de um espectáculo que dá o seu contributo a que Guimarães seja uma cidade falada pelo seu festival de dança, fica para a história a ideia e a certeza de que o GUIdance já tem os seus adeptos ou visitantes, de que a sua influência se estende ao país e para lá das fronteiras, onde por razões de proximidade, a Galiza ganha no capítulo das audiências pelo público que atrai. Mas também, noutro nível de internacionalização é natural que o que os artistas espalham seja falado em círculos mais ligados à dança. E contarão, por certo, boas histórias do que viram e ouviram por aqui. Agora, é só continuar a escrever esta história bonita…

Escolheria algum espectáculo que lhe tenha ficado na retina?
É difícil ao programador do festival destacar um espectáculo. Mas nesta edição Sofia Dias e Vítor Roriz no espectáculo que fizeram juntos deu para perceber “um facto bonito”, isto é, o regresso de Roriz, um artista que começou aqui a fazer teatro e agora regressa como bailarino, optando pela dança na sua carreira de artista. É sempre interessante dar o palco a um artista que começou o seu percurso nas artes em Guimarães.

Características GUIdance 2022

Espectáculos:10
Espaços:CCVF, CIAJG, Fábrica ASA
Tema: Dança Contemporânea
Âmbito:Festival Internacional
Data:Fevereiro
© A Oficina

O que lhe pareceu ver a audiência em termos de números?
O que retive foi que o público preencheu muito satisfatoriamente os lugares que lhe estavam destinados, por vezes até com a lotação completa, o que nos fez pensar que o festival esteve ao nível de edições anteriores no interesse que conseguiu suscitar no público.

Percebe quem é esse público que gosta do GUIdance?
Concerteza que é já uma base a crescer, de ano para ano, no território de Guimarães. As escolas estão muito presentes neste festival o que faz crescer a própria base do público vimaranense. Nota-se que há quem não sendo de cá ou não viva cá começe a reservar alguns dias do mês de Fevereiro para poder assistir aos espectáculos. E naturalmente, são os galegos que mais nos visitam nesta altura, uma vez que temos evidências de que a dança que se mostra aqui é conhecida nesta zona norte de Espanha.

É uma área onde se pode investir mais, pela resposta que está a ser dada pelo público que vem aos espectáculos.

A oferta que se faz em Guimarães ao nível da dança e dos espectáculos associados, é quantificável num contexto local ou regional?
A dança é, ainda, uma das artes que está menos enraizada no tecido social vimaranense. Ganha expressão, contudo, e ganhará ainda mais quando se associar ao teatro e à música, acolhendo um maior número de praticantes e admiradores. Nas escolas, a dança é uma actividade que cresce, isso percebe-se claramente. E nós sentimos que é uma área onde se pode investir mais, pela resposta que está a ser dada pelo público que vem aos espectáculos. Acresce que uma geração de artistas de dança pode emergir a partir das escolas, alguns vão fazer a sua formação fora e depois regressam à cidade. O caminho que estamos a seguir aponta nesse sentido, mantendo a força do GUIdance e criando condições e recursos para que eles se fixem cá e comecem a criar a partir de Guimarães.

É esse o desígnio, da cidade e das estruturas que vai tendo nas artes e na cultura?
Eu direi que é um grande desígnio de Guimarães, pois, já dispõe de condições para ser uma cidade de criação, e onde se reúnem uma série de ingredientes para uma óptima receita.

📸 Miguel Pereira

Que outras entidades se dedicam à dança, para além de A Oficina?
Temos reacções com vários estabelecimentos de ensino e com a Academia de Bailado e o grupo Asas de Palco. Esta ligação extravasa para outras disciplinas, numa relação que trará êxito: dança com música, dança com teatro. O GUIdance explorou isso, no passado em algumas edições. E essa associação mantém-se actual. Também, por cá, a partir do festival tentamos capacitar as pessoas com formação ao nível das masterclass, levando os profissionais da dança a experiências com jovens e novos aderentes à dança, como estudantes. Num contexto regional, o festival tem alguma relação com entidades vizinhas, nomeadamente a Escola de Dança de Fafe, uma vez que considero o território cada vez mais rico nas artes e isso é um investimento que vamos ter de fazer. Quer seja na relação directa com as escolas de dança mas em geral com as artes performativas. A divulgação da dança nas escolas que o festival faz através dos seus embaixadores deve continuar.

O que será o GUIdance nas próximas edições?
A capacidade de superação que vamos demonstrando e a capacidade para surpreender o público em cada nova edição, provocará ainda mais curiosidade, relação e oportunidade para a nossa missão, que é a de o festival juntar e mostrar o potencial da dança, enquanto arte, no país. O investimento que se faz, a partir de Guimarães, em co-produções e estreias, permitirá trazer o mundo da dança a Guimarães. E fazer com que coreógrafos internacionais consagrados e novas vozes da dança, passem por aqui. O GUIdance dará palco a quem está a despontar e a emergir, reforçando o papel de Guimarães nessa formação e afirmação. Crucial é manter o GUIdance nas escolas num serviço educativo de profundidade e de oportunidade para fazer com que a dança se enquadre nos horizontes educativos das crianças e jovens.

11 anos GUIdance

Co-produções:36
Espectáculos Nacionais:68
Espectáculos Internacionais:35
Estreias Absolutas:21
Estreias Nacionais:33
Masterclasses:21
Residências Artísticas:17
© A Oficina

Não faltando espaços para o GUIdance se exibir, o que espera da oferta do Teatro Jordão (TJ)?
Ter uma vizinhança tão ilustre é um grande privilégio. O novo Teatro Jordão é mais um instrumento de capacitação para o território. E também uma bela ferramenta de formação e de capacitação de quem cá vive, com mais oportunidades ao nível da música, do teatro e das artes visuais. Guimarães demonstra ser uma grande potência enquanto cidade e território. E um grande privilégio ter uma vizinhança tão ilustre é também mais um instrumento de capacitação para o território. O TJ é uma bela ferramenta de formação e de capacitação de quem cá vive. Da formação ao nível da música e das artes visuais.

É mais um palco para o GUIdance?
O modelo de governança do novo espaço tende a definir-se, sabemos que há ali um palco interessante. Só temos de perceber, agora, se dentro da estratégia de utilização do edifício, o festival poderia por lá passar. Temos abertura total de o festival ser da própria cidade. Ser um espaço de apresentação do GUIdance depende da visão de quem cuidará da sua gestão e se faz sentido alguma entidade externa lá promover as suas actividades.

Um último desejo?
O GUIdance, 10 anos depois da CEC 2012, foi uma edição muito especial e continua um festival mais forte do que nunca.

📸 Miguel Pereira

© 2022 Guimarães, agora!


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