Em Guimarães, o silêncio de algumas casas esconde o medo que a lei tenta quebrar. O receio, a dependência e a vergonha ainda silenciam milhares de casos em todo o país. Mas há uma realidade que muitos desconhecem: Portugal tem uma das redes legais e institucionais mais completas da Europa para proteger vítimas, e essa começa, muitas vezes, bem perto de casa – nas autarquias e nos tribunais locais.
Ainda assim, a informação disponível online tem sido fundamental para ajudar quem procura compreender o que fazer e onde encontrar apoio. Num tempo em que a resposta judicial se mede também pela rapidez, conhecer os mecanismos legais e procurar apoio jurídico logo no início pode ser o que separa a proteção imediata da repetição do perigo.
A violência doméstica é um crime público, ou seja, o processo judicial pode avançar mesmo sem que haja uma queixa formal da vítima. Assim que as autoridades têm conhecimento dos factos, o Ministério Público abre inquérito e pode aplicar medidas urgentes como o afastamento do agressor, proibição de contacto com a vítima ou entrega de armas. Nestes casos, a atuação de um advogado criminal é essencial para garantir que os direitos da vítima (e os deveres do arguido) são respeitados em todas as fases processuais.
No terreno, a resposta depende de uma teia de entidades que trabalham em conjunto. A Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, coordenada pela CIG, articula polícias, serviços sociais, casas de abrigo e câmaras municipais. Através das linhas 144 e 800 202 148, disponíveis 24 horas por dia, qualquer pessoa pode pedir ajuda ou denunciar uma situação. Quem o faz passa a ter o estatuto específico de vítima, com direitos reconhecidos: proteção, informação sobre o processo, apoio psicológico e assistência jurídica imediata.
“Em casos que envolvem crianças, as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens intervêm automaticamente, mesmo que o menor nem tenha testemunhado as agressões.”
Muitas autarquias dispõem de estruturas de atendimento que prestam apoio jurídico, social e psicológico às vítimas, em articulação com as forças de segurança e os serviços de saúde. Em casos que envolvem crianças, as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens intervêm automaticamente, mesmo que o menor nem tenha testemunhado as agressões.
“Denunciar é muitas vezes o primeiro passo para recuperar o controlo da própria vida.”
Sublinha-se que a proteção das vítimas não depende apenas do Estado. A lei portuguesa valoriza a ação de toda a comunidade. Médicos, professores, assistentes sociais e outros profissionais que suspeitem de maus-tratos têm o dever de comunicar às autoridades. Qualquer cidadão pode denunciar, mesmo de forma anónima, se ouvir pedidos de socorro ou presenciar situações suspeitas. A denúncia é um gesto de responsabilidade e pode salvar vidas.
A violência doméstica não é apenas um crime, é um silêncio que se repete até alguém ter coragem de o quebrar. Em Guimarães e no resto do país, há respostas, proteção e justiça: falta apenas que cada vítima acredite que merece viver sem medo.
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