Portugal completa 39 anos de pertença à Europa política. Um desígnio resultante de Abril, consensual na sociedade portuguesa, onde apenas os extremos se tocam na defesa de um nacionalismo bacoco. E que esconde outras preferências.
Apesar dos avanços e recuos na consolidação da Europa dos povos, a construção europeia segue em frente. E com os perigos em que vive o mundo, ameaçado por potencias neptotistas, populistas, autocráticas, comandados por dirigentes bem piores que Luís XIV que um dia disse que o Estado era ele… e dele!
A afirmação europeia é mais do que uma obrigação. É uma exigência de cidadania que não pode ceder aos caprichos de falsos nacionalistas que ainda teimam viver tal como Robinson Crusoé, isolados numa ilha. Alguns, cumprem até, sem qualquer pudor político, o papel de cavalos de Tróia, aproveitando apenas as benesses que vem de Bruxelas mas atacando pelas costas um projecto político que beneficia Portugal, a própria Europa e os valores da liberdade, da humanidade e igualdade, entre muitos outros.
Entendo, claramente, que não reafirmar, hoje, o orgulho europeu é um sacrilégio. Direi mesmo que é puro chauvinismo contrapor à presença e pertença de Portugal na Europa – a 27 ou 29 – de um Portugal dos pequeninos, longe da civilização e cultura de que Eça de Queirós falava antes de 1888, no ano em que foi viver para Paris.
Basta ver para onde foram, ontem, os emigrantes portugueses, na década de 60, e para onde vão os jovens qualificados hoje, para perceber a que Europa pertencemos.
Constantemente ameaçada por regimes com más práticas de democracia política.
O nosso lado é a Europa – um Portugal – outro – de que falava Eduardo Lourenço “onde se actuasse, se vivesse, se inventasse, como na Inglaterra, na Alemanha, na França”. Essa Europa única – entidade política, com história comum, um mercado livre que favorece as nossas exportações – constantemente ameaçada por regimes com más práticas de democracia política, que atacam a liberdade de imprensa, perseguem adversários políticos. E onde havia paz…
Não se pode culpar a Europa de poder ter algo que afecte o nosso nacionalismo – não os nossos interesses. Lembremo-nos de que “em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações”, tal como Eça dizia há mais de 100 anos.
O fanatismo anti-europeu é marginal, de uma minoria, que não se deve impôr à vontade de seguir no caminho europeu que perseguem as nossas autarquias, beneficiando de impactos financeiros fortes para construir novas e melhores escolas, mais e melhores vias e, para onde, as empresas portuguesas exportam os seus produtos. E onde muitos portugueses se afirmam em diversas áreas.
“A Europa não se fará de uma só vez, nem numa perspectiva de conjunto: ela será construída através de realizações concretas – criando em primeiro lugar uma solidariedade efectiva” – dizia Robert Schuman na declaração que criou a Europa a 9 de Maio de 1950.
Convenhamos, não se pode ter um pé dentro da Europa e outro fora…
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