É uma frase que se repete no futebol, inutilmente e já cheira ‘a caruncho’.
No futebol, aplica-se a justiça salomónica dos golos, são eles que definem vencedores e perdedores. Mesmo quando os golos são marcados em fora de jogo, em falta ou com a mão. E quando jogamos melhor que o adversário – ainda que nem sequer à baliza rematemos!
O juíz de campo… é quem decide no futebol. E as suas decisões quanto a resultados são irreversíveis. Não vale a pena nem discutir nem sequer recorrer. O melhor mesmo, é ganhar o jogo seguinte.
Quando ouço dizer que “merecíamos mais” é falsear o resultado que deriva de golos. E ontem o Porto marcou três e já tinha marcado um, no jogo da primeira mão. E o Vitória só regista o golo de Afonso Freitas que abriu a caixa da ilusão e da esperança mas não deu para ofuscar a realidade.
Dizer que “merecíamos mais” ao mesmo tempo que dizemos que o Porto foi melhor e ganhou bem e não se apontar uma mancha sequer aos golos marcados no Dragão e no D. Afonso Henriques, é alimentar o populismo futebolístico, não perceber insuficiências e incapacidades, e nem sequer, desportivamente e com fair-play, aceitar a derrota. Tudo com naturalidade.
O Vitória teve uma participação digna na Taça de Portugal, como está a ter na Liga. Não é preciso dizer mais nada…
Agora, andar permanentemente a meter a cabeça na areia, deitar a bola para canto, não assumir a realidade que – se calhar é dura mas é verdadeira – é deixar para amanhã o que deve ser feito hoje: isto é reflectir, decidir, mudar, gerir. E persistir, ser resiliente.
É… de verdade o “merecíamos mais”, é perigoso, porque nos ilude com aquilo que não somos.
O Vitória é um sonho, bonito, já com 100 anos. É como uma criança que ainda precisa de carinho. Não precisa é de andar no sobe e desce, por tentativa – desta vez vai ser quando não o pode ser – a meter a cabeça na areia, como a avestruz. E viver para além das suas possibilidades.
Enquanto sociedade desportiva, o Vitória tem de dar passos seguros para uma estabilidade permanente em termos desportivos, para uma sustentabilidade crescente a todos os níveis – e já conquistou tanta coisa boa.
Agora alimentar o “merecíamos mais” é olhar para trás quando no futebol tudo é futuro – e o resto é mesmo história com a qual teremos de aprender. E não esquecer.
O Vitória tem de ser uma força colectiva enorme – não pode ser, de um lado, uma direcção/administração, e do outro uma massa cuja alma alimenta o vitorianismo.
Deve discutir, não fazer de conta, mas deve manter forte o elo de ligação de todos os seus órgãos – isto é uma família democrática que sabe o que tem de fazer.
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