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Terça-feira, Julho 15, 2025

Habitação e Economia: mais medidas do que políticas no debate entre Ricardo’s

Economia

  • Ricardo Araújo e Ricardo Costa enfrentaram-se num primeiro encontro na Escola Secundária Francisco de Holanda, por iniciativa dos alunos do 10.º CSE2;
  • Numa primeira abordagem, mostraram mais medidas do que políticas, para uma cidade desestruturada e para um concelho a perder fulgor para a concorrência, pese a sua história, partimónio e cultura;
  • Guimarães merece mais destes dois candidatos que há mais de meio ano, se mostram aos vimaranenses em fotografias, em outdoors que os faz os “ricos” candidatos da história democrática vimaranense;
  • O debate serviu para os dois avaliarem as suas forças e as suas fraquezas, as suas oportunidades e ameaças numa análise Swot que lhe dará boas respostas.
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A Economia e Habitação são as áreas fulcrais da agenda deste debate que faltam dar a conhecer aos nossos leitores, no âmbito daquele primeiro confronto. Mas acresce, a Cultura, e até o papel dos jovens no desenvolvimento da cidade.

Ricardo Araújo (JpG) – Coligação Juntos por Guimarães – aliou a situação económica e a fuga de jovens do concelho para outras paragens, quando abordou o tema “a economia local e o emprego qualificado”.

Explicou que Guimarães perdeu jovens e, hoje, “há menos do que há 10 anos atrás”. Por isso, defendeu o cocktail que poderá manter os jovens casados ou não, no concelho: “a oferta de habitação”, a criação de novas empresas que podem proporcionar emprego para além dos sectores têxtil, calçado ou cutelarias, a captação de mais investimento, associado às novas tecnologias – que pagam melhores salários.

A nível institucional insiste em propor a criação de uma agência de captação de investimento, e abrir o mercado de trabalho com ofertas de pessoal mais especializado. Reconhece que o Município “pouca atenção dá à área de economia e vê-se como se estão a localizar à nossa volta empresas com alto valor acrescentado e com a oferta de empregos melhor remunerados”.

“Em Guimarães não se fez nada sobre a promoção de um concelho industrial aberto, a empresas estrangeiras.”

Lembrou como “desde há 36 anos, em Guimarães não se fez nada sobre a promoção de um concelho industrial aberto, a empresas estrangeiras”.

Ricardo Costa, criticou as “questões redondas” do seu oponente, defendendo que é preciso “concretizar”. E fá-lo-á com o ‘I9G’ – um projecto com que há anos pretende “casar o Município com a academia, com a CIM do Ave a servir de interlocutor, em projectos criadores de mais e melhor emprego”, numa espécie de “incubação industrial através do financiamento de mestrados”. E do financiamento de bolsas de doutoramento, com a exigência de os alunos mostrarem protótipos do que fizerem.

No sector da habitação – e como os jovens podem ter acesso a ela – Ricardo Costa entende que “as poli-centralidades concelhias devem ter a mesma resposta, no mundo rural e na cidade”.

Então, como ter mais habitação, nessas poli-centralidades, interrogou o candidato socialista?

Com incentivos, ao investimento privado, pela redução do IMI, por cinco anos, do IMT e das taxas municipais, bases de uma estratégia pró-activa da Câmara, uma redução de impostos que o PSD defendeu como partido da oposição.

Ricardo Araújo, acredita, por seu turno, que aumentando a oferta de habitação há uma redução de preços, actuando do lado da procura e da oferta; incentivando o investimento privado.

Num tom mais político, pergunta: “O que pode a Câmara fazer?” Pois… “é construir o que não construiu nestes anos”, o concurso em curso com apoio do PRR já foi adiado por quatro vezes, “por causa das trapalhadas deste executivo”.

Relativamente à administração municipal, o que a habitação precisa e os investidores agradecerão, “é que na Câmara, a decisão/ licenciamento, seja mais ágil e mais rápida, se promova um combate à burocracia, para contribuir para o aumento da oferta”.

Lembrou que “há 10 anos, foi feita a revisão do PDM… o novo PS vangloriou-se por reduzir em 20% a área de construção municipal”. E agora, “está a aumentá-la, com esta revisão”. Concluiu que “são estes zigue-zagues do PS…” que não ajudam ao desenvolvimento do concelho, culpando Ricardo Costa pelas suas responsabilidades de oito anos de vereador, com influência no actual estado do concelho.

Sobre os leilões de construção de fogos… os alunos quiseram saber em que fase está o anúncio dos 1000 fogos e como seriam financiados?

Ricardo Costa manifestou acordo com o que se estava a fazer, evocando o problema criado pelos concursos que ficam desertos. Reconhece, afinal, que o problema está “na falta de articulação entre a economia e o licenciamento”, uma subtileza que não o impediu de reiterar que “os 1000 fogos é uma promessa que faço para os próximos quatro anos”… e que há uma carteira “de grandes empresas locais e do país, interessadas em investir em Guimarães”.

Um ‘ovo de Colombo’ que parece guardado para depois das eleições autárquicas! Adiantou que esses investidores estão interessados “em sítios concretos e com redução de taxas”.

A Cultura, Juventude e Desenvolvimento sustentável foi outra questão incluída na agenda de perguntas dos alunos.

Para além da gaffe de ter afirmado que “este Governo não tem Ministro, nem Secretário de Estado da Cultura”, Ricardo Costa pese reconhecer que a Cultura é uma marca forte da cidade, também defendeu que “…tem de dar um salto de gigante…”, especificando que “Guimarães compra cultura (espectáculos) mas tem de criar cultura”.

E apontou a transformação futura da Orquestra de Guimarães, “numa espécie de Orquestra Metropolitana…”.

Os candidatos aproveitaram o debate para uma análise de Swot político. © GA!

Recordou os 8,9 milhões de euros para a Cultura, através do orçamento municipal, não “é um gasto” mas pode contribuir para criar, na cidade “um ambiente mais inovador e universitário numa cidade que se quer mais cultural”.

Ricardo Araújo, acusando o seu parceiro de debate de… “não lê, nem estuda”, a propósito da gaffe, de ter afirmado, não haver Ministério da Cultura… passou para a importância e reconhecimento do movimento associativo vimaranense.

Lembrou a “tradição associativa” de Guimarães, responsável por um calendário de iniciativas, que foram “apropriadas” pelo Município. Disse que, o importante, em matéria cultural era “manter a Cultura como um pilar das políticas públicas”… e “a dinamização da criação artística”.

Ainda noutra questão, a pergunta foi a de interrogar, se Guimarães mantém a sua forte aposta na cultura?

Ricardo Costa, falou de novas abordagens na criação, não recordando os contributos do Impacta e do Balcão Único para a Criação criados recentemente. Admite que “apareçam novos projectos”, entre as 400 associações existentes e onde “Guimarães é rico”.

Sobre o papel do associativismo, Ricardo Araújo lembrou uma figura incontornável como a de Santos Simões e da sua ligação à Cultura e suas associações, um professor distinto daquela escola, onde também foi aluno. Recordou, como na década de 50, o professor de Matemática, vindo de Coimbra, se radicou em Guimarães e “revolucionou a actividade associativa”.

Justifica que “as associações devem ser vistas como parceiros e nunca concorrentes do Município neste sector”. Disse desejar que o financiamento do sector cultural está assegurado por programas e regulamentos municipais e apenas se preocupa que “a sua atribuição seja transparente”.

Sobre o papel dos jovens nas decisões sobre a cidade, Costa falou em “ouvir” os jovens; estimulará a discussão de ideias e a participação para que “os jovens sintam que a sua voz conta”.

Araújo, num concelho envelhecido como Guimarães, o importante é “dar aos jovens” habitação, um nível de emprego equivalente ao salarial, que a emigração (para a Europa) não seja uma obrigação e que a oferta cultural tenha também possibilidades de progressão enquanto actores e outras ocupações.

“É um sinal de que os vimaranenses estão satisfeitos com as políticas e propostas apresentadas.”

Sobre a permanência do PS ao leme de Guimarães, ao fim de 36 anos, Ricardo Costa, entende que tal facto “é um sinal de que os vimaranenses estão satisfeitos com as políticas e propostas apresentadas pelo PS” e que os seus eleitos têm sabido corresponder aos anseios das pessoas.

“Nem tudo é mau em Guimarães” – reiterou – lembrando o número de alunos na UMinho e no IPCA. E insiste que os candidatos do PS falem sempre de projectos sem críticas às pessoas.

Ricardo Araújo, recordou o trânsito infernal na cidade, os problemas na mobilidade e a ligação do território, falou de coisas mal concretizadas, em Silvares e, que, ao fim destas décadas de poder socialista, os vimaranenses dêem “uma oportunidade à mudança, para iniciar um novo ciclo de crescimento com uma nova política na economia”.

Já nas questões finais, Ricardo Costa haveria de criticar “o processo demasiado moroso do licenciamento no Centro Histórico”, informando, mais uma vez que “há gente que quer investir” mas se confronta com um processo de licenciamento que “tem de mudar”.

E o candidato da AD retomou o tema da cidade “dos 100 mil habitantes que o PS propôs e não conseguiu concretizar”. Disse que “é mais um objectivo falhado”. Quer as vilas como novos centros de desenvolvimento, com “um nível de vida igual ao da cidade”. E com a qualidade de vida associado, por creches, escolas e centros cívicos.

Frases:

“Guimarães devia associar às nossas marcas – forte – da cultura e do património – o desafio de ser uma cidade inovadora – com a Universidade e seus centros de conhecimento associados”. (Ricardo Araújo)

“Não podemos continuar a ser produtores de serviços, trabalhando para grandes marcas, sem registar as nossas patentes”. (Ricardo Costa)

“A Cultura tem de dar um passo de gigante… numa cidade que compra cultura mas tem de criar cultura”. (idem)

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