- Há claramente em Guimarães uma vontade em avançar para o nicho de turismo religioso que dinamiza nesta época pascal a mobilidade de muitas pessoas.
- Por exemplo, da Galiza saem famílias, grupos de amigos, que tiram partido das férias que gozam nesta ocasião. Por proximidade, por economia, pela gastronomia, o Norte de Portugal é destino mais que apetecido e desejado.
- Aproveitar a monumentalidade e beleza das igrejas, dando lhes vida com música e animação apropriadas, evidenciar um conjunto de cultos – muitos dos quais realizados ao ar livre – como procissões, mostrar o património intangível da religiosidade em exposições ou festivais de música, tudo isto é ferramenta que se procura aproveitar para criar um programa de animação pascal com um mínimo de sustentabilidade e aceitação.
‘Da Quaresma à Páscoa’ assume-se como um cartaz que pretende ser atractivo no sector do turismo religioso. Não é assim?
Este programa tem precisamente esse objectivo, afirmar Guimarães do ponto de vista turístico, cultural e patrimonial, numa época com grande significado religioso. Todo o programa é construído em torno destas premissas, com a inclusão do programa religioso, com articulação com as diferentes paróquias, irmandades e associações, com a visita ao nosso património cultural e religioso através da componente expositiva, e de um programa musical de elevada qualidade, muito direccionado para os grandes compositores de música sacra. A tudo isto somamos a nossa cultura e gastronomia, para mostrar o que de melhor Guimarães tem a quem nos visita nesta época.
Sente que o programa em si tem força para rivalizar com iniciativas vizinhas, mais notórias, que neste capítulo assumiram já uma característica mais global no Norte de Portugal – Galiza, por exemplo?
Guimarães tem vindo paulatinamente a posicionar-se no que toca à oferta deste período. Há um grande crescimento e qualificação da oferta, procurando corresponder a essa notoriedade esperada. Sabemos que há cidades que têm nesta época a sua principal prioridade, algo que não é a nossa realidade, dado que Guimarães procura ter vários momentos ao longo do ano com essa intensidade.
“O trabalho em rede entre o Município e os diferentes parceiros, pode ainda ser aprofundado.”
O que pode enriquecer ainda mais este programa, enquanto iniciativa âncora desta incursão no chamado turismo religioso?
O trabalho em rede entre o Município e os diferentes parceiros, pode ainda ser aprofundado, robustecendo e qualificando o programa com iniciativas privadas, particulares, associativas e religiosas. A forma como todos sejam capazes de envidar esses esforços e envolver a comunidade na sua construção, será a chave para o sucesso. A decoração das igrejas, a grandiosidade das procissões ou o envolvimento da restauração e comércio podem ser incrementos interessantes.
Este Quaresma à Páscoa tende a ser mais regional e menos local, é isso que se pretende e ou é possível?
As últimas edições têm mostrado essa capacidade de ser regional, e até nacional. À medida que o programa cresce qualitativamente, é expectável que continue a evoluir a sua afirmação.
E como evoluirá?
Pretendemos continuar a expandir a afirmação nacional, bem como reforçar a presença no público espanhol.
Como se explica a junção do Festival Internacional de Música Religiosa neste programa?
A igreja católica sempre foi um elemento chave no desenvolvimento cultural, ao longo de séculos. A música não só não é excepção, como é um dos seus maiores expoentes. Num programa cultural e turístico como este, numa cidade Capital Europeia de Cultura, é uma simbiose natural. Temos procurado, com o trabalho das direcções artísticas e do Conservatório de Música de Guimarães, dar uma dimensão qualitativa superlativa a este projecto. Julgo que temos sido bem sucedidos.
E os fins-de-semana gastronómicos, adequam-se melhor a este período pascal?
Este ano decidimos enquadrar esta iniciativa neste período. Sabemos que é uma época de maior procura turística, e por isso associamos um momento de mostra da nossa gastronomia, algo que nos distingue, e valoriza a nossa oferta.
Porquê associar apenas o caldo verde, o bacalhau racheado a esta iniciativa regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal?
A iniciativa é exactamente a escolha de um prato, durante o fim-de-semana. Essa foi a nossa escolha, alinhado com a cozinha regional e os produtos endógenos na sua confecção.
E o pão-de ló, Guimarães é terra deste doce?
É um dos doces de Guimarães constantes da compilação feita pela doutora Isabel Fernandes.
Esta será, supostamente, a sétima edição deste programa. Que balanço faz desde a sua instituição em 2017?
É um programa que acrescenta à oferta turística. Não entendemos que seja algo que mobilize oferta turística por si só, daí ter sido direccionado para um fim-de-semana em que a procura cresce, acrescentando valor a quem nos viste.
Que impactos sente possa ter tido no passado?
A afirmação da nossa gastronomia e a vontade de cá voltar, para provar mais…
E os que julga pode ter no futuro?
O trabalho em torno da gastronomia local tem ainda muito para explorar. O nosso foco passa pela afirmação dos produtos endógenos, da sua sazonalidade, e de toda a cadeia de valor da produção ao prato. Este projecto será um de vários a continuar a desenvolver.
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