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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

“Engenhocas” distinguida com prémio jovem biofísico 2021

O pai de Ana Rita Araújo, já a tratava por esta alcunha, com carinho familiar evidente, como que adivinhando o futuro e a distinção agora atribuída pela Sociedade Portuguesa de Biofísica.


A investigadora Ana Rita Araújo do Grupo de Investigação 3B’s (I3Bs), da Universidade do Minho foi reconhecida pela descoberta de um composto da cortiça que pode ajudar a combater a doença de Alzheimer.

Com 34 anos, esta investigadora vimaranense, natural da freguesia de Sande S. Martinho, do Grupo de Investigação 3B’s da Universidade do Minho, foi galardoada pela Sociedade Portuguesa de Biofísica com o Prémio Jovem Biofísico 2021. 

O artigo “Vescalagin and castalagin reduce the toxicity of amyloid-beta42 oligomers through the remodelling of its secondary structure” foi o vencedor do concurso que premiou trabalhos de investigação realizados em 2020. O estudo da aluna doutorada em Engenharia de Tecidos, Medicina Regenerativa e Células Estaminais foi desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento orientada pelo professor catedrático Rui Luís Reis e pelo investigador Ricardo Pires.

© Direitos Reservados

Ana Rita Araújo é a mais nova de três irmãos. Criada na aldeia de Sande S. Martinho, encostada à vila das Taipas, a agora investigadora recorda uma infância livre à responsabilidade da avó. Todos lhe notavam a alegria e criatividade que punha nas brincadeiras ao ponto de se comparar ao Martim Manhã (Martin Matin na versão original), uma série francesa de desenhos animados em que todas as manhãs, o pequeno Martim de apenas nove anos vive diferentes aventuras.

Ana Rita viveu todas as personagens e só tardiamente descobriu o gosto da investigação. “Tive muita dificuldade em escolher o meu percurso universitário quando terminei o secundário. Gosto muito de ler e escrever mas nunca me afastei das ciências”, revela. Acabou por tirar engenharia química no Instituto Superior do Porto. O curso acabou por corresponder às expectativas.

“Não tenho a ambição de fazer parte de outro laboratório porque sei que os 3B’s não ficam atrás de nenhum. Estou mesmo realizada…”

Actualmente é investigadora no Grupo de Investigação 3B’s da Universidade do Minho onde se sente profissionalmente realizada, “não tenho a ambição de fazer parte de outro laboratório porque sei que os 3B’s não ficam atrás de nenhum. Estou mesmo realizada”, admite.

“Os compostos naturais que podem ser extraídos da cortiça têm capacidade de remodelar proteínas com potencial patogénico…”

Esta investigação que lhe mereceu o reconhecimento começou em 2015, mas está ainda numa fase inicial, embora a cientista assuma que “este pode ser o primeiro passo para uma descoberta importante no combate ao Alzheimer”, apesar de ainda não ter sido testado em modelo animal. Essa será a fase seguinte do projecto, “é preciso entender, num nível mais biofísico, como podemos inibir a agregação deste peptídeo, quais são as estratégias que podemos usar e que estes compostos são bioactivos nestas condições. Isto faz com que seja uma descoberta relevante para a área”, acrescentou Ana Rita Araújo que explica ainda “que os compostos naturais que podem ser extraídos da cortiça têm capacidade de remodelar proteínas com potencial patogénico como é o caso da amyloid-beta42”. Segundo a investigadora, a presença no cérebro desta proteína, aumenta a probabilidade do paciente vir a desenvolver esta patologia.

A investigadora do I3Bs vai apresentar o estudo em meados de Junho, via Zoom, no congresso da Sociedade Portuguesa de Biofísica que irá decorrer em Coimbra.

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