Opinião de: José António Carneiro – Arciprestado de Fafe (Paróquia de Fafe/Santa Eulália e Paróquia de Fornelos/Santa Comba)
A morte do Papa Francisco no dia a seguir à Páscoa e em plena Oitava Pascal deixa um sentimento de esperança e de gratidão. Até mais do que a tristeza, ainda que também exista, porque é indiscutível a ligação umbilical que todos fomos desenvolvendo com o Santo Padre, desde abril de 2013.

Com a exceção dos opositores que não acolheram as reformas que o Santo Padre, e bem, quis introduzir, na senda dos seus predecessores, ninguém fica indiferente a este homem bom, genuíno, simples, sorridente, um sonhador que foi chamado por Deus, lá do fim do mundo, para guiar a difícil barca que é a Igreja, em tempos turbulentos e sempre incertos. Francisco – o seu inédito nome escolhido – foi um “restaurador” da esperança para a Igreja, mas também para a Humanidade, aproximando-se como ninguém de todas as periferias existenciais.
O Pontificado de Francisco foi uma abundante sementeira de esperança. Ainda na homilia desta Vigília Pascal o escreveu: “Toda a nossa vida pode ser uma presença de esperança. Queiramos sê-lo para aqueles que não têm fé no Senhor, para quem se perdeu pelo caminho, para os que desistiram ou estão curvados sob o peso da vida, para quem está sozinho ou fechado na própria dor, para todos os pobres e oprimidos da Terra, para as mulheres humilhadas e assassinadas, para as crianças maltratadas e para aquelas que nunca nasceram, para as vítimas da guerra. A todos e a cada um levemos a esperança da Páscoa!”.
Foram inúmeros os gestos de esperança real e concreta (não abstrata) que marcaram a vida de Francisco. Quem possa ler a sua biografia, recentemente publicada, ali encontrará tantos e tantos exemplos por ele narrados.
Na hora da sua Páscoa, resta-nos a gratidão profunda, mas também o compromisso firme e responsável da continuidade do seu legado.
“Talvez aquilo que todos devamos a Francisco seja mesmo sermos mais pessoas de esperança.”
Gratidão pelo que foi e pelo que nos ensinou a ser, sempre ao jeito de Jesus. Talvez aquilo que todos devamos a Francisco seja mesmo sermos mais pessoas de esperança, conjugando melhor as palavras evangélicas como misericórdia, humildade e acolhimento.
Mas a luminosa vida de Francisco pode e deve ser inspiração e prolongar-se nos nossos gestos e no nosso modo de viver em Igreja e também em sociedade.
Talvez a genuína espontaneidade de Francisco nos faça falta. Mas comece cada um a ser, por si próprio, mais simples, mais fraterno, mais amigo, mais humilde, mais acolhedor, mais respeitoso, mais humano, mais cristão.
Tenho esperança que a esperança de Francisco não cai em terreno pedregoso, nem à beira do caminho, nem entre espinhos, mas na boa terra dos homens e mulheres de boa vontade que somos.
Devemos isso ao Papa Francisco!
Que descanse agora no abraço de Deus depois de uma vida longa a abraçar todos, todos, todos.
Foto © Vatican News
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