“Quem é Tiago Mendes?” foi a pergunta que os sócios do Vitória interiormente fizeram quando tentavam perceber quem era o substituto de Ivo Vieira no comando técnico para a nova época. Por “Tiago”, provavelmente, poderia ser mais facilmente reconhecido, mas nenhum treinador se chama Tiago. Tem de ter apelido! Com o sobrenome, poucos o identificaram. Como se o nome fizesse, a priori, um treinador ou garantisse, antecipadamente, logo três pontos.
Tiago Mendes é, pois, o treinador do Vitória até 2022. Mais do que isso. Tiago Mendes é o primeiro técnico escolhido por Miguel Pinto Lisboa, que esta semana completou um ano de liderança na presidência do Vitória. A decisão é arrojada, temerária, arriscada, provavelmente, poucos a tomariam! As eleições foram há um ano, mas o novo ciclo, sob a égide de Pinto Lisboa, começa verdadeiramente agora.
Com 39 anos, o Vitória terá o mais jovem treinador de sempre a orientar a sua principal equipa de futebol. Sem experiência. Ainda sem curso. Mas com um capital de sabedoria acumulada por quem foi treinado por José Mourinho, Claudio Ranieri, Gérard Houllier ou Diego Simeone – nomes sonantes do futebol mundial que tiveram de governar balneários, contornar sensibilidades, encarreirar amuos, administrar táticas ou gerir estados de alma.
“Mourinho abriu-lhe as portas do estrangeiro. Simeone viu nele um dos homens de confiança para o seu balneário…”
Mourinho abriu-lhe as portas do estrangeiro. Simeone viu nele um dos homens de confiança para o seu balneário, ao entregar-lhe a braçadeira de capitão do Atlético de Madrid e, mais tarde, ao convidar-lhe para seu adjunto na equipa técnica. Tiago não tem experiência enquanto treinador, é um facto! Mas tem ambição e está habituado às exigências.
Quantos treinadores, com experiência, teve o Vitória? Quantos títulos estão na sala de troféus do Afonso Henriques? O mesmo estádio onde Tiago, em pleno relvado, viu sorrir, pela última vez, Miklos Fehér. E que, agora, fora do campo, naquele mesmo recinto, viverá um dos momentos que marcará o seu percurso desportivo: a estreia no banco na condição de treinador.
Há que apostar na mudança de mentalidades, na falta de experiência, dar oportunidades. Acredito que será uma boa surpresa. Que terá a solidariedade dos jogadores. E dos sócios! Depois, há a vontade em conquistar a aceitação dos adeptos. Que não será fácil, mas que poderá torná-lo mais humilde nas decisões e criar (a fundamental) empatia.
Que ninguém duvide que, hoje, Tiago Mendes está com vontade, entusiasmo, energia. Vontade de se afirmar como o “puto” maravilha da nova vaga de treinadores. Entusiasmo característico de quem vai querer preparar-se como ninguém para uma prova de fogo como a que abraçou. Energia reforçada que sentirá do… 12º jogador! Nós. Há quem diga que vai ter a sorte de principiante. Que assim seja. Seremos uns sortudos.
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