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Quarta-feira, Maio 8, 2024
Catarina Sousa
Catarina Sousa
Natural de Guimarães. Estudante do Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão Industrial na Universidade do Minho. Deputada suplente da Câmara Municipal de Guimarães pela CDU. Membro do MDM (Movimento Democrático de Mulheres).

Será que ainda vale a pena ingressar no ensino superior?

Perante a dificuldade dos jovens recém-formados em encontrar emprego na área de formação, levanta-se cada vez mais a questão “Será que ainda vale a pena ir para a universidade?”

No final do ensino secundário os jovens são confrontados com esta difícil questão e, cada vez mais, os jovens se questionam sobre o valor de um curso superior.

Verificando que existem cada vez mais recém-formados desempregados e que as condições oferecidas são cada vez piores, segundo o expresso o salário de um recém-licenciado no final de 2019 era em média de €726 líquidos por mês, menos 18,2% em termos reais face a 2008. Relembrando que estas condições têm sido agravadas com a atual situação pandémica.

Os jovens avaliam os custos que a entrada na universidade apresenta, que incluem desde o pagamento da propina, equipamentos tecnológicos, livros, deslocações, entre outros, já para não falar dos alunos deslocados, onde são acrescidos custos de arrendamento. O Relatório CESTES 2 (sobre os Custos dos Estudantes do Ensino Superior Português) aponta que os custos dos estudantes do ensino superior português são por ano 5.826 euros no ensino público. Quase 10 salários mínimos por ano. Situação agravada para os estudantes deslocados. De acordo com o estudo referido, um estudante deslocado da sua residência no interior tem de fazer face, em média, a encargos de mais 1.771 euros em despesas correntes do que um que não estivesse deslocado.

Assim, confrontados com a esta realidade, cada vez mais jovens ponderam não ingressar no ensino superior, uma vez que não vêem vantagem em investir tanto dinheiro ou até mesmo colocar as famílias em situações económicas complicadas para acabar a num emprego não qualificado ou, mesmo que consigam emprego na sua área, continuarem a receber salários baixos. E para quem possa pensar que isto acontece em “cursos sem saída” ou instituições de ensino menos prestigiadas, a verdade, é que estes cenários são cada vez mais transversais.

O ensino tem um papel crucial não só no desenvolvimento do indivíduo dotando-o de ferramentas para a sua emancipação, mas também no papel que ele desempenhará na sociedade…

Mas então qual é o veredito final? Na minha opinião todos os jovens devem ingressar no ensino superior. Primeiramente porque o ensino é um direito. Além disso, o ensino tem um papel crucial não só no desenvolvimento do indivíduo dotando-o de ferramentas para a sua emancipação, mas também no papel que ele desempenhará na sociedade. Ainda, é através do ensino que as sociedades evoluem em todos os aspetos, desde culturais e tecnológicos.

Contudo, para que os jovens sejam capazes de ingressar no ensino superior, é urgente que o governo implemente medidas de apoio aos estudantes, nomeadamente, a abolição da propina, o aumento das bolsas de estudo, a eliminação de taxas e emolumentos e um plano extraordinário de alojamento temporário para estudantes no ensino superior público. Ainda, é necessário que o governo procure intervir contra a precariedade, salários baixos e desemprego da camada mais jovem.

© 2020 Guimarães, agora!

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