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Quinta-feira, Novembro 21, 2024
Eduardo Fernandes
Eduardo Fernandes
Vimaranense de gema, licenciado em Engenharia e Gestão Industrial pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto e Pós-graduado em Economia Industrial e da Empresa pela Escola de Economia e Gestão da UMinho. De momento a trabalhar na área financeira num dos maiores bancos do mundo. Verdadeiramente apaixonado por um bom tour de fim de semana pelos recantos gastronómicos e culturais vimaranenses.

Regular os influencers

Caro/a leitor/a,

Convém desde já, até porque o título pode ser enganador, fazer o disclaimer acerca da minha opinião sobre a censura da partilha de determinada informação nas redes sociais: não sou a favor.

Dito isto, podemos começar com o assunto que me leva a escrever hoje e que me parece que grande parte dos países do mundo ocidental está a desprezar: a profissão de influencer. A definição de influencer é a seguinte: que ou quem influencia ou tem alguma espécie de influência sobre algo ou alguém1. É óbvio que, na sua forma mais pura, os influencers sempre existiram. O que também é óbvio é que com a evolução das tecnologias e, como consequência disso, da maneira como obtemos informação e tomamos decisões, os/as influencers ganharam uma relevância no dia a dia das comunidades, de todas as comunidades sem exceção, que nunca tiveram.

Dos mais novos aos mais velhos, todos/as seguimos/acompanhamos através das nossas contas nas redes sociais os/as mais variados/as influencers das mais variadas áreas. Se efetivamente é muito útil para acompanhar receitas de culinária, dicas de decoração de interiores e/ou novas técnicas tecnológicas ou desportivas, também há muita informação maliciosa e enganadora a circular pela internet e a ser exponenciada de forma propositada e diga-se, de forma propositada, por estes novos líderes das comunidades de cibernautas.

São inúmeros os casos em que as comunidades que seguem estes influencers ficam defraudadas ou são mesmo fraudadas pelos produtos que estes promovem.

É importante que se perceba que os influencers ganham o seu “vencimento” através da publicação/partilha de informação através das suas redes sociais e que a realidade é que, em muitos casos, não é feito nenhum tipo de controlo/investigação por parte destes novos profissionais sobre os produtos e/ou informações que partilham. São inúmeros os casos em que as comunidades que seguem estes influencers ficam defraudadas ou são mesmo fraudadas pelos produtos que estes promovem. E, se isto parece não ter importância, a realidade é que quando falamos da promoção de casas de jogo online ilegais, produtos financeiros não regulados ou até produtos de saúde não aceites em Portugal, a questão ganha outra dimensão.

A discussão sobre legislar esta profissão já está em cima da mesa em diversos países, sendo que é França que tem liderado a discussão. O ministério da Economia francês criou uma plataforma online para recolher contributos de forma a criar um código de boa conduta para os influencers como porta da entrada à legislação sobre os seguintes assuntos: definição de influencer, definição de agente de influencer, proibição da promoção de determinados produtos e/ou serviços, obrigações contratuais reforçadas para influencers, agências de influencers, redes sociais e marcas, lançamento de um sindicato para esta profissão bem como um papel reforçado para as autoridades de supervisão e uma revisão sobre leis de propriedade intelectual.

Não é, de facto, um assunto sexy, mas acredito que será muito útil ter esta base bem definida para proteger a evolução das comunidades modernas.

1- Que ou quem influencia ou tem alguma espécie de influência sobre algo ou alguém “influenciador”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/influenciador [consultado em 07-02-2023].

© 2023 Guimarães, agora!


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