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Sexta-feira, Novembro 22, 2024
Miguel Leite
Miguel Leite
Natural de Guimarães, fisioterapeuta licenciado, com mais de 10 anos de experiência profissional, tendo já tido várias experiências profissionais (meio hospitalar, clínica, ensino especial em escolas e meio desportivo/desporto de alta competição). É também pós graduado em fisiologia do exercício e fisioterapia cardiorrespiratória. Têm outras formações complementares relacionadas com a sua profissão. Faz parte dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, pertencendo desta forma ao atual corpo ativo da corporação vimaranense.

“Prevenir é responsabilizar”

Expressões como “prevenir é o melhor remédio” ou “é melhor prevenir que remediar”, engloba os tão famosos provérbios populares que acompanham a evolução humana ao longo dos anos, sem nunca, porém, haver uma quebra na sua génese. Se nos depararmos com o nosso dia a dia, constatamos que somos convidados, de forma muitas vezes inconsciente, a adotarmos medidas ditas preventivas em todas as atividades de vida diária, como sendo a higienização oral, a utilização de cinto de segurança, o atravessarmos nas passadeiras, o realizarmos a reciclagem através do uso de ecopontos, entre outras centenas de situações semelhantes. Ao transportarmos estes exemplos para uma vertente de intervenção na prevenção de lesões, na prática de uma qualquer modalidade desportiva, rapidamente verificamos que para garantirmos sucesso na implementação de certos princípios é necessário a participação ativa de todos os agentes desportivos.

A prevenção encontra-se centrada em três tipos, como sendo, prevenção primária (engloba medidas que previnam o aparecimento da lesão e controlo ou eliminação dos fatores de risco), prevenção secundária (já com a ocorrência da lesão, a realização de um correto diagnóstico e respetivo tratamento adequado até à “cura completa”) e a prevenção terciária (evitar processos de recidiva e consequente integração plena do atleta na sua atividade desportiva). Parte do sucesso desta tão nobre temática (e depois de uma abordagem vital e de sensibilização junto dos elementos diretivos de uma determinada instituição desportiva) inicia desde logo com o papel do treinador junto do seu grupo de atletas (saber “responsabilizar” o treinador e atleta dos riscos inerentes a certos comportamentos), passando pelos distintos tipos de personalidades dos atletas (responsabilidade vs não responsabilidade), não esquecendo a identificação dos fatores de risco inerentes à prática de qualquer atividade desportiva (intrínsecos, extrínsecos e específicos) que têm que ser criteriosamente avaliados.

Não é demais insistir na importância da realização do exame médico desportivo (de carácter obrigatório) que antecede a prática de exercício físico, seja ela de carácter lúdico ou profissional, e que só com a sua realização (que visa uma abordagem multidisciplinar), estamos a evitar o aparecimento de situações potencialmente graves a curto prazo e que muitas vezes são desconhecidas para o próprio atleta até então. A prevenção visa um processo todo ele complexo e multimodal, mas primordial na manutenção da integridade física, cognitiva e social do atleta. Saber responsabilizar os seus intervenientes (diretos e indiretos), independentemente do seu procedimento ilustrativo é contribuir para que daqui a uns anos a prevenção seja instituída de uma forma automática e totalmente integrativa de sucesso no mundo desportivo. A prevenção de lesões tem que passar obrigatoriamente por uma mudança de paradigma, em que não chega somente seguir um guia de exercícios corretivos, mas sim contemplar uma abordagem multisegmentar com consequente união de todos os agentes desportivos em resposta a tudo o que engloba a prática desportiva.

© 2019 Guimarães, agora!

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