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Guimarães
Quinta-feira, Novembro 21, 2024
Miguel Leite
Miguel Leite
Natural de Guimarães, fisioterapeuta licenciado, com mais de 10 anos de experiência profissional, tendo já tido várias experiências profissionais (meio hospitalar, clínica, ensino especial em escolas e meio desportivo/desporto de alta competição). É também pós graduado em fisiologia do exercício e fisioterapia cardiorrespiratória. Têm outras formações complementares relacionadas com a sua profissão. Faz parte dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, pertencendo desta forma ao atual corpo ativo da corporação vimaranense.

Na linha vermelha

Desde a decisão inicial sobre a escolha do campeonato do mundo de futebol no Catar, que muitas vozes se levantaram contra, desde logo sobre a violação dos direitos humanos na construção dos estádios e todos os supostos interesses de circuitos económicos de grandes empresas em torno do evento nesta localização.

Um dos fatores que foi colocado várias vezes em cima da mesa foi o clima, principalmente pelas suas características quentes e áridas e as consequências que poderiam advir para a performance desportiva de todos os atletas envolvidos.

Verificamos que houve um cuidado na escolha dos meses de realização do torneio, dos horários dos jogos e na criação de infraestruturas capazes de proporcionar um clima mais adequado para a prática desportiva.

Em termos fisiológicos, o aumento de temperatura corporal ocasionado por um tempo quente, leva a uma necessária transpiração que é uma resposta natural do corpo para que exista uma termorregulação e consequente homeostasia.

Muitas vezes a existência de ambientes extremos, neste caso, com temperaturas elevadíssimas leva a uma hipertermia do atleta, o que pode promover um quadro de desidratação complexo condicionando a possível falência orgânica de vários sistemas, órgãos e tecidos podendo envolver o cérebro, o coração e diversas estruturas musculares.

As particularidades de cada indivíduo devem ser sempre avaliadas previamente, em contextos de avaliações periódicas, junto de equipas multidisciplinares diferenciadas, integrando sempre o indivíduo em contextos de treino de forma a preparar o mesmo para diferentes cenários, principalmente em ambientes hostis.

A ingestão continua de líquidos (água, eletrólitos e isotónicos) durante o exercício prolongado em ambientes quentes e secos atenua e previne estados sérios de deterioração dos sistemas corporais e diminui as consequências para a performance do atleta.

Sujeitar o nosso corpo a um stress fisiológico mantido no tempo, poderá fazer disparar os nossos “sistemas de segurança”.

É fundamental ter a consciência que sujeitar o nosso corpo a um stress fisiológico mantido no tempo (exercícios sub-máximos e máximos), poderá fazer disparar os nossos “sistemas de segurança” de forma a poder responder com eficácia a agentes agressores externos, sendo que, a nossa bomba cardíaca e o nosso cérebro terão respostas metabólicas próprias mas apenas durante um tempo limitado.

Não esquecer que existem fatores periféricos também importantes (estruturas nervosas, vasculares e musculares) na resposta a um momento de exaustão que poderá surgir se a exposição a momentos longos de endurance persistir.

O aparecimento de um estado de fadiga é um fenómeno complexo, pela quantidade de processos fisiológicos que o mesmo envolve até chegar à instalação da mesma. Todo o esquema neuronal que controla todas as diferentes respostas metabólicas do nosso corpo vai ter sempre diferentes implicações, sabendo que a preparação de cada indivíduo e as suas características individuais mesmo que expostos ao mesmo nível de stress ambiental terá diferentes consequências.

Quando a intensidade e duração do exercício vão aumentando, o cérebro, as estruturas musculares e o fluxo sanguíneo são gradualmente comprometidos, mecanicamente associado com um aumento da atividade vasoconstritora periférica, retorno venoso suprimido e enchimento cardíaco que, em última análise, prejudicam o débito cardíaco (trabalho cardíaco).

Importante não esquecer que o défice de oxigenação a nível cerebral pode ocorrer também na exposição a ambientes quentes durante a realização de exercícios de alta intensidade.

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