E à segunda ainda não foi de vez. Talvez numa terceira. Não sei se ainda vai a tempo de uma quarta. (In)felizmente temos eleições autárquicas em setembro/outubro de 2025.
Começa a parecer demasiado evidente que esta Câmara Municipal precisa do título de “Capital Verde Europeia” para ter algo a apresentar aos vimaranenses neste mandato. Já o tinha sido no anterior, mas agora torna-se demasiado evidente a urgência por um legado a deixar.
Apesar de um reconhecimento europeu ser um excelente prémio pelo trabalho desenvolvido pelo município, é muito pouco deixar que este seja o objetivo único do último mandato de Domingos Bragança.
Tivemos um bom exemplo no passado, o reconhecimento da “Capital Europeia da Cultura” proporcionou à cidade uma afirmação cultural que ainda hoje é referência a nível nacional. Pode até dizer-se que marcou e continua a marcar a vida do concelho.
A receita funcionou no passado, atualmente está seriamente em risco. Hoje, reconhecer o esforço pelo ambiente, pela transição energética em Guimarães parece-me evidentemente curto.
Se olharmos para a mobilidade, 71.7% dos residentes utiliza regularmente o automóvel particular, com apenas 11.2% utiliza o transporte rodoviário coletivo. Apesar de possuirmos uma estação ferroviária (ainda que mal servida em horários e em ligações) só é utilizada por 0.7% dos residentes.
A cidade está mal servida de infraestruturas para a mobilidade suave, até o próprio centro urbano.
Sim, porque marcar umas bicicletas a tinta branca no alcatrão ou na calçada não passa, para mim, de um exercício de decoração das estradas. As ciclovias, nas grandes ligações à cidade, são inexistentes. Ou seja, não há alternativa suave para uma deslocação ao centro.
Por outro lado, insiste-se em soluções muito pouco verdes, como a via do AvePark.
Mas pode ainda falar-se na inexistência de uma praia fluvial classificada, o que atesta falta de infraestruturas ao longo dos principais cursos de água, para além da fraca qualidade da própria água. As que existem em localidades mais periféricas encontram-se esquecidas pelo município.
Existem, apesar de tudo, também boas iniciativas. A preocupação com a educação ambiental, a formação de brigadas verdes. No entanto, o estímulo à realização de ações de carácter “verde” não é suficiente para mobilizar as juntas de freguesia e a própria população e fazer a diferença no território.
Na minha modesta opinião, tudo isto contribui para o insucesso das candidaturas a “Capital Verde Europeia”, porque Guimarães não se distingue neste campo em relação a outros municípios. Por certo, todos os vimaranenses ficariam muito felizes com o galardão, mas mais ficávamos com a resolução das prioridades de vida que dão qualidade aos cidadãos – economia, habitação, saúde e educação.
Perante todas as dificuldades do concelho de Guimarães, como seja um frágil tecido económico, a incapacidade de captação de grandes empresas, a perda de população, ou a progressiva perda de centralidade são muitos os temas que deveriam estar na ordem do dia. Mas que atualmente se encontram ofuscados pela governação.
Chegados a este ponto, fico com a sensação da falta de liderança na Câmara Municipal. Talvez, um presidente cansado e em final de mandato. Mas não deixo de estranhar a falta de dinâmica da restante vereação.
A estratégia será uma nova candidatura a “Capital Verde Europeia”, para 2026. Maquilhada de verde, a cidade procura esconder todo o cinzento que marca o dia dos vimaranenses.
Resta saber se à terceira é de vez.
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