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Guimarães
Quinta-feira, Outubro 10, 2024
Paulo César Gonçalves
Paulo César Gonçalves
Nasceu em Guimarães, voltado para o Castelo da Fundação, e, até ver, está vivo.

12-02-VX

Esta é minha primeira crónica para o Guimarães, agora!. Pensei dedicá-la ao meu Cão, mas ficará para uma altura mais oportuna (e elevada, que Ele merece). Em contrapartida, abordarei um assunto que, parecendo que não, é do interesse de muitas pessoas.

Acontece que sou morador do Centro Histórico de Guimarães, essa espécie em vias de extinção.

A minha estreia, ressalve-se, não foi auspiciosa: junto à porta da Alfândega, mesmo ao lado do histórico Milenário, um dos pilaretes que se escondem nas entradas para o espaço dentro das muralhas abalroou, sem apelo nem agravo, a minha viatura. O que julgava ser inédito é, afinal, prática comum.

A entidade que gere esta estranha forma de boas-vindas desculpa-se com a existência de um seguro…

Disseram-me, várias testemunhas, que são já às dezenas (talvez centenas), prática de destruição de propriedade alheia que continua impune. Inclui, igualmente, lesões físicas e algumas hospitalizações. A entidade que gere esta estranha forma de boas-vindas (porque há turistas a padecerem da falta de aviso e sinalização em conformidade, uma vez que um semáforo intermitente deve estar antes do perigo, e não em cima dele; a sinalização estática é enganosa) desculpa-se com a existência de um seguro (que é capaz de omitir, à descarada, a verdade). A fé destes agentes reside na desistência por parte dos queixosos. Quando alguém vai mais longe, como foi o meu caso, o prego vira: afinal, para além da destruição (e do assumir dos custos), ainda se é notificado para pagar o arranjo do agressor.

Quando, por alguma razão, os apanhados na armadilha forem pessoas em cadeiras de rodas, ou um carrinho de crianças em idade de colo, porque os passeios não convidam a muito mais do que um pedestre, talvez alguém acorde, tarde, da letargia impune.

Guimarães é exemplo em várias áreas: o acesso ao centro histórico não é, definitivamente, uma delas.

Até quando?

Alguém assumirá, vez alguma, responsabilidades? Se sim, é preciso que se saiba do quê e por que razão.

NOTA: poderia ainda debruçar-me sobre essa cooperativa que se auto-elogia, mas ficará para uma próxima. Depois do meu Cão, se possível.

© 2021 Guimarães, agora!


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