As obras multiplicam-se no verão – requalificações, empreitadas, fornecimentos, serviços. E com elas, surgem dezenas de concursos públicos lançados por autarquias, escolas, juntas de freguesia e outras entidades. Para muitos empresários, é uma oportunidade. Mas para outros, pode tornar-se num pesadelo jurídico. Tudo depende de uma palavra-chave: prevenção.
A contratação pública, ao contrário do que se pensa, não se resume à adjudicação. O procedimento envolve fases exigentes: consulta prévia, análise do caderno de encargos, cumprimento de critérios legais, propostas bem estruturadas e, depois da adjudicação, um contrato que tem de ser executado com rigor. É aqui que surgem muitos dos conflitos.
Do lado da entidade pública, os riscos passam por erros nos prazos, cláusulas mal definidas ou critérios de adjudicação que não respeitam a legalidade. Já do lado dos fornecedores e empreiteiros, o maior perigo é assinar “de cruz”, sem perceber as obrigações que assumem – incluindo penalizações por atraso, garantias bancárias ou responsabilidades adicionais que não estavam previstas no momento da candidatura.
Num tempo de maior circulação de fundos comunitários e adjudicações aceleradas, é comum encontrar contratos que pecam por excesso ou por omissão. E quando há litígios, as consequências não são apenas financeiras: incluem inibição de contratar com o Estado, responsabilidade disciplinar dos decisores públicos e perda de confiança entre as partes.
Na QUOR, temos assistido a situações em que um parecer jurídico antes da assinatura teria evitado longas disputas administrativas ou judiciais. Saber se o concurso respeitou a legislação, se a adjudicação pode ser contestada, ou se há base para rescisão contratual é uma questão técnica – mas também estratégica.
“A Lei dos Contratos Públicos prevê mecanismos claros de contestação e reposição da legalidade.”
Por outro lado, nem sempre os fornecedores sabem que têm direito a impugnar decisões injustas ou a ser indemnizados por erros da entidade pública. A Lei dos Contratos Públicos (Código dos Contratos Públicos – CCP) prevê mecanismos claros de contestação e reposição da legalidade. Mas os prazos são curtos, e o silêncio pode ser lido como aceitação tácita.
Empreiteiros, prestadores de serviços, autarcas e técnicos administrativos partilham uma responsabilidade comum: garantir que os contratos públicos não são apenas oportunidades – mas compromissos justos e juridicamente sustentáveis.
Com a aproximação do verão e o aumento das adjudicações, é o momento certo para reforçar a literacia contratual e proteger o interesse público e privado. Um contrato bem feito começa antes da assinatura – com conhecimento, análise e responsabilidade.
© 2025 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.


