A Cervejaria Martins está a comemorar 70 anos de existência, um estabelecimento para figurar nos “Lugares com História” em Guimarães como o templo da cerveja.
Os irmãos Damião e Júlio marcam a continuidade familiar, de um estabelecimento fundado pelo seu pai.
Mas a Cervejaria é mais que um lugar de comes e bebes. É um lugar tradicional ligado à história do Vitória – onde se juntam adeptos e sócios – e também um local onde se evidencia o bairrismo e o vimaranensismo ligado às causas que Guimarães defende.
Outrossim, a Cervejaria Martins é um local icónico da cidade que agrada a muitos estrangeiros, não apenas pela sua cerveja como pelo menu de pratos que prepara adequado a vários gostos e paladares. A esplanada que se estende sobre o largo do Toural tornou-se um espaço de estar e de encontro diário onde se misturam locais, visitantes e estrangeiros, o que lhe pode render o título onde mais se nota o cosmopolitismo da cidade.
Hoje, recordam-se as origens da Cervejaria Martins, quando, em 1951, a pequena e “velha mercearia do Júlio” já recebia os jogadores o Vitória e se ergueu o espaço que se conhece e que manteve a venda de cerveja ao copo até aos dias de hoje.
“A Cerveja vinha de comboio e íamos buscá-la à estação, em barris de 30 litros”, recordam Júlio e Damião Martins, irmãos e sócios na Cervejaria com muita história para contar na história de Guimarães.
“O camião do fornecedor veio descarregar aqui directamente e os próprios dinamarqueses ajudaram a tirar os barris.”
Júlio e Damião recordam como “dentro destas paredes sempre se celebraram grandes vitórias futebolísticas”. Relembram “a subida do Vitória à primeira divisão, e um célebre jogo entre o clube da terra e outro da Dinamarca onde a cerveja esgotou. O camião do fornecedor veio descarregar aqui directamente e os próprios dinamarqueses ajudaram a tirar os barris”.
A Cervejaria Martins foi em tempos o “Tribunal” dos grandes críticos de futebol e da sociedade em geral, algo muito positivo – e não negativo – pelo seu sentimento cívico e envolvência dos cidadãos na discussão de assuntos da terra.
“Mudaram-se os tempos, mas a vontade de fazer mais e melhor permaneceu e hoje, para além da cerveja sobejamente idolatrada, também os petiscos merecem destaque” – reconhecem os irmãos Martins, já com direito a lugar na história da Cervejaria, a par do seu pai Júlio Martins.
Como “templo” de gastronomia, a Cervejaria Martins responde por um menu gostoso. Do marisco aos pregos do lombo, das francesinhas tradicionais ou em pão bijou, tudo é um verdadeiro delírio para o palato de uma generosa ementa que a casa apresenta. E sobre esta última, Damião Martins reforça ainda, “quem não conhece, julga que é apenas uma tosta mista, mas não é!”
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Com a tradição a manter-se numa verdadeira passagem de testemunho de geração em geração, recordam ainda o “jogo da moedinha”, um pequeno jogo de apostas com moedas, no qual o objectivo era pagar a despesa a quem ganhasse “um cafézinho, uma rodada de cerveja, mas nunca jogado a dinheiro”.
Passaram as modas, mas o fino a copo a bater no balcão, que há anos revolucionou os hábitos vimaranenses, prolongou-se pelas gerações. A herança de uma vida e um orgulho desmedido para quem viu este espaço crescer até aos dias de hoje.
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