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Domingo, Novembro 24, 2024

Educação e Cultura provocaram arritmia no coração da cidade

“Guimarães deu uma resposta muito positiva, enfrentando a Covid-19 com um conjunto de acções que se revelaram adequadas ao momento e ao contexto”, é a convicção de Adelina Pinto, vice-presidente da Câmara e vereadora da Educação e Cultura.

A sua memória regista “um tempo diferente, de preocupações, de dias muito trabalhosos”, confessa quando lhe perguntamos, que contas faria, hoje, sobre as respostas encontradas perante os problemas que a Covid-19 colocou à população.
“Preocupamo-nos muito, com os problemas que se iam detectando, um a um, ora económicos, ora sociais e até sanitários” – conta, como quem escreve um diário onde vai registando a rotina de cada dia, num ambiente fora do normal.

A preocupação básica, foi a de garantir tranquilidade, à medida, que o confinamento se ia acentuando e o medo do contágio se instalava. Março, Abril e Maio, ficam na história, como meses “atribulados, intempestivos”, em que os dias não tinham descanso, e urgia “ouvir a população”, para resolver os seus problemas. Era uma altura, em que “não havia tempo para pensar” pois a “vulnerabilidade das pessoas, exigia mais acção do que reflexão”. E de andar por aí, mesmo “em Domingo de Páscoa, tentando ajudar uma família com uma pessoa infectada”.

“Mandar para casa crianças, sem equipamentos tecnológicos ou ligações à internet, a meio de Março, foi uma preocupação enorme…”

À medida que o tempo passava, ficava a experiência e a aprendizagem. E regista. “Foi um tempo de crescimento, porque conheci mais gente, relacionei-me com as instituições, de forma diferente, sei mais do que sabia, de tantas coisas”.
Nas áreas específicas da Educação e Cultura que dirige, a vereadora também sentiu o abalo do vírus. “Mandar para casa crianças, sem equipamentos tecnológicos ou ligações à internet, a meio de Março, foi uma preocupação enorme” – afiança.

No horizonte, estava o ensino à distância para todos. Quando nem todos os alunos tinham modo de aceder a esse (novo) ensino, um modelo a que as escolas tinham de se adaptar rapidamente para não deixar nenhum aluno de fora e sem ocupação escolar e com um plano educativo adequado que não pecasse por excessivo. Eram problemas em catadupa, num cenário anormal, onde quase tudo era novo ou reformulado de experiências anteriores, como o de ensinar sem professores presentes, sem colegas de turma, num ambiente em que a sala de aula era virtual.

Nesta turbulência educativa em que se envolviam os pais, ganhou expressão a tarefa de prestar um leque de apoios diversos aos alunos e às famílias, graças a um grupo de gestores sociais do Município que assumiu essa função. Desde as refeições aos alunos até ao apoio psicológico prestado às famílias.

Escolas vazias só mesmo em tempo de férias. © Direitos Reservados

Paralelamente, na área da Cultura, o programa cultural desenhado para estes tempos, foi adiado, suprimido ou anulado, sobretudo aquele que seria apresentado no Centro Cultural Vila Flor. Para Adelina Pinto, anular contratos com artistas, não promover espectáculos, significava ter “uma cidade fechada, vazia, silenciosa, contrária à nossa norma”, metida numa “black box” de inactividade cultural, sem luz, sem actores, sem público.

A vereadora sentia que em duas áreas fundamentais da sociedade moderna – a educação e a cultura – Guimarães iria ter o seu coração apertado, com batidas mais lentas, uma arritmia na agitação da cidade, sem alternativas.
Mas a saúde pública precisava deste intervalo no frenesim da sua vida normal, mais agitado, um tempo de espera, que todos queriam que passasse depressa.

Todas as respostas ao impacto da Covid-19 no Município, tiveram um impacto financeiro anormal. As medidas adoptadas implicaram um gasto de dinheiro ainda não avaliado, até porque esta operação ainda está em curso. Há números avulsos e a certeza de que a expectativa de gastos de 1 milhão de euros já foi ultrapassada. Uma das causas liga-se à aquisição de computadores pessoais, no valor de 500 mil euros, que as escolas do concelho têm em seu poder para poder emprestá-los aos alunos, no próximo ano lectivo. Também o custo com equipamentos de protecção individual, apoios sociais, refeições, cabazes, testes, tudo junto farão disparar os números, no orçamento municipal.

© 2020 Guimarães, agora!

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