Desvio de doentes para Braga custa 6,3 milhões por ano.
A parceria entre o Estado e um grupo privado para a gestão do Hospital de Braga, foi sempre o entrave maior à entrada em funcionamento do Centro de Hemodinâmica do Hospital Senhora da Oliveira.
Uma vez que esse contrato cessou, o Ministério da Saúde tem agora a solução para a unidade do hospital vimaranense se integrar nas redes de referenciação hospitalar, do sistema público de saúde.
O presidente da Câmara foi a Lisboa falar com a Ministra da Saúde, e na reunião entre ambos, foi abordada a solução para que não adie por muito mais tempo a abertura do Centro de Hemodinâmica e a sua utilização pelo utentes.
Domingos Bragança, informou, na reunião da Câmara Municipal de 24 de Fevereiro, que um grupo de trabalho vai reformular a rede de referenciação hospitalar e estabelecer a forma como o Hospital de Braga e o Hospital Senhora da Oliveira podem cooperar de modo a que os cerca de 1200 doentes cardíacos, existentes em Guimarães, possam beneficiar dos serviços do Centro sem necessidade de se deslocarem a Braga.
A entrada em funcionamento do Centro de Hemodinâmica no HSO só ocorrerá depois de ser feita a parceria com o Hospital de Braga. Também por resolver está o financiamento do equipamento adquirido para este Centro, uma parte paga por mecenas (cerca de 2,5 milhões), outra por laboratórios médicos, e que não se enquadram na Lei dos Contratos Públicos, cujas regras de contratação são europeias.
Ora, as verbas recebidas dos mecenas não podem ser contabilizadas por falta de enquadramento legal, o que levará à anulação das operações com as quais foi feita a aquisição do equipamento, tal como o contributo de alguns laboratórios. O Estado terá agora de suportar, também, a diferença entre o valor do mecenato e o custo final dos equipamentos. Ninguém avançou, para já, prazos para a conclusão desta operação administrativa e financeira, nem para a abertura do Centro no hospital em Guimarães.
Uma coisa é certa: com este equipamento, adormecido nas instalações do HSO, há doentes que podiam realizar cateterismos e agioplastias sem necessidade de qualquer deslocação a Braga.
Entretanto, nos últimos dias de Fevereiro, decorreram as Jornadas de Cardiologia de Guimarães, nas quais, António Lourenço, director do serviço de Cardiologia, abordou a questão. Segundo, o JN, António Lourenço manifestou mesmo incompreensão que parte da Unidade de Diagnóstico e Intervenção Cardiovascular, onde está instalada a sala de hemodinâmica, continue fechada e sem utilidade.
E apesar das críticas dos vereadores, deputados da Assembleia da República e membros da Assembleia Municipal, o Centro de Hemodinâmica continue a não servir os 1200 doentes cardíacos reconhecidos pelo HSO.
E apesar das críticas dos vereadores, deputados da Assembleia da República e membros da Assembleia Municipal, o Centro de Hemodinâmica continue a não servir os 1200 doentes cardíacos reconhecidos pelo HSO.
“É totalmente incompreensível” – sublinha António Lourenço, que esteja fechado um centro que prestaria melhores cuidados aos doentes, de uma região vasta que abrange o hospital vimaranense. Com um equipamento não utilizado, com doentes a serem deslocados, todos os dias, para Braga, o Hospital Senhora da Oliveira, tem custos anuais na ordem dos 6,3 milhões de euros, dinheiro que bem poderia ser gasto noutras valências e a bem dos doentes.
A deslocação de doentes de Guimarães torna-se assim num “bom negócio” para o Hospital de Braga para onde foram, em média, três doentes, por dia, nos últimos sete anos.
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