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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Ricardo Costa é um “tsunami político”…

O PS Guimarães e distrital, andou e ainda anda, em polvorosa por causa das eleições federativas e da concorrência aberta entre o actual detentor do cargo (Joaquim Barreto) e o que alguns queriam como seu sucessor (Ricardo Costa). A refrega deixou mazelas e feridas ainda não totalmente saradas.

A candidatura de Ricardo Costa, militante do PS vimaranense, à Federação Distrital de Braga, foi um verdadeiro “tsunami político”, com repercussões a vários níveis, do local ao regional e mesmo nacional. E em vários momentos, antes, durante e depois das eleições.
É um fogo que ainda arde, porque baralhou toda uma estrutura de interesses instalados na concelhia local e na Federação Distrital. E obrigou ao reposicionamento das “forças” em parada, obrigadas que foram a alterar os seus calendários de acção política e ocupação de lugares de poder. E a manter, a céu aberto, a fronteira que divide as alas do PS criadas e alimentadas por Luís Soares, o presidente da comissão política, que já não tem a enorme percentagem de apoio com que foi eleito, pelos seus pares.

Ricardo Costa esteve a poucos votos de ter sido eleito presidente. Não o foi – por estranhos motivos – e logo por aí começou uma segunda vaga de reacções, alimentadas pela imprensa nacional e por jornais de referência como “Público” – que deu a notícia, reiterada pelo “Expresso”, em 29 de Julho e foi complementada pelo “Sol”. A polémica em torno da eleição e da influência que algumas figuras do PS tiveram no processo eleitoral, chegou mesmo ao “Governo Sombra”, o programa da SIC, sobre análise e comentário político.

A nível local, Guimarães, agora! deu nota da “mãozinha” de Sócrates, na escolha eleitoral, no dia seguinte (19 de Julho) às eleições (ver notícia). E o jornal de Barcelos dedicou uma página ao assunto na sua edição de 22 de Julho
As repercussões imediatas da não vitória de Ricardo Costa – vieram ao de cima. E ao contrário do que muitos pensam, ele não perdeu porque acabou por ganhar mais em mediatismo do que se tivesse sido eleito presidente da federação distrital. E ganhou ainda mais, por se saber, que José Sócrates, ex-Primeiro Ministro e secretário-geral socialista se meteu ao barulho, o que lhe trouxe ainda mais apoiantes e um sem número de mensagens de estímulo que recebeu através do Facebook e do WhatsApp.

Uma delas, a que tivemos acesso, refere mesmo que “há apoios que dignificam os excluídos”, num sinal mais de que Ricardo Costa está já para além do partido, em termos de imagem e aceitação popular.
E o que há de novo nestas reacções é que elas chegam de fora do âmbito socialista, o que eleva a figura de Ricardo Costa a um patamar mais regional, de alguém que penetrou na sociedade para além do que era suposto e natural.

Comparativamente Luís Soares (deputado da República) e Ricardo Costa (vereador), são hoje dois líderes separados pela imagem que têm na sociedade vimaranense, no contexto regional e até nacional. Ricardo Costa elevou-se e Luís Soares, não se descola da imagem de “pequeno líder” de facção ou mesmo de uma espécie de “regedor”, o que não lhe tolhendo as ambições, vem limitando a sua afirmação na sociedade e nos universos eleitorais.
De resto, internamente a imagem de Ricardo Costa ficou bem notada com a votação registada. Não é por acaso que ele teve os votos que teve dos militantes socialistas que o prezam, numa eleição em que foi ele… contra tudo e contra todos, sabendo-se bem quem estava contra ele e o que representam na nomenclatura socialista.

Luís Soares nunca compreendeu que tudo o que fez para “linchar” o seu “amigo” Ricardo Costa… virou-se contra si. Foi a sua ilegal destituição da Mesa da Comissão Política, foi a escolha da sede para local de votação, na tentativa de evitar uma enorme afluência às urnas, foi a perda de apoios importantes que desperdiçou pelas suas atitudes, foi o “excessivo” envolvimento na eleição de Joaquim Barreto, em Guimarães, o que resultou num “score” de votos impensável.
Ou seja, de cada vez que Luís Soares tenta “apear” Ricardo Costa, este ganha força e ânimo e passa-lhe à frente; de cada vez que Luís Soares lhe espeta uma faca nas costas, Ricardo tira a faca, sara a ferida e segue em frente, sem medo. Enquanto Ricardo Costa subia ao céu, Luís Soares descia ao inferno, sem que desse por isso, reconhece quem acompanhou este processo das eleições federativas.

Agora, Luís Soares persiste em seguir em frente, com uma prática política partidária, de acelerar o processo autárquico que levará à escolha e definição de políticas, sem que a comissão política tenha ainda decidido definir os critérios – escolha de autarcas e programa político – para as próximas eleições autárquicas. Insiste, numa roda viva, junto dos presidentes da Junta, secundado pelos elementos do seu secretariado, para que digam o que querem fazer nas suas terras, o que leva alguns presidentes a interrogaram-se do porquê desta intromissão, quando se sabe que é ao presidente da Câmara – Domingos Bragança – que cabe tal tarefa e para a qual pode dar e encontrar resposta. Luís Soares quase se quer apresentar como um sósia do vereador do DOM – Departamento de Obras Municipais – forçando um poder que não tem.

Figuras (de uma eleição):

Ricardo Costa

© Direitos Reservados

Nunca, um homem só, a completar 45 anos (23 Setembro), abalou tanto uma estrutura partidária local – a de Guimarães – e fez tremer uma distrital comandada por generais e alguns coronéis da política, e em cuja presidência da Federação nunca esteve um vimaranense, pese o contributo de votos e militantes dos vimaranenses para o PS do distrito. Ricardo não entrou na corrida eleitoral para brincar ou fazer de conta, organizando-se e estruturando o seu grupo de apoio, com várias competências e correntes de opinião, escolhendo figuras proeminentes da história socialista. Será difícil dizer que perdeu quando não teve votos suficientes mas ganhou em toda a linha em dimensão, em propostas políticas – inovadores, exequíveis e consistentes – dando conteúdo a um cargo, até agora visto com um “poiso” dos que mandam na mercearia partidária e se impõe por arranjar “emprego político” a quem não teve sucesso em carreira profissional. Mobilizou, empolgou, nunca agitou interesses, mostrou clarividência, deu sinais de seguir uma política não politiqueira, redutora e muito partidária, agitando outros e novos valores que a sociedade acolheu e gostou. Deixou rasto, exemplo até, e deixou claro que têm de contar com ele no presente e no futuro. E encostou Joaquim Barreto às cordas, obrigou um dinossauro da política regional e do PS a utilizar todos os recursos, mesmo os menos ortodoxos do combate político. Obrigou-o mesmo a servir-se de um toque de Midas para inverter uma derrota anunciada e que só não se concretizou porque vem sendo normal que numa qualquer mesa de jantar, haja sempre um Judas… ou mais, que não se conformam com a vitória dos melhores e elejam sempre os menos maus…

Luís Soares

© Direitos Reservados

A sua obsessão por querer derrotar o seu “amigo” de muitas coisas, foi levada ao extremo. Em Guimarães, não foi apenas o apoiante de Barreto mas o seu sósia, tal o empenho demonstrado em impôr a sua palavra de honra – a que sujeitou alguns militantes, que não estavam obrigados a honrar o que quer que fosse. Não evitou, por isso, a sua própria derrota, delapidando uma liderança (da comissão política) até agora incontestável e que já não tem nem a mesma legitimidade, nem a mesma base social de apoio. Sujeitou os militantes a votar, num dia de calor, num espaço reduzido, recolheu-se na cozinha do edifício da sede do partido e fechou os olhos à aglomeração de pessoas que queriam e desejavam votar, em filas que não respeitavam a distância social exigida pela DGS. Foi mais tirano do que democrata e neste processo deixou cair a máscara para se revelar num personagem menor e não num líder político. Não pode meter a cabeça na areia, como a avestruz – nem obrigar os seus acólitos ao mesmo sacrifício – porque a realidade do PS não é a que pinta nem a que quer fazer passar. O presidente da comissão política deixou de ser um líder para se tornar num chefe de facção, dos que não aceitam nem a concorrência, nem os que são melhores do que ele. E está convencido de que o PS é seu e que o resto não conta nem interessa. Desvirtua funções, cria órgãos especiais e pratica a democracia da exclusão sobre uma parte do partido que representa mais de 60% da última eleição. Ninguém pode ser líder dividindo tanto quanto pode…

Sofia Ferreira

© Direitos Reservados

Foi uma espécie de lugar-tenente de Luís Soares, na angariação de apoios para Joaquim Barreto, entrando num jogo a pensar no futuro. O seu empenho a Barreto e a Luís Soares fê-la descurar dos votos que também procurava entre os militantes da concelhia de Guimarães. E perdeu para Anabela Real na sua terra-natal, o que não deixa de ser um fiasco, entre as mulheres socialistas vimaranenses.

Adelina Pinto

© Direitos Reservados

Enquanto militante do PS – apenas garante essa qualidade, pois não “alinha” em guerras partidárias. A vereadora não foi à comissão política que substituiu Ricardo Costa por José João Torrinha, não votou nas eleições para a Federação, apostando numa neutralidade que marca a sua distância, pese as suas simpatias pessoais, que guarda para si.

José João Torrinha

© Direitos Reservados

Aceitou substituir Ricardo Costa, na mesa da Concelhia de Guimarães. Deu cobertura a um processo de substituição unipessoal – imposto por Luís Soares – à base de uma mera interpretação jurídica, de que um órgão cai se os seus membros se demitirem. Ou seja, se um militante tem o direito (artº. 8º dos estatutos) de pedir a demissão por motivo justificado – o que não foi o caso porque os vogais da mesa adeptos do presidencialismo não gostaram desse poder exercido por Ricardo Costa mas aceitam-no se exercido por Luís Soares – também é verdade que os militantes têm como deveres (artº. 9º), o de não abandonar os cargos em que foram empossados no partido. Para além de respeitar e fazer cumprir os estatutos. Ora, ao pactuar com a convocatória de uma reunião pelo presidente da comissão política quando o presidente da Mesa ainda estava em funções – e como se viu foi Ricardo Costa que presidiu à reunião que elegeu nova Mesa – João Torrinha permitiu que os estatutos fossem apenas interpretados com base no que uns entendem como lei apenas para satisfazer a vontade de outros. No que toca à escolha do local de eleição, o presidente não apenas se esquivou a exercer a sua função no órgão do partido, como deu cobertura às filas e aglomerações de pessoas que só um cego não viu. Não justificou o seu entra e sai do órgão Mesa ou se utilizou a figura de suspensão de mandato que não existe nos estatutos. Aceita, entretanto, que um secretariado paralelo tenha algo a dizer na acção prática do partido, apenas porque Luís Soares assim o entende e que a comissão política não exerça as funções que lhe competem (artº. 24º), deixando que o secretariado execute uma estratégia não sujeita aos votos dos membros da comissão política. Sao trapalhadas jurídicas a mais, num partido, onde o primado da lei se confunde com o primado do “dono de parte do PS”.

© 2020 Guimarães, agora!

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