O desassossego no PS já vem de trás e pode fazer o partido entrar numa espiral de divisão interna com consequências imprevisíveis e negativas.
O presidente da Câmara quer ter um último mandato, se for eleito, em paz e para lá das confusões partidárias mas pode começar esta noite, um período de maior intranquilidade. Porque se coloca ao lado de uma facção contra outra, ressuscitando os tempos das eleições para a Federação Distrital.
Quando a comissão política conhecer os nomes que Domingos Bragança leva como vereadores podem não causar espanto total, mas abrirão por certo a caixa de Pandora do PS local, fustigado e animado por ataques sucessivos entre os herdeiros que se julgam de Bragança – que não do PS – e Ricardo Costa, o vereador rebelde, com mais aprovações de notoriedade na opinião pública vimaranense.
O Partido Socialista tem mais um episódio do processo fracturante que leva à constituição da lista da Câmara Municipal.
Um partido que liderou sempre a frente política e cuja organização era profissional e diversificada, está hoje reduzida a um monte de cacos – não de porcelana mas de argila rudimentar.
O presidente da Câmara ficou de apresentar uma lista que diz ser uma opção sua – embora podendo ser também o resultado das pressões que tem sofrido por quem quer Ricardo Costa de fora e da vereação impregnada de uns “jotinhas” que procuram na política um emprego estável e bem remunerado a que se juntam especialistas de coisa nenhuma, técnicos de cultura e de grafite.
Seria mau, muito mau mesmo que Domingos Bragança aparecesse perante os conselheiros como sequestrado por quem tem uma estratégia coordenada, ainda que folclórica, de conquista do poder e alimentada nas sombras.
E pior, ainda, se a este grupo se juntasse todos aqueles veneráveis militantes – e ocupantes de lugares de poder do Município ou entidades adjacentes que se uniram para impedir a eleição de Ricardo Costa à presidência da Federação Distrital do PS.
Se Domingos Bragança, abençoar esta sagrada união, baptista, franciscana e católica então temos mesmo a cereja no topo do bolo, atirando Ricardo Costa para o reino dos mártires, vítima por duas vezes dos mesmos protagonistas e dos mesmos interesses.
Consta que Bragança, durante o seu confinamento, recebeu a visita de Joaquim Barreto, e a partir do qual surgiram rumores e boatos sobre “a saída de dois homens da vereação”, substituídos pelo mesmo género por dois ex-jotas que se afirmam o futuro do PS e de Guimarães.
Toda esta engrenagem ficará a nú, logo, à noite, se a lista de Domingos Bragança for submetida a votação, como defendeu Luís Soares, presidente da comissão política. E se se confirma a ameaça de chumbo se a lista de Domingos Bragança não der sinais para o futuro, de quem pode estar na calha da sucessão quase monárquica que o PS pretende adoptar.
Ora, como este cenário interessa a Luís Soares é de esperar uma pirueta monumental de modo a garantir com os seus apoiantes o voto que aprovará a lista de Bragança, uma vez que o cabeça de lista já foi aprovado.
A atitude de Luís Soares confirmará, não apenas um cenário de anti-Ricardo Costa primário, por ter colocado vimaranenses uns contra os outros e dividido o PS – entre um socialismo romântico, histórico e definido no tempo por tantas figuras democráticas socialistas, ou se acentuará a tendência de ser um PS – Partido Soarista, não de Mário mas de Luís que quer apear Ricardo Costa do mapa partidário e da política local, apenas por inveja.
Corre com insistência rumores e boatos – que procuramos confirmar – de quem são os vereadores que saem e entram e se se confirmarem alguém vai ver a sua palavra dada não como honrada mas severamente desonrada.
É que, ao contrário do que se pensa, há sinais evidentes de que Ricardo Costa foi o primeiro a ser convidado por Bragança para ficar na vereação quando alguns admitiam que, alegadamente, Adelina Pinto aparentava dar sinais de cansaço, o que a levaria a trocar Santa Clara para a zona do campo Zé Minotes (antigo campo do Vitória Sport Clube, na Quintã).
Hoje, na reunião de Câmara até um vereador da oposição já sabia das trocas e baldrocas da vereação socialista, o que a ser verdade confirma que os vereadores que saem de nada sabem, dando razão ao boato e ao rumor. O que não é bom para a honorabilidade de quem devia ter lisura no processo de substituição, de pessoas que até tendo outra vida para além da política, merecem consideração.
© 2021 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.