Em duas semanas, arregaçou as mangas, lutou, mostrou as suas ideias e combateu as dos adversários, provocando o tsunami político que deixou o país cor de rosa.
O resultado das eleições legislativas espelha bem o labor dos seus candidatos: colheu quem semeou. E a forma como comunicaram na última semana. Costa evidenciou um discurso mobilizador, sem deixar de atacar os seus adversários, de forma cirúrgica e muito assertiva.
O fumo das sondagens tiveram efeitos diferentes nos candidatos. O equilíbrio entre Costa e Rio beneficiou o líder do PS que em escassas duas semanas, entre contactos de rua, comícios, viagens pelo país, presença nas televisões e outros órgãos da comunicação social, melhor deu conta de si.
Um simples e atento olhar sobre a realidade – afinal o mesmo que a maioria dos portugueses fizeram – deu para notar que havia candidatos e candidatos, para além da espuma dos dias e do folclore político.
António Costa, André Ventura e Cotrim Figueiredo foram os que mais venceram e os que mais lutaram pelo resultado, limitando-se a esperar pelos erros dos seus concorrentes. Não deitaram a toalha ao chão e muito menos contaram com o “ovo no cu da galinha”.
O líder do PS acossado por sondagens que o encostavam a Costa, partiu pelo país, como um conquistador, com o discurso adequado para os seus eleitores mais fiéis e ocasionais.
Foi isso que convenceu os portugueses a votar útil no PS. Um voto pela estabilidade, contra a crise política, dando a Costa a confiança necessária para continuar a governar. Agora, sem muletas e parceiros, dependendo apenas dos votos dos deputados eleitos pelo PS.
Mais do que uma escolha entre deputados, os portugueses fizeram mesmo uma escolha por quem desejavam ser Primeiro-Ministro, deixando que a selecção de deputados a integrar o próximo Parlamento fosse uma coisa menor.
O importante era o Governo de Portugal, as políticas para desenvolver o País, atenuar a desgraça e a miséria, dar uma oportunidade aos jovens qualificados para colocarem o seu talento a favor de Portugal.
País (1) | Deputados | Braga (2) | Deputados | Guimarães (3) | Valor Contributo Distrital | |
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PS | 2246637 | 117 | 297793 | 9 | 44000 | 21,17% |
PPD/PSD | 1498605 | 71 | 172007 | 8 | 29829 | 17,34% |
Chega | 385559 | 12 | 28746 | 1 | 5281 | 18,37% |
I.Liberal | 268414 | 8 | 21432 | 1 | 4733 | 22,08% |
BE | 240265 | 5 | 18558 | – | 3888 | 20,95% |
PCP/PEV | 236635 | 6 | 12993 | – | 3497 | 26,91% |
CDS-PP | 86578 | – | 8215 | – | 1302 | 15,84% |
PAN | 82250 | 1 | 5907 | – | 1049 | 36,60% |
Livre | 68975 | 1 | 3925 | – | 710 | 51,69% |
Tsunami continental… que chegou aos Açores mas não à Madeira
As ondas de choque do tsunami Costa no Continente, afundaram o CDS/PP, cujos míseros 1,61% não elegeram nenhum deputado, os centristas averbaram uma goleada deixando perder os 5 deputados para zero representantes; na CDU metade dos deputados foram dizimados pela onda rosa, passando de 12 para seis; finalmente, no PAN o choque foi de 4 para um deputados, por comparação entre o ganho em 2019 e o perdido em 2022.
Quem surfou a onda de António Costa foi o Chega que transformou um em 12 deputados e a Iniciativa Liberal que multiplicou um por oito. Também o Livre sobreviveu mantendo a sua representação de um deputado, tal como em 2019.
O PSD engrossa a lista dos perdedores ao passar de 79 para 76, sem incluir os eventuais ganhos nos eleitores que residem fora do País. Um resultado que desmistifica a passional e irreal onda Rio que as sondagens propalaram e anteviam.
As sondagens esconderam a realidade, e a euforia laranja não tinha razão de ser face ao que era o desempenho de cada um na campanha.
Rio quis passar por entre os pingos da chuva, resguardando-se e defendendo mal os ataques de Costa a questões nucleares que têm a ver com o salário mínimo nacional e a segurança social.
O líder do PS comprimiu-se, deixou-se envolver em afagos e afectos, sem denotar firmeza no seu discurso. Ao invés Costa não o poupou e confrontou as suas propostas com os portugueses. E o resultado está à vista.
Há ainda quatro deputados para atribuir, faltando saber se o efeito do tsunami Costa se fez sentir na Europa e Fora da Europa.
…impactante em Guimarães, na CIM do Ave e no Quadrilátero Urbano
No concelho de Guimarães, a onda rosa apenas deixou ao PSD um vislumbre da sua força ao manter apenas uma representatividade maior nas freguesias de Creixomil, Cidade (São Paio, São Sebastião e Oliveira) e Costa. No resto do concelho, o PS foi o mais votado.
No contexto distrital, o PSD brilhou apenas em Barcelos, Vila Verde, Terras do Bouro e Vieira do Minho com o PS a dominar nos restantes 10 concelhos do distrito de Braga.
Até os eleitores de Braga se deixaram levar pelo efeito Costa que assim obteve a votação mais expressiva em 10 dos 14 municípios do círculo distrital.
Já na CIM do Ave, só Mondim de Basto e Vieira do Minho se mantiveram fora da abrangência socialista, ou seja, dois em oito concelhos. Assim, Famalicão, Vizela, Fafe, Cabeceiras de Basto, Póvoa de Lanhoso e Guimarães deixaram que a onda rosa os aglutinasse.
Finalmente, noutra associação em que Guimarães se integra – o Quadrilátero Urbano – só Barcelos se manteve PSD. Braga, Guimarães e Famalicão – os restantes municípios deste Quadrilátero – optaram por confiar a maioria dos votos ao PS.
Guimarães dá 44 mil votos a Costa
No círculo eleitoral de Braga, com 14 municípios, Guimarães foi quem mais contribuiu para a eleição dos nove deputados do PS.
Os 44 mil votos dos eleitores vimaranenses representam 21,17% dos 207 793 averbados neste distrito. Em nenhum outro concelho, a maioria vimaranense de eleitores socialistas foi posta em causa, isto é, foi ultrapassada.
Depois de Guimarães, Braga com 42 868 votos foi quem mais ajudou ao desempenho socialista. Famalicão contribuiu com 34 153 votos e, finalmente, Barcelos ajuntou mais 26 327 votos.
Esposende, Vila Verde, Vieira do Minho e Barcelos tornaram os maiores fornecedores de votos para Rui Rio, com votações que o PS não destronou.
Porém, o votos dos eleitores vimaranenses seria também importante para os outros partidos. O PSD obteve a maior votação em Braga com 33 837 votos, foi segundo em Guimarães com 29 829, em Barcelos registou 29 323 e em Famalicão 27 212.
A votação no Chega regista a mesma graduação: foi a mais expressiva em Braga com 6 118, a segunda em Guimarães com 5 281, depois Barcelos com 4 383 e em Famalicão com 4 187.
O mesmo se aplica aos votos da Iniciativa Liberal que por ordem de grandeza seguem a tendência de ter sido mais votado em Braga e depois em Guimarães, apenas mudando Famalicão para a terceira posição e só depois Barcelos.
Despedidas de… deputados!
O tsunami de Costa para além de reduzir os exércitos parlamentares dos partidos de oposição ainda deu para afastar caras conhecidas e com prestígio no Parlamento. A CDU foi a que mais sofreu com as saídas de António Filipe e João Oliveira que não conseguiram ser eleitos em Santarém e Évora respectivamente.
No Bloco de Esquerda o efeito fez com que José Manuel Pureza fosse afastado do leque de deputados de Coimbra.
Sozinhos… e sem bancada parlamentar, ficam Inês Sousa Real do PAN – que perdeu três companheiros e no Livre Rui Tavares, líder do partido recupera o controle da cadeira de deputado.
O PEV – Verdes – ficam sem qualquer deputado. Mariana Silva, a vimaranense que era a quarta da lista da CDU, em Lisboa, não conseguiu a eleição. E o CDS/PP atingiu o fundo da representação política ao perder os seus cinco deputados. Um naufrágio completo.
Os restantes – e pequenos – partidos que satisfazem mais egos dos seus fundadores e dirigentes, não contam para a história parlamentar.
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