A dimensão política e ética do assunto, será a base da justificação que o presidente da Câmara se sustentará para dispensar o vereador do Desporto… ou fazê-lo retomar as suas funções.
O relatório da auditoria feita à atribuição de apoios às associações desportivas, parece ter servido aos interesses de todos: o próprio vereador que se mostrou “satisfeito” com as suas conclusões, porque “não trouxe evidências de favorecimento” a qualquer associação; a Domingos Bragança que agora avalia o assunto numa “dimensão ética e política” e da qual dependerá a retoma de funções; e a Ricardo Araújo, vereador do PSD que descortinou no documento “preocupações relevantes do ponto de vista político”.
O assunto foi discutido no período de antes da ordem do dia, com Ricardo Araújo a dar conta de que apenas recebeu o relatório na noite de ontem (23 horas). Domingos Bragança justificou o envio pela “oportunidade política” da reunião, de hoje, onde a oposição poderia fazer qualquer reparo.
A pedido do vereador do PSD, Bragança aceitou comentar a auditoria, dizendo que “li o relatório” e as ilações que corrobora e constantes na auditoria é de que “é preciso rever e alterar o regulamento”. Deixou elogios aos serviços que auditaram parte da gestão de Felgueiras, no pelouro do Desporto.
Não adiantou consequências e o assunto continua em compasso de espera com o presidente “a ter a faca e o queijo na mão” no que toca à decisão de manter ou não em funções o vereador socialista.
Assim, o ter seis ou sete vereadores em funções é uma situação que Bragança gere segundo os seus timings, tendo admitido que “durante o mês de Outubro” se decidiria sobre este ‘banho-maria’ em que Nelson Felgueiras admite viver.
O vereador do Desporto, suspenso, também comentou aos jornalistas – mas não na reunião – de que está tranquilo, reconhecendo que o relatório é mais “uma etapa” deste processo que foi cumprida.
Sobre se a última etapa vai ser feita ao estilo de contra-relógio ou de uma subida à montanha, o vereador apenas sabe que vai correr, “num caminho plano”, sem obstáculos nem dificuldades, uma vez que confessou já ter conversado com Domingos Bragança, depois da divulgação da auditoria.
Ricardo Araújo, vereador social-democrata, repetiu as vezes que “ao longo dos anos, tem feito intervenções, a pedir que a atribuição de todos os subsídios fosse mais rigorosa e mais transparente”, independentemente do serviço da Câmara.
Sublinhou querer que “os apoios tenham critérios na sua atribuição e divulgados os factores de ponderação, para que sejam atribuídos não em função de um julgamento político mas decorrentes do próprio regulamento”.
“O que a autoria veio provar é que não há correlação entre a avaliação e os valores atribuídos a cada candidatura.”
“O que a autoria veio provar é que não há correlação entre a avaliação e os valores atribuídos a cada candidatura” – sustentou.
Reforçou ainda que a mostra de candidaturas sobre as quais incidiu a auditoria é de apenas 10, o que representa cerca de 134 900€. “Se as conclusões são o que são para este universo tão pequeno, imaginemos os resultados se a auditoria incidisse sobre os 1,5 milhões que são atribuídos a cada ano”.
Insistiu que a forma como os apoios são atribuídos “dá azo a todo o tipo de dúvidas”, lembrando que a KTF “teve um aumento de 250% entre 2021 e 2023”.
Ricardo Araújo, concluiu que “os apoios estão a ser atribuídos não se sabe bem com que critérios regulamentares mas sim ao sabor de critérios políticos”. Uma situação “inadmissível, pois não se pode simular ou fazer de conta, uma vez que a avaliação interna não conta para nada”.
Perante tais críticas, nem Nelson Felgueiras esboçou qualquer reacção nem Domingos Bragança usou a sua “acutilância política” para contrariar as teses do vereador do PSD.
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