ACIG tenta vender a sua sede em negociação particular
O palacete e casa dos Lobos Machados que se tornou sede da ACIG vai ser posto à venda por 3,2 milhões de euros.
Na última assembleia geral, a direcção informava os sócios sobre a necessidade de ter recorrido ao PER – Plano Especial de Recuperação – com o objectivo único de evitar o encerramento da centenária associação mais de comerciantes do que de industriais.
Ao mesmo tempo pedia a mobilização dos associados para recorrer a formas de apoio, incluindo financeiras, de modo a dar seguimento ao PER e com esses fundos pagar dívidas.
Porém, era já sabido de que a solução final de salvação da ACIG passava pela alienação de património e, em especial da sua sede, o único activo capaz de solver as dívidas aos credores, de uma assentada. E a voz do povo já há muito que clamava por esta solução. E a antevia com alguma inevitabilidade.
Agora, com a publicação do edital da venda, o palacete do século XVIII, casa de brasão, símbolo do rococó em Guimarães, com uma parte museológica interessante, vai mesmo mudar de mãos, se houver eventuais interessados numa venda que tem condições com alguma complexidade e que fogem à normalidade do negocio da compra e venda de imobiliário., sobretudo entre particulares.
A ACIG quer vender a sua sede por um valor que não é bem o do mercado, uma vez que a ter sucesso esta transacção ela não deixará de influenciar os valores de referência da propriedade no centro histórico.
Por outro lado, só serão aceites propostas de valor acima dos 3,2 milhões de euros, o que pode limitar a concorrência.
Finalmente, o recurso ao leaseback – em que o comprador negoceia com o vendedor um arrendamento, por 30 anos – deixa a ACIG na dupla condição de vendedora e arrendatária com três décadas para pagar o que recebeu. Ora nesta situação só mesmo uma instituição financeira poderá concorrer a esta negocio ou até um proprietário que conjuntamente com um banco emparceirem nesta solução.
PREÇO
O valor, do prédio que é a sede da ACIG, é tido como apenas ao alcance de alguns.
Esta situação não sendo estranha é contudo complexa porque a venda com este pressuposto, poderá apenas interessar a benfeitores ou a distraídos. A questão do pagamento pode até ser aceitável, uma vez que a ACIG recebe 20% do valor da venda – sempre superior a 640 mil euros – e os restante 80% no acto da escritura.
São estas condições que podem deixar de fora potenciais compradores, uma vez que em caso de venda a ACIG continuará a ocupar o prédio – como se compreende do edital – ; e a solução de o edifício servir de hotel pode ficar definitivamente condenada com esta condição.
Classificado como edifício de interesse público desde 1977, a sede da ACIG é um dos edifícios mais emblemáticos do centro histórico, situado numa rua com história. Tem 1 800 m2 de área, é apresentado como “versátil, renovado e ampliado e permite seis utilizações simultâneas e independentes”. O salão nobre tem capacidade para 100 lugares e a sala multifunções para 150 lugares. O edifício tem servido as actividades da ACIG e está disponível para cedência ou aluguer aos associados, para cedências institucionais e alugueres a outras empresas.
As propostas podem ser apresentadas entre 1 e 23 de Agosto e remetidas ao administrador judicial, para no dia 26 de Agosto, pelas 10h00 serem abertas e conhecidas, decorrendo até 31 de Agosto as diligências de negociação particular.
Recorde-se que a dívida da ACIG ultrapassa os 3 milhões de euros e o PER prossegue em Tribunal sem que possa ter interferência no curto prazo, uma vez que a situação de tesouraria da ACIG é evidenciada pelos salários em prazo dos seus funcionários, alguns dos quais começaram já a desvincularem-se da associação. A Segurança Social e a Autoridade Tributária são também credores neste processo.
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