O que nos vai trazer o futuro, num momento de transformação em que vivemos?
Fareed Zakaria, jornalista, economista, apresentador, professor e palestrante, esteve no QSP Summit, no Porto, para falar sobre o mundo actual. E recordar o sonho americano do presidente Franklin Roosevelt.
Identificando os acontecimentos extremos – invasão da Ucrânia, a pandemia – e a possibilidade de novas variantes – e a crise económica – inigualável nos últimos 40 anos, Fareed interrogou-se porque é estes terríveis factos vieram todos ao mesmo tempo.
“E como nos vamos adaptar às sequelas destes acontecimentos?” – interrogou-se.
Ao olhar para a história do Mundo – é uma história de guerra entre países – o jornalista, habitual convidado da Cimeira de Davos, falou do ex-presidente americano e da sua visão para o mundo, ajudando a criar um sistema internacional, com normas e regras, e assente na ordem democrática e num sistema sem espaço para ditaduras. Roosevelt era um sonhador e idealizou o sistema de comércio livre e tentou convencer Estaline – também sonhou em criar um império russo – de que esta visão era a melhor para a comunidade internacional.
Com a criação do Plano Marshall – o melhor deste mundo – Roosevelt contribuiu para muitas alterações no plano internacional, sempre com a intenção de concretizar o seu sonho americano.
Fareed Zakaria disse que Portugal e Espanha estiveram sempre fechados a este novo mundo transformador e democrático.
Lembrou que, em 1989, o comunismo falhou e o Mundo mudou, um mundo novo surgiu e em que viveu a economia global, onde era possível comprar, vender e investir em qualquer parte. Nesse período surgiu a revolução da informação e o acentuar da globalização, num tempo em que “tudo muda tão depressa”.
“Esse mundo era extraordinário” – disse Zakaria – numa época em que a Europa se industrializou com a China a fazer o mesmo mas com um indicador preocupante, de 9% ao ano.
Surgiu então o “grande poder” com a China a tornar-se num player a ter em conta, na cena mundial.
Sobre a invasão da Ucrânia, Fareed lembrou que a Rússia não imitou a França no que toca à Algéria, deixando a sua ex-colónia independente. E, também, não percebeu que a Ucrânia era um novo país, num mundo novo, em que o império da URSS já estava em declínio.
📸 GA!
A crise provocada pela geo-política, salientou o orador – agitava a cena internacional e abria as portas de um new world em que “o poder dos mais poderosos, ditava as regras”. Claramente a invasão da Ucrânia fez os países de todo o mundo pensar sobre o inconveniente de um qualquer país poder “ser invadido pelos seus vizinhos”.
Afirmou que o Japão podia fazer isto à Coreia do Norte, dada a sua capacidade de poder fazer armas nucleares em seis meses.
O que vivemos actualmente é o reflexo não apenas da tal crise provocada pela geo-política, dos efeitos de uma crise económica daí resultante, com efeitos também derivados da pandemia e da guerra.
“Estamos num mundo cada vez mais agressivo”.
“Estamos num mundo cada vez mais agressivo” – lembrou Fareed Zakaria. Disse que a covid-19 tem um preço e que as doenças dos animais ainda podem saltar mais para a sociedade dos homens.
Os desafios do mundo, são os de tornar o seu crescimento sustentável, quando a China constrói a cada duas semanas “um poder mais poderoso”; e a Europa fica sem agir apesar de recentemente ter dado um sinal de fazer frente à Rússia, pela acção conjunta dos seus países.
Defende que o grande momento de transformação da Europa se deu com esta acção conjunta contra a guerra, faltando agir noutras áreas, quando o PIB europeu é um dos maiores do mundo. E que garante a sua economia aberta e estável.
Ainda falou sobre o populismo, consequência da vulnerabilidade das pessoas: estas procuram a direita cultural, como nos USA, com Trump e deixam-se seduzir pelo slogan Make America Great Again que aparenta fazer reviver um passado glorioso que não se repete. Falou sobre este “apelo poderoso”, em que os cidadãos esquecem que o regresso da América ao passado, era ir de encontro à América que não respeitava os direitos dos negros. E fazia discriminações a qualquer preço.
Fareed recomenda escolas abertas que inclua todos por esta causa democrática, sempre em busca de uma melhor sociedade. “Usar a criatividade e o talento é uma ideia poderosa” – defendeu o palestrante.
“O homem e a mulher são iguais desde o início do mundo”.
Acentuou ainda o papel da mulher na sociedade – “a mulher não é propriedade do homem” – procurando, antes, o justo equilíbrio e igualdade entre os géneros porque “o homem e a mulher são iguais desde o início do mundo”.
Quase no fim da sua intervenção que suscitou a atenção de uma plateia numerosa, Fareed Zakaria defendeu que “estamos a fazer coisas boas para construir um mundo melhor e sustentável” – e que todos devemos procurar “um meio de fazer tudo para a defesa do planeta”, como reciclar.
Nesta corrida, há que encontrar novas ferramentas e tecnologia, usar mais a energia nuclear – porque é mais limpa – usar menos o gás e evidenciou que “há outras medidas a tomar para evitar a crise climática” pensando com a visão do Roosevelt.
Concluiu que “o idealismo e o realismo” permitirão um crescimento positivo e humano, pois, será “esse o nosso objectivo e o nosso legado para as novas gerações”.
📸 GA!
© 2022 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.