Nem todas as empresas portuguesas de calçado estiveram na MICAM, em Milão, a maior feira mundial e palco de moda do sector.
Num cenário internacional de cancelamento de eventos, a MICAM abriu as portas, num conceito mini, apenas em dois dias e com menos de um terço das empresas habituais. A última edição teve a presença de 1600 expositores, nesta só 500 participaram.
A presença portuguesa também se restringiu a menos de metade, só 33 se inscreveram na edição histórica de 2020. E neste contingente nacional, também, só cinco empresas vimaranenses foram de armas e bagagens para Milão.
Marcas vimaranenses presentes:
- AMBITIOUS (São Torcato)
- COXX-BORBA (Atães)
- CRUZ DE PEDRA (Urgeses)
- OVERSTATE (São Torcato)
- SUAVE (Ronfe)
As empresas que foram a Milão, desejavam aumentar o seu volume de exportações, procurar clientes de novos mercados e testar novos produtos.
A MICAM mesmo condicionada com as regras de segurança e limitada no número de expositores, não deixou de ser uma oportunidade para a empresa Ambitious, com sede em S. Torcato, que ali foi apresentar uma nova marca.
O secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, foi à MICAM ver como esta edição da feira foi “diferente de todas”, ainda assim para reconhecer “a importância da presença de um número muito expressivo de empresas portuguesas [33], em circunstâncias muito difíceis”.
Sem dar importância à desfalcada presença de empresas nacionais, porque justificada e acidental, sempre de “expressiva diminuição” do total de expositores e de visitantes esperados, João Neves optou por destacar a “capacidade de resistência” dos participantes e o facto de que “quem vem a uma feira como esta vem para fazer negócio e não para ver as tendências do mercado, como noutras edições porventura aconteceu”.
“Portanto estamos esperançados que, do ponto de vista do negócio possa ser uma feira positiva”, declarou na abertura da MICAM.
Face ao apelo de alguns dos industriais portugueses para que o Governo não afrouxe os apoios às empresas, o secretário de Estado Adjunto e da Economia assumiu a “responsabilidade” do executivo de “ter uma palavra forte de suporte às actividades económicas”.
“Continuaremos a apoiar os empresários e os trabalhadores para manter as empresas e os empregos…”
“Continuaremos a apoiar os empresários e os trabalhadores para manter as empresas e os empregos”, garantiu João Neves, atribuindo a menor adesão das empresas às medidas sucedâneas do regime transitório de ‘lay-off’ simplificado ao retomar progressivo da actividade.
Admitiu uma adaptação das medidas de apoio caso a conjuntura se agrave, até porque “o clima é de enorme incerteza”, o Secretário de Estado deixou à porta da exclusão um regresso por muitos defendido do ‘lay-off’ simplificado no Orçamento do Estado para 2021: “Penso que não estamos nessa fase”, acrescentou.
Já o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, que acompanhou João Neves na visita à comitiva portuguesa na MICAM, destacou que, “apesar de todas as restrições, o sector de bens teve em Julho um decréscimo de apenas 7% face ao mês homólogo de 2019” e tem vindo “progressivamente a diminuir o ‘gap’” relativamente ao ano anterior.
“Os exportadores portugueses foram cruciais para que Portugal saísse da última crise. Foram, em grande medida, uns heróis e desta vez não vai ser diferente, serão os exportadores e estas empresas que vão fazer com que Portugal ultrapasse este momento particularmente difícil em todo o mundo”, elogiou.
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Ambitious: lançamento de marca própria da Celita
O ‘brand manager’ da Ambitious, Pedro Lopes, em declarações à Agência Lusa, anunciou a marca própria da empresa de Guimarães Celita, para quem a presença nesta edição da MICAM “é um sinal de coragem e de proximidade que é preciso dar aos retalhistas”.
“Esta estação foi difícil de planear, mas assim que foi possível recomeçámos as nossas viagens e estou há já duas semanas na estrada. Os nossos clientes não vão poder viajar tanto, por isso temos de estar mais próximos deles”.
Com exportações para 47 mercados, muitos dos quais extra-comunitários, a empresa considera que a ausência de compradores de fora da Europa, dadas as restrições impostas pela pandemia, “é a maior quebra” nesta edição do evento.
“Mas não é por isso que a feira deixa de fazer sentido, até porque a Itália é o nosso principal mercado”, acrescenta.
Após ter facturado 20 milhões de euros em 2019, a Celita prevê terminar este ano com uma quebra de “15 a 20%” nas vendas, com o “melhor início de ano de sempre” que estava a registar até à explosão da pandemia a permitir compensar, em parte, o mês de paragem total em Abril e a quebra de actividade dos restantes meses.
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