Heimtextil Trends: uma distinção para Guimarães e região

A apresentação das tendências que animam a feira – e têm marcas visíveis nos produtos que cada empresa enfeita o seu stand, seguem no mesmo sentido, de sustentabilidade.

Olaf Schmidt (vice-presidente), Margit Herberth (directora da feira), Anne Maria Commandeur (designer) e Cristina Motta (delegada em Portugal), formaram a embaixada da Messe Frankfurt que esteve em Guimarães para a apresentação das ‘Heimtextil Trends’ 2024/25.

A importância e distinção que a Messe Frankfurt tem dado ao têxtil-lar português, maioritariamente fabricado em Guimarães, na CIM do Ave e em Portugal, nota-se não apenas pelo “valor” dos presentes e pelos cargos que ocupam na Messe Frankfurt, a entidade que organiza a feira com maior repercussão no mundo, ao longo dos tempos. E também porque esta apresentação de tendências é apenas feita na sede e não se repete em mais nenhum outro local.

Guimarães repetiu esta apresentação onde as empresas se fazem representar por aqueles que “criam” a roupa de cama e de banho, de cozinha, e decoram janelas.

Anne Marie Commandeur está à frente de um grupo multi-disciplinar de designers que trabalham a área da inovação material, a tendência das cores, e conceitos de design. 

Fundou o Stijlinstituut de Amesterdão que transmite uma “vibrante e versátil força” na divulgação de informação importante para a cadeia de valor, sobre influentes desenvolvimentos da indústria. Como especialista participa em seminários, escreve, participa em workshops e pratica a consultoria na área da moda e do design na indústria têxtil.

As tendências…

Reflectem conceitos de bem-estar com a vida e com o ambiente, modos de vida, comportamentos que identificam cidadãos ecológicos, guardadores dos ecossistemas e da natureza. E até um ser social que convoca ao uso de plantas naturais ou criadas à base da bio-engenharia.

A natureza, a sustentabilidade, segundo os princípios das Nações Unidas, a opção por negócios mais sustentáveis, o aproveitamento de peças que se tornaram obsoletas e que podem ser reaproveitadas, é desta amálgama que se faz a transformação do têxtil-lar.

A abordagem do futuro do têxtil-lar faz-se através de uma “nova sensibilidade” patente nas tendências que dominarão 2024/25 e a próxima Heimtextil.

Esta nova sensibilidade visa o processo de transformação que se está a operar com a introdução de novos materiais, à base de plantas; e no recurso à bio-engenharia – a porta que permite o uso de ingredientes naturais e não químicos, na fabricação de roupa de cama e banho, decoração e cozinha. 

Compreender como funcionam os eco-sistemas naturais, é a chave das prioridades que se estabelecem quando se decide criar ou produzir um produto.

A solidariedade é outro aspecto que permite entender a “nova sensibilidade”, o que nos faz considerar o próximo, nas nossa relações de amizade, a tecnologia e a natureza, em que todos funcionam como um vínculo.

A natureza, a tecnologia e as pessoas são a base e o motor da transformação e da mudança. A necessidade de ter um novo caminho de sensibilidade no pensamento é que asseguram uma transformação positiva.

Os objectivos das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável tiveram, em 2015,  um significado crucial em nos conduzir para uma nova era de sensibilidade. E começaram a criar impacto no nosso modo de viver.

Os negócios passaram a adoptar práticas sustentáveis e os políticos criaram legislação para adoptar essas boas práticas de viver neste mundo ameaçado permanentemente.

É esta nova sensibilidade que pode envolver o têxtil-lar, numa altura em as incidências das mudanças climáticas incidem sobre o nosso habitat, biodiversidade, saúde mental, diversidade, sustentabilidade, desperdício alimentar e digitalização.

Casos de nova sensibilidade

A nova sensibilidade é um fenómeno muito maior do que o mundo dos têxteis-lar: tem impacto no produto, design, na venda a retalho, na comida, arquitectura, conceitos digitais, políticas e iniciativas. Está a mover os mais necessitados.

As novas plantas criadas com a ajuda bio-engenharia podem ajudar mais o homem a realçar a natureza, no processo de fabrico de produtos têxteis.

No mundo do trabalho, também se fala dos quatro dias de trabalho, um conceito iniciado em 2018 por Andrew Barnes e Charlotte Lockart. Confirmam-se os benefícios de uma semana de quatro dias: mais benefícios resultantes da satisfação com a produtividade, redução da abstenção, redução dos despedimentos.

O bem-estar digital, dos criativos, também é referido nestas tendências, pelo acesso a todas as plataformas, redes sociais, jogos, dados, marketing. O Gener 8 é um browser que capacita as pessoas a fazerem com que os seus dados trabalham por elas.

Outra tendência mais comum da Holanda ou na Dinamarca é o de se poder abordar a saúde e a solidão nos supermercados onde os compradores podem conversar no checkout process.

Também a arquitectura é mais do que construções, em que as cidades devem ser mais sustentáveis e com práticas sustentáveis dos seus cidadãos.

Os têxteis curativos também são referidos nestas tendências com a possibilidade de se curarem os traumas da violência doméstica com panos de história, a encorajar uma expressão não verbal. Na luta contra o desperdício alimentar, há tecnologias recentes de congelamento de produtos que permitem uma congelamento durante mais tempo.

Inclusive, a bio-diversidade pode ser rastreada com produtos concebidos para essa função. Uma gaiola de pássaro com uma câmara que filma os pássaros que visitam a gaiola, uma forma mais de que a nova sensibilidade estimula a compreender como os eco-sistemas funcionam priorizando o equilíbrio como padrão.

Há cada vez mais soluções para reciclagem dos resíduos têxteis. O desafio europeu ‘Green Deal’ tem vários exemplos de recolha do desperdício têxtil. As famílias são sensibilizadas a ter uma participação directa no aproveitamento desde resíduo, pela separação. Com a junção de plantas pode-se fazer novas fibras e fios.

Esta transformação também aponta para novas abordagens no âmbito do ‘Future Materials’ que faz a curadoria de materiais e designs regenerativos.

Ao longo dos anos, as tendências da Heimtextil tornaram-se no coração do evento. Transmitem e traduzem as mega tendências na visão dos têxteis. Doutro modo, a ‘Heimtextil Trends’ tem contribuído para a expansão do conhecimento sobre os materiais têxteis.

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