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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Heimtextil: Secretário de Estado ouviu as queixas das empresas

Economia

Uma longa lista de assuntos constaram da agenda que Pedro Cilínio, Secretário de Estado da Economia, teve de ouvir da boca dos empresários, durante a visita que fez à Heimtextil.

O baptismo do novo governante da pasta da Economia não foi fácil porque foi transformado no muro de lamentações do sector têxtil. O que se ouviu da boca dos empresários tinham a ver com os atrasos na aprovação dos PRR de descarbonização e de projectos do Portugal 2030; os apoios insuficientes à catástrofe provocada pelos brutais aumentos do preço do gás; a necessidade de rever os critérios da dimensão na concessão de apoios e de desencadear campanhas de comunicação da imagem da indústria (e do país) a nível internacional.

Esta agenda longa, certamente com mais assuntos do que é habitual, tem a ver com a falta de resposta da administração pública que adia quase tudo para além dos prazos mais convenientes.

Neste baptismo de fogo, o Secretário de Estado escolheu o silêncio para se acobertar destas queixas e exigências. E por isso ouviu mais do que falou, mas não escondeu os elogios devidos ao esforço de internacionalização feita pelos empresários e pelas empresas portuguesas.

“É bom saber, confirmar, que o sector está pujante”, foi dizendo para depois acrescentar que “é visível o upgrade na qualidade dos nosso produtos”, um reconhecimento do governante quando passava pelo Forúm das Tendências, conceito que considerou como “uma espécie de catálogo” vivo e activo.

O presidente da ATP, Mário Jorge Machado, explicou que o fórum das tendências “é uma oportunidade para os visitantes saberem muito rapidamente o que Portugal faz bem, um hub já que cada uma das 400 amostras disponíveis tem a informação sobre a empresa que a fez e a localização do stand na feira”.

Sublinhou depois, sobre a ideia de ter visto neste Fórum de Tendências da Selectiva Moda, a ideia de um mundo de pernas para o ar expressa pela cama fixada na parede do stand e virada ao contrário, Cilínio foi rápido na produção de uma metáfora: “O mundo é o mesmo mas temos de mudar a perspectiva com que o olhamos”.

A questão da aprovação da candidatura da Selectiva Moda aos apoios à internacionalização (um total de cerca de 80 acções, na sua esmagadora maioria relativos à participação em feiras), apresentada em Outubro no âmbito do Portugal 2030, foi o tema do conversa do Secretário de Estado com Manuel Serrão.

A data prevista na candidatura para a tomada de decisão derrapou com a prorrogação de Dezembro para o final de Janeiro mas Cilínio garantiu que o mais tardar em Março haverá novidades, ou seja, os apoios terão de ser disponibilizados para manter a internacionalização dos produtos e das empresas nacionais.

Relativamente aos atrasos na aprovação dos PRR da descarbonização, agendada para Novembro, o Secretário de Estado prometeu que em Fevereiro estará concluído o processo de avaliação.

Voltando aos stands das empresas, Jorge Lopes, da Belfama informou que “tivemos que parar a tinturaria porque não conseguíamos aguentar os custos da energia”. Noutra empresa, Fátima Antunes , da Lasa Home, desabafou: “Estamos a passar um mau bocado e não há maneira de serem aprovados os dois PRR que metemos”.

Sempre com o preço da energia na boca dos empresários, também Simão Gomes, administrador da Sampedro, acentuou que “os nossos custos com o gás aumentaram 625% no ano passado. É impossível fazer repercutir nos preços um aumento desta dimensão. Se o fizéssemos quando o preço do gás baixasse já não tínhamos clientes”, disse o administrador da Sampedro, empresa que está a comemorar o seu centenário.

Rui Teixeira (Felpinter). 📸 GA!

Já no stand da Felpinter, em conversa com Rui Teixeira – o CEO da empresa que antecipa uma recessão, provocada pelos efeitos no consumo da inflação -, o Secretário de Estado declarou-se favorável à moderação demonstrada pelo Banco Central Europeu na subida das taxas de juro: “Não podíamos correr o risco de matar o doente com o remédio”.

Fátima Antunes (Lasa). 📸 GA!

“A Alemanha boicota qualquer alteração no critério da dimensão”, respondeu o governante quando Fátima Antunes se queixou do facto da Lasa estar inibida de receber apoios na sua participação em feiras por empregar 700 trabalhadores nas três empresas autónomas que integram o grupo.

“Eu ainda sou do tempo em que havia excursões para visitar a Heimtextil e saímos daqui cheios de encomendas. Agora só vêm compradores e que levamos para casa são expectativas. Mas não podemos deixar de estar aqui”, disse Fátima Sousa, da Domingos Sousa, e uma das mulheres com larga experiência na comercialização do têxtil-lar.

Fátima Sousa (Domingos Sousa). 📸 GA!

Aliás sobre as feiras, disse Pedro Cilínio que “temos de estar atentos a todos os canais. Dantes as feiras eram obrigatórias. Agora são importantes mas há outros canais”. O governante deixou o enorme complexo ferial da Messe de Frankfurt sustentando que “a realidade tem-se encarregado de destruir as expectativas negativas”, a mensagem final com que se despediu dos empresários na maior feira têxtil do mundo.

📸 Jornal T

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