Uma longa lista de assuntos constaram da agenda que Pedro Cilínio, Secretário de Estado da Economia, teve de ouvir da boca dos empresários, durante a visita que fez à Heimtextil.
O baptismo do novo governante da pasta da Economia não foi fácil porque foi transformado no muro de lamentações do sector têxtil. O que se ouviu da boca dos empresários tinham a ver com os atrasos na aprovação dos PRR de descarbonização e de projectos do Portugal 2030; os apoios insuficientes à catástrofe provocada pelos brutais aumentos do preço do gás; a necessidade de rever os critérios da dimensão na concessão de apoios e de desencadear campanhas de comunicação da imagem da indústria (e do país) a nível internacional.
Esta agenda longa, certamente com mais assuntos do que é habitual, tem a ver com a falta de resposta da administração pública que adia quase tudo para além dos prazos mais convenientes.
Neste baptismo de fogo, o Secretário de Estado escolheu o silêncio para se acobertar destas queixas e exigências. E por isso ouviu mais do que falou, mas não escondeu os elogios devidos ao esforço de internacionalização feita pelos empresários e pelas empresas portuguesas.
“É bom saber, confirmar, que o sector está pujante”, foi dizendo para depois acrescentar que “é visível o upgrade na qualidade dos nosso produtos”, um reconhecimento do governante quando passava pelo Forúm das Tendências, conceito que considerou como “uma espécie de catálogo” vivo e activo.
O presidente da ATP, Mário Jorge Machado, explicou que o fórum das tendências “é uma oportunidade para os visitantes saberem muito rapidamente o que Portugal faz bem, um hub já que cada uma das 400 amostras disponíveis tem a informação sobre a empresa que a fez e a localização do stand na feira”.
Sublinhou depois, sobre a ideia de ter visto neste Fórum de Tendências da Selectiva Moda, a ideia de um mundo de pernas para o ar expressa pela cama fixada na parede do stand e virada ao contrário, Cilínio foi rápido na produção de uma metáfora: “O mundo é o mesmo mas temos de mudar a perspectiva com que o olhamos”.
A questão da aprovação da candidatura da Selectiva Moda aos apoios à internacionalização (um total de cerca de 80 acções, na sua esmagadora maioria relativos à participação em feiras), apresentada em Outubro no âmbito do Portugal 2030, foi o tema do conversa do Secretário de Estado com Manuel Serrão.
A data prevista na candidatura para a tomada de decisão derrapou com a prorrogação de Dezembro para o final de Janeiro mas Cilínio garantiu que o mais tardar em Março haverá novidades, ou seja, os apoios terão de ser disponibilizados para manter a internacionalização dos produtos e das empresas nacionais.
Relativamente aos atrasos na aprovação dos PRR da descarbonização, agendada para Novembro, o Secretário de Estado prometeu que em Fevereiro estará concluído o processo de avaliação.
Voltando aos stands das empresas, Jorge Lopes, da Belfama informou que “tivemos que parar a tinturaria porque não conseguíamos aguentar os custos da energia”. Noutra empresa, Fátima Antunes , da Lasa Home, desabafou: “Estamos a passar um mau bocado e não há maneira de serem aprovados os dois PRR que metemos”.
Sempre com o preço da energia na boca dos empresários, também Simão Gomes, administrador da Sampedro, acentuou que “os nossos custos com o gás aumentaram 625% no ano passado. É impossível fazer repercutir nos preços um aumento desta dimensão. Se o fizéssemos quando o preço do gás baixasse já não tínhamos clientes”, disse o administrador da Sampedro, empresa que está a comemorar o seu centenário.
Já no stand da Felpinter, em conversa com Rui Teixeira – o CEO da empresa que antecipa uma recessão, provocada pelos efeitos no consumo da inflação -, o Secretário de Estado declarou-se favorável à moderação demonstrada pelo Banco Central Europeu na subida das taxas de juro: “Não podíamos correr o risco de matar o doente com o remédio”.
“A Alemanha boicota qualquer alteração no critério da dimensão”, respondeu o governante quando Fátima Antunes se queixou do facto da Lasa estar inibida de receber apoios na sua participação em feiras por empregar 700 trabalhadores nas três empresas autónomas que integram o grupo.
“Eu ainda sou do tempo em que havia excursões para visitar a Heimtextil e saímos daqui cheios de encomendas. Agora só vêm compradores e que levamos para casa são expectativas. Mas não podemos deixar de estar aqui”, disse Fátima Sousa, da Domingos Sousa, e uma das mulheres com larga experiência na comercialização do têxtil-lar.
Aliás sobre as feiras, disse Pedro Cilínio que “temos de estar atentos a todos os canais. Dantes as feiras eram obrigatórias. Agora são importantes mas há outros canais”. O governante deixou o enorme complexo ferial da Messe de Frankfurt sustentando que “a realidade tem-se encarregado de destruir as expectativas negativas”, a mensagem final com que se despediu dos empresários na maior feira têxtil do mundo.
📸 Jornal T
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