O presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, defendeu que a economia dos EUA foi mudada para sempre pela pandemia do novo coronavírus e que é importante o banco central adaptar-se a estas mudanças.
Numa vídeo-conferência com professores e estudantes realizada na terça-feira nos EUA, Powell disse que, apesar de ainda não ser claro se a variante delta do novo coronavírus vai ter mais impacto na economia, o país já viu alterações significativas desde que a pandemia começou a fechar o país, em Março de 2020.
Estas mudanças vão desde o aumento do tele-trabalho, à maior oferta de refeições take-away por parte dos restaurantes ou aos agentes imobiliários, que mostram casas de forma virtual, exemplificou.
Muitas empresas já fizeram investimentos relevantes em tecnologia para se adaptarem aos desafios que a pandemia colocou.
“Parece que é certo que vai haver substancialmente mais trabalho remoto daqui para a frente”, disse Powell. “Isto vai mudar a natureza do trabalho e a forma como é feito”, avançou.
“Precisamos de observar cuidadosamente a forma como a economia evolui através da pandemia, procurar entender como mudou e quais as implicações para a nossa política.”
“Nós não vamos voltar à economia que tínhamos antes da pandemia, (…) precisamos de observar cuidadosamente a forma como a economia evolui através da pandemia, procurar entender como mudou e quais as implicações para a nossa política”, declarou Powell.
Relações pessoais estão a mudar
Powell afirmou também que os investimentos pesados das empresas em novas tecnologias significam que vai haver mais empregos no futuro associados a essa tecnologia, mas também perdas potenciais de empregos em sectores focados nos contactos inter-pessoais. Realçou que alguns desses sectores podem evoluir para “um modelo automatizado, de não contacto”.
Esta tendência já se está a ver na informação sobre os empregos, com a recuperação mais lenta nas indústrias que assentam na interacção pessoal, como viagens, entretenimento e hotelaria. Estes são empregos desproporcionadamente ocupados por mulheres e pessoas de cor e que pagam baixos salários, detalhou Powell.
“Pode ser que algumas dessas pessoas passem tempos difíceis a procurar regressar ao mercado de trabalho, sem mais educação nem formação”, preveniu. Powell acentuou ainda que há milhões de pessoas que perderam empregos no sector de serviços e que permanecem fora do mercado de trabalho, pelo que precisam de ser apoiadas.
Dirigindo-se aos estudantes e professores da sua audiência, Powell disse que a pandemia pode vir a constituir um ponto de inflexão histórica, permitindo à actual geração de estudantes tornar as lições aprendidas em “profundos instrumentos de mudança”.
“Os estudantes que viveram através da pandemia vão ver o mundo de forma diferente”, previu.
“Vocês viram a queda de um mundo, mas também viram um mundo em rápida mudança – por vezes, mais durante uma semana do que alguns de nós experimentaram ao longo de décadas”, concluiu.
In: Portugal News (AICEP) | 📸 Expresso
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