O Vitória jogou com o Sporting pela 165ª vez, em jogos de competições diversas. Para Liga ou campeonato foi o 151º jogo, e em casa foi o 76º confronto.
A história do jogo, de Sábado, à noite, foi uma vulgar repetição, de confrontos entre os dois cubes, ainda que com protagonistas diferentes.
O Sporting ganhou em Guimarães pela 38ª vez, onde antes tinha empatado em 23 jogos e perdido em apenas 15, na maior competição doméstica de futebol.
Ou seja, o 76º jogo, entre os dois emblemas, consolidou o poderio dos leões e a sua superioridade manifesta, independentemente do 0-4 que fica para a história. Em 2017/18, o resultado tinha sido de 0-5.
Números e estatísticas à parte, resta dizer que a derrota do Vitória não foi estranha, dado o momento das duas equipas. E a sua carreira neste campeonato, em que o Sporting se mostra mais campeão do que noutras épocas e o Vitória menos europeu do que nas épocas passadas.
No futebol, há leis que não mudam: uma delas é que há sempre três resultados possíveis, num jogo de futebol; outra norma é a de que ninguém ganha por obrigação – e neste caso por muito que desejassem os seus adeptos, o Vitória não tinha a obrigação de ganhar ao Sporting e os seus jogadores actuais apenas deveriam deixar sinais de empenhamento para tentarem outro resultado; outra norma, é a de que os milagres no futebol fazem-se, antes do início da época, na preparação e na planificação do plantel, na escolha de treinadores e de jogadores, e não nos dias de jogo.
© Marco Jacobeu
O que se viu, na noite, de Sábado, obedeceu a estas regras simples do futebol. O Vitória não podia querer ganhar apenas por uma obrigação, ditada não se sabe porque critérios, os jogadores que entraram em campo, fizeram o que melhor sabiam, e o milagre não aconteceu porque o trabalho de preparação e planificação desta época não correu bem antes do início da temporada.
É claro que, quando o Vitória perde, a nação vitoriana chora, explode de raiva, a alma do clube sofre com a impotência dos jogadores que vão para o relvado, como quem vai para uma missão impossível. E neste caso, com uma exibição sofrível, a espaços com algum brilho, para o Vitória ganhar só mesmo com um milagre que transformasse a equipa num monstro do futebol e o Sporting num anão, deste jogo colectivo, feito de artistas e trabalhadores.
Claramente, a equipa do Vitória, neste jogo, não podia fazer mais – apesar da exigência que os adeptos lhe colocam nas costas, de ganhar a todo o custo – porque não tinha artistas da bola, nem trabalhadores incansáveis para bater um adversário que jogou simples e de forma alegre, com jogadores jovens portugueses em início de carreira para serem craques.
O Vitória, carregando, o romantismo dos seus adeptos, as manobras tácticas dos seus dirigentes que se julgam conhecedores do fenómeno, mais pelo lado da afeição ao clube e da bancada, onde assistem aos jogos, acabou derrotado por uma equipa globalmente organizada, dentro e fora do campo.
O que se viu no relvado, foi uma equipa desconcertada – também por mérito do adversário – sem processos de jogo assimilados, com jogadores pouco rotinados e competentes para o adversário que tinham pela frente.
O resto, é uma derrota por quatro golos de diferença que podiam ser mais mais e que espelha a realidade actual de uma equipa que lidera o campeonato e outra que tenta remendar os retalhos em que se transformou e se quer construir, por erros sucessivos do passado, com jogadores novos que aspiram a ser potros mas que se tornam em carne para canhão…
Realidades e ilusões:
- O Sporting ganhou, mais uma vez, em Guimarães, agora contra uma equipa macia, inexperiente, construída na base das ideias de dois treinadores, que procura estabilidade. Este Sporting, é já uma realidade deste início de campeonato;
- O Vitória, perdeu, mais uma vez contra um Sporting leão, bem orientado, com jogadores promessa, um esquema de jogo definido, um estilo futebolístico aprimorado, pois, chegava facilmente às costas da defesa vitoriana. E, também, com sorte, porque marcou um golo, em jeito de dupla tabela, em que a bola foi sempre para o lado errado, entrando na baliza de Bruno Varela.
- A ilusão de que a equipa do Vitória é uma equipa talhada para todos os jogos, os quais tem de vencer apenas porque o seu treinador manda ou deseja, deve ser desfeita rapidamente para que não se pense que vamos ser campeões e chegar à Liga Europa só porque nos dizem ou porque desejamos;
- Com o Sporting, o Vitória nunca se encontrou, quando era suposto estar melhor à 7ª jornada, com um conjunto mais sólido, um processo de jogo que se adivinhasse e uma estratégia montada que fizesse antever o futuro;
- A defesa que tinha sido até agora o sector mais coerente e coeso, acabou desbaratado, com auto-golos, sem que Bruno Varela tivesse oportunidade para se mostrar, tal a facilidade com que os golos adversários foram obtidos;
- Este jogo, deixou uma lição: se combatermos o excesso de optimismo e jogarmos sem pressões inadequadas ao valor da equipa, talvez as coisas se componham. E neste caso, Quaresma pode estar a desperdiçar o seu talento numa conjuntura de jogos, de avanços e recuos;
- João Henriques deve conter o seu discurso de que o Vitória entra em todos os jogos para ganhar, até para não banalizar o espírito de conquista… quando isso acontecer!
- A nação vitoriana, também, deve conter os seus desejos e esperar mais tempo para saborear as suas conquistas. Não se pode pedir a uma equipa de juniores que conquiste o acesso à Liga Europa, antes do tempo, e como se fosse uma autêntica equipa sénior e profissional;
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