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Segunda-feira, Novembro 25, 2024

Taça de Portugal: Varela segura Vitória

O Vitória esgotou todos os recursos de um jogo para continuar na Taça de Portugal. Sem soluções no tempo regulamentar e no prolongamento, só nos penalties bateu o Arouca.


Foi uma espera em sofrimento até chegar ao triunfo. Desde que o jogo começou até aos 90′. E depois até aos 120′. E mesmo nos penalties quando Sílvio atirou à barra e Bruno Varela susteve o último remate de um jogador do Arouca.

A equipa do Douro Litoral, não dava sinais de ceder e o Vitória mostrava como não sabia ultrapassar o primeiro adversário nesta competição, onde aparecem tomba-gigantes. E os favoritos se transformam em perdedores.

Todos os vitorianos saborearam o desfecho final agridoce do jogo mas desgostaram do futebol praticado, das soluções encontradas em cada lance, do estilo adornado para a exibição, quase sempre confrangedora, incipiente, pobre.

A constatação era evidente: para além do nome dos jogadores e do seu palmarés, o Vitória deixava em campo a imagem de impotência e de uma tristeza persistente: qualquer equipa pode-se-lhe opôr e mostrar até um fio de jogo distintivo, esquematizado, claro, de jogar com bola e sem bola.

João Henriques fez algumas apostas, num jogo que era aparentemente fácil, variando no onze, numa tentativa de mostrar alguma consistência futebolística de um plantel construído como promessa. Quem vê o Vitória jogar rapidamente se confronta com um passado glorioso, de boas equipas, bons jogadores e uma atitude futebolística de marca, uma memória sempre em confronto com uma realidade actual penosa.

A implantação dos jogadores em campo nota-se, pois, sabe-se quem é o guarda-redes, o defesa direito, o médio e o avançado. Mas e o conjunto, e o plano e rotina de jogo, a táctica?

© FPF

O que se entende quando seguimos com atenção a manobra da equipa? É difícil seguir o fio de jogo, ao contrário dos adversários que estabilizaram já processos e a quem só lhes falta jogadores com qualidade para concretizarem jogadas com princípio, meio e fim. Foi isso que se viu no Arouca e não se viu no Vitória.

Os adeptos vitorianos perante este cenário, aguardaram sempre pelo melhor. E por uma transformação. Ou até um milagre. E com a sua natural ansiedade, aceitaram que no prolongamento até aos 120 e mais alguns minutos, houvesse um volte face. Quiçá, alguém pensou que o Vitória pudesse ganhar pelo cansaço ao seu adversário mais activo e mais interveniente no jogo.

Porém, tudo haveria de ficar nas mãos de Varela, já na fase dos penalties, depois de a equipa lograr um empate sem golos, em mais de 120′ de jogo. E todos ficaram à espera, de coração nas mãos, entregues à inspiração de um guarda-redes e ao acerto e frieza de quem chutaria a bola para a baliza contrária.

O que a equipa não tinha feito, com a sua força colectiva, era deixado para os jogadores que individualmente tinham de resolver a partida num chuto apenas: seriam cinco a rematar para a baliza contrária e Varela sozinho a fechar a sua baliza a sete chaves. E assim aconteceu… Bruno Varela garantiu o 7-6 final ao defender o sétimo penalti do Arouca.

O Vitória segue na Taça de Portugal por entre os pingos da chuva de uma exibição que não agradou nem a gregos nem a troianos.

O Vitória alinhou com Bruno Varela, Zié Outtara, Jorge Fernandes, Munin e Sílvio na defesa, Miguel Luís (André André 65’), Pepelu e André Almeida (Noah Holm 79’) no meio campo, e na frente com Rochinha, Bruno Duarte (Edwards 79’) e Quaresma (Maddox 45’). Os penalties foram marcados por André André, Pepelu, Maddox, Rochinha, Sílvio (falhou), Noah e Jorge Fernandes.

© Vitória SC

Uma taça de reflexões…

  • “Não fomos pragmáticos no último terço mas em 75 minutos, a jogar com menos um, conseguimos criar oportunidades suficientes para termos evitado as grandes penalidades. Fomos mais competentes e passamos, com toda a justiça, à próxima eliminatória”. Foi desta forma como o treinador justificou o labor da sua equipa. É claro que jogar com 10 pode ser um pretexto mas não explica tudo. Por isso, há que entender a realidade e não fazer de conta.
  • “A justiça foi feita porque, acima de tudo, o Vitória mostrou que tem um grupo de trabalho solidário. Com menos um jogador em campo, evitámos que o adversário conseguisse fazer golo”, disse também João Henriques, defendendo que “o Vitória fez a exibição necessária para ultrapassar um adversário difícil” sem marcar golos.
  • A expulsão de Zié Ouatarra não tem contestação, porém, o que não justifica é que a segundos do descanso o jogador tenha feita uma abordagem à craque, deixando no ar a sua falta de experiência, um erro que influenciou o comportamento da equipa.
  • O melhor guarda-redes da Liga, premiado pelo desempenho e exibições nos meses de Setembro e Outubro, mostrou mais uma vez que decide e resolve quando os avançados não marcam. Bruno Varela revela-se como a aquisição mais acertada de quem decide a contratação de jogadores no Vitória. Não fora o seu rendimento altíssimo e o Vitória, estaria noutra situação no  campeonato e na Taça de Portugal.
  • Sobre o Arouca, é João Henriques que define o adversário vitoriano neste primeiro confronto da segunda mais importante competição do futebol português. “O Arouca já mostrou – sublinha – que tem uma equipa bem organizada, bem orientada, que vai estar nos primeiros lugares da II Liga e que não perde em casa desde Abril de 2019. Estamos conscientes do peso que esta prova tem para o clube, isso faz com que estejamos muito empenhados em fazer um bom jogo. Estamos muito comprometidos com esta competição, em que o Vitória quer chegar longe”. Convém, que se saiba que não há mais Aroucas, e que se a exigência não for maior, a ambição pode ser tolhida à nascença.

© 2020 Guimarães, agora!

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