A relação entre os adeptos e a equipa do Vitória não é, nem de perto, nem de longe, um problema de ordem pública. É um amor que não compete à PSP separar…
O que é normal, em Lisboa ou no Porto, entre os adeptos do Sporting e do Benfica e os do Porto, não é normal em Guimarães entre os adeptos e o Vitória.
É por isso que as notícias sobre os distúrbios em Guimarães são mais sonantes do que nas grandes cidades do país futebolístico.
Há quem tenha medo de denunciar a discriminação de tratamento, dada pela mesma força policial, consoante o clube seja o Vitória ou um dos grandes. É o mesmo que se passa ou passava com os árbitros, em que uma mão na bola não era a mesma coisa que bola na mão, se o lesado fosse o Benfica, Porto ou Sporting.
Este estigma por Guimarães, pelo VSC e pelos seus adeptos é que é insuportável para qualquer vimaranense. Um adepto do clube, lamenta “que o meu Vitória seja sempre o exemplo do mal do país e que Guimarães seja um local de experiências policiais, uma espécie de campo de tiro” – disse recusando dizer o seu nome, já depois de ter visto o “espalhafato na TV”.
Os mesmos cidadãos que se colocam à espera da sua equipa, expressando a seu modo, o fervor clubístico, em jogos grandes, são aqueles que no dia seguinte vão trabalhar, frequentam cafés e sedes de associações, andam na rua como vulgares cidadãos.
O que se tem notado é que a PSP não perde o estigma que tem para com estes adeptos e pelo clube, sabendo que qualquer desacato é transformado numa rebelião, porque aparentemente há quem queira mostrar serviço, na própria corporação que não actuando preventivamente, ataca despudoradamente, mesmo que seja contra mulheres.
À volta deste estigma pelo clube, pelo futebol, todos se calam. Para alguns, o Vitória e os seus jogos são um instrumento de propaganda, vão ver o futebol sem pagar, sentam-se em lugares luxuosos mas na hora da verdade quando o clube e a cidade são “chicoteados” sem razão, ninguém ergue o braço ou lança um grito, encabeça a revolta, deixando que a cidade de Guimarães e as suas gentes, se transforme no Far West e os seus pacatos cidadãos se transformem numa espécie de guerrilheiros.
No último jogo, com o Braga, tal como no primeiro, na abertura do campeonato, os adeptos – agora impedidos de frequentar estádios por causa da pandemia – cumpriram o seu ritual de apoio, que já não é novo, utilizando tochas, num espaço reduzido, à porta da entrada dos balneários, expressando o seu sentimento clubístico, antes de um jogo entre rivais. Se o estádio estivesse aberto ao público, o espectáculo seria o mesmo, com a mesma encenação e as mesmas ferramentas.
Em defesa, de uma ordem pública, muito “sui generis”, os agentes da PSP sentiram-se acossados e ultrapassaram as grades que marcam o perímetro de segurança e investiram à bastonada, contra os adeptos, não como quem quer apagar as tochas ou interromper a manifestação, mas confrontando os vitorianos com violência gratuita.
O Vitória reagiu manifestando “o seu profundo incómodo perante a desproporcionalidade da acção das forças de segurança” e em face disso solicitou relatório da operação à PSP.
A direcção do clube, lembrou que, no mesmo fim de semana desportivo, concretamente na Fórmula 1, no Algarve, com uma presença “massiva” de espectadores, a polícia não interveio, quando estava em causa a segurança sanitária de cidadãos. E acentua a sua indignação pela prática de actos de polícia “tão diferenciados” que levam a que se pense que “há normas para uns e normas para outros”.
“A diferenciação negativa de que o futebol tem sido alvo, não pode acrescentar um estigma particular sobre os adeptos do Vitória”, lembra a direcção que também se insurge contra o facto de que o “uso da força se torne discricionário”, deixando claro ser inaceitável “o silêncio daqueles a quem cabe garantir que jamais nos confrontemos com uma suspensão constitucional e a instauração de um estado policial”.
A PSP reagiu, entretanto, dando conta de que a sua intervenção junto dos adeptos do Vitória, tinha a intenção de “impedir a prática” de utilização “de vários artigos pirotécnicos”, uma actuação que teve o condão de reprimir o acto e não de o evitar. Até que as tochas se incendiassem, a PSP manteve-se à distância, rejeitando qualquer atitude preventiva.
Agora, a força policial esclarece que “procedeu ao levantamento de vários autos, para responsabilizar as pessoas identificadas”, numa caça às bruxas como aconteceu com o caso Marega, quando um estádio inteiro se insurgiu contra a reacção do jogador do FC Porto, de manifesta provocação para com os adeptos do VSC, e depois apenas alguns foram sujeitos a procedimento criminal.
A PSP, pelo seu comando, não consegue explicar como sendo a manifestação de um conjunto de vitorianos, só alguns deles, entre fumos e confusão, tenham sido considerados culpados, de um sentimento colectivo.
Alega ainda a PSP que naquela manifestação, os adeptos “não observaram as regras de distanciamento social”, situação que não preveniram, uma vez que a própria polícia já se encontrava no local há algum tempo. E foi condescendente com ela. Acrescenta que os adeptos do Vitória juntaram-se “em grupos de dimensão superior a cinco pessoas”, esquecendo o que se passou na recepção da claque do Benfica, no jogo com o Rio Ave. Deixando claro que não foi contra este ajuntamento que se justificou a sua investida.
Pelo teor da nota, a PSP quer fazer da sua actuação em Guimarães, mais um exemplo, alertando “aos simpatizantes dos clubes para a necessidade absoluta de, num contexto de pandemia, ser mantido o rigoroso cumprimento das regras de protecção da Covid-19” como se o que foi presenciado no autódromo do Algarve fosse um mero delírio. E nem sequer tivesse acontecido…
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E simplesmente uma vergonha, ja nao e de hoje a policia de Braga agride gratuitamente, ou isto para ou um dia a casa vai abaixo..país de balofos, é nojento esta situação!!! Por Guimaraes..Vitoria Sempre!!!