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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

UMinho: livro sobre as mulheres na ditadura da lusofonia

É o mais recente livro lançado pelo CEHUM e destaca a relação de várias mulheres com a ditadura.


“Womanart – Mulheres, Artes e Ditadura”, envolve vinte autores de cinco países e estimula o debate sobre a relação das mulheres com regimes totalitários.

O livro sendo o mais recente lançamento do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM) destaca a relação de várias mulheres com a ausência de liberdades democráticas como Paula Rego, Maria de Medeiros ou Alice Vieira, e pretende ser um contributo significativo para debater esse período antidemocrático na lusofonia. 

A publicação é de acesso livre e tem o título de um projecto científico em curso no CEHUM, que é apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Com reflexões sobre o percurso da artista plástica Sarah Afonso, a arte das pintoras Helena Almeida e Paula Rego, o cinema de Maria de Medeiros e Susana Sousa Dias ou a poesia de Alda Lara (Angola), Alda do Espírito Santo (São Tomé e Príncipe) e Noémia de Sousa (Moçambique), aborda “a pós-memória, herdada nas narrativas familiares, mapeando fantasmas e fantasias imperiais e fascistas que moldaram as gerações actuais”.

Lembram-se “as manifestações de propaganda e de resistência exploradas no feminino, desde o cinema até à literatura ou às artes visuais”

© Direitos Reservados

Há vários estudos ligados ao Brasil, sobre o activismo das brasileiras em movimentos políticos e na escrita, o teatro da dramaturga Consuelo de Castro e a reduzida presença de autores afro-brasileiros no acervo das bibliotecas daquele país, “uma marca de um preconceito histórico”

Na parte final surgem análises críticas a obras de relevo na área, como o filme Sambizanga, de Sarah Maldoror, sobre a repressão do Estado Novo em Angola, ou a colaboração da escritora Teolinda Gersão com um excerto sobre a censura de “Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo”.

A colecção “Diacrítica” passa a incluir este volume em cujas 287 páginas se aborda esta temática, sendo a coordenação de Ana Gabriela Macedo, Margarida Pereira, Joana Passos e Márcia Oliveira, com colaborações de autores das universidades do Minho, Coimbra, Católica de Lisboa, Bolonha (Itália), Wisconsin (EUA), Nottingham e Oxford (Reino Unido), Federal de Pernambuco, Federal do Rio Grande do Norte, Estadual do Norte do Paraná e do Estado de Santa Catarina (Brasil).

Influência nas artes e na pedagogia

O grupo de investigação em Género, Artes e Estudos Pós-coloniais do CEHUM, desenvolveu este projecto científico que se assume como “exemplar no compromisso da academia portuguesa com o estudo da História recente e os seus reflexos sociais e ideológicos”. E destaca manifestações artísticas e intelectuais a partir das artistas e activistas, explorando paralelos entre o Estado Novo (1933-74) e a Junta Militar brasileira (1964-85), que recorreram à violência sobre os adversários e ao silêncio perante os contornos obscuros do regime.

Mostra ainda como, “nas artes contemporâneas, a memória da ditadura e do colonialismo é uma matriz inspiradora e tem uma dimensão pedagógica para as novas gerações pensarem e reconhecerem aquelas formas de opressão e desumanidade”

O Womanart já realizou, desde 2019 ciclos de cinema, de workshops e de seminários para o público em geral, a par de oficinas de escrita, masterclasses, um curso breve, comunicações em congressos e vários estudos. Em Novembro realiza também uma conferência internacional. Tem os sites ceh.ilch.uminho.pt/womanart e bit.ly/gapscehum.

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