Não é o mesmo, nem é excepção mas também não podia ser a mesma coisa. O Guimarães Jazz, à 29ª edição, calhou em sorte, em ano da pandemia por causa da contaminação da Covid-19.
Adaptar-se aos tempos reais, é a marca de todos os espectáculos culturais. E o Guimarães Jazz não podia ser excepção. Não é o mesmo, na forma, no modo e no conteúdo. Mas é o possível, no contexto actual, de restrições de hábitos, de mobilidade reduzida. E realiza-se com a mesma alma, das edições anteriores, adiando expectativas para uma edição comemorativa dos 30 anos, em 2021.
Contudo, pode dizer-se que “tudo isto… é Jazz”, porque o conteúdo musical não se altera e apenas será interpretado por artistas e músicos, que residem em Portugal, alguns de nacionalidades diferentes.
A forma do festival não muda o conceito, nem lhe fere o prestígio. Ivo Martins, o seu director artístico, salienta que o objectivo principal foi o de “manter o festival, lutar pelo festival”, num tempo condicionado que interrompe o que era a vida de um cidadão normal.
Também, no modo, o Guimarães Jazz 2020, será diferente, porventura mais europeu porque a hora em que os espectáculos se realizam, pouco comuns para os nossos hábitos latinos, encaixam nos padrões e estilo de vida da Europa central e do norte, mais perto do jantar (19h30) e com horas de antecedência da ceia, aproveitando o fim de semana e as manhãs de Sábado e de Domingo, para encontros com a música.
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O Guimarães Jazz será, pois, um festival mais português ainda que com músicos estrangeiros residentes em território nacional mas com a garantia de que se ouvirá na mesma Jazz, a tal música quente, para tempos frios… que se vivem em Guimarães.
O director artístico fala de problemas de vária ordem, na organização do festival. E anota “as componentes que lhe faltam” que o distinguiam, também, pela existência de jam sessions, no Convívio, workshops e outras nuances que tiravam o festival do CC Vila Flor para se incorporar na vida normal da cidade e dos cidadãos. “Estamos aqui para enfrentar este conceito especial do Guimarães Jazz, de forma digna” – ressalva Ivo Martins.
O presidente da direcção de “Convívio” – parceiro na organização do festival – admitiu que “ninguém levaria a mal se o festival não se realizasse” mas como “é um festival contra a corrente”, capaz de “suscitar sentimentos contraditórios”, houve “um forte empenho em o promover”, neste ano de pandemia.
No entanto, crê, que “apesar de ser uma pequena loucura avançar com o festival, a sua marca de ser contra a corrente, ajuda o festival a crescer”.
Lamenta, ainda, que tudo o que era subjacente ao festival e que se realizava no “Convívio”, as jam sessions e os convívios com os artistas, limite o festival e a sua envolvência na cidade. E sobretudo se perca mais uma oportunidade para “envolver os jovens e servir de palco para mostrarem a sua qualidade”.
Para além, das contrariedades, Adelina Pinto, vereadora da Cultura, considera que o facto de o Guimarães Jazz acontecer, “é um momento feliz” porque significa que o festival resistiu às limitações da pandemia e cumprindo as regras da DGS – um compromisso assumido e obrigatório – continua a ser uma peça importante da programação cultural, em Guimarães.
“O Guimarães Jazz, tem um carácter icónico e vai dar um contributo que permita aliviar o stress da pandemia a manter acima da linha de água a vida das pessoas, e a cultura é fundamental para isso” – sublinhou.
O festival realiza-se no CC Vila Flor, espaço com 800 lugares, dos quais apenas podem ser ocupados 396 (sentados), dispostos na sala de modo a garantir a distância entre espectadores e sem qualquer vulnerabilidade nas entradas e saídas.
Neste festival “possível, entre não ter nada e ter alguma coisa” – como referiu a Vereadora – há no programa nove concertos, que se realizarão de manhã (10h30) ou à noite (19h30), com a presença dos artistas que abaixo se discriminam.
Programa:
12 novembro | CCVF / Grande Auditório / 19h30
– Andy Sheppard Costa Oeste
13 novembro | CCVF / Grande Auditório / 19h30
– Peter Evans | Duo Set (1ª parte) The Book of Void (2ª parte)
14 novembro | CCVF / Grande Auditório / 10h30
– César Cardoso Ensemble | Dice of Tenors
15 novembro | CIAJG / Black Box / 10h30
– Projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz | Sombras da Imperfeição Concerto Desenhado (Hugo Raro, Miguel Amaral, Rui Teixeira, Alex Lázaro, JAS)
17 novembro | CCVF / Grande Auditório / 19h30
– Projeto Big Band ESMAE / Guimarães Jazz
18 novembro | CCVF / Pequeno Auditório / 19h30
– Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz (Miguel Carvalhais, Pedro Tudela, Gustavo Costa, Rodrigo Carvalho)
19 novembro | CCVF / Grande Auditório / 19h30
– Radiohead Jazz Symphony & Orquestra de Guimarães
20 novembro | CCVF / Grande Auditório / 19h30
– Julian Argüelles | Aqui e Agora
22 novembro | CCVF / Grande Auditório / 10h30
– Pedro Melo Alves’ Omniae Large Ensemble
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