São seis espectáculos e duas estreias em dois fins de semana para marcar a edição de 2022 dos Festivais Gil Vicente.
A cidade festeja o dramaturgo que viveu entre 1465 e 1536. Gil Vicente é para muitos o pai do teatro português e em honra do qual foi institucionalizada uma iniciativa, de nome Festivais de Gil, uma forma de resgatar o grande dramaturgo e poeta, e cujo local de nascimento é Guimarães.
Por isso, teatro pode ver-se a partir de hoje com três espectáculos marcados para Quinta, Sexta-feira e Sábado, dois no Centro Cultural Vila Flor e um na Plataforma das Artes, todos a partir das 21h30.
TRATADO, A CONSTITUIÇÃO UNIVERSAL \ 2 DE JUNHO 21H30 \ CCVF
📸 Simão do Vale Africano
Os sinais que brotam da programação deste ciclo teatral são os da aposta que é feita em novos protagonistas do teatro, criadores como Diogo Freitas e Sara Inês Gigante, Victor de Oliveira, Sofia Santos Silva, Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu.
São nomes desconhecidos do cidadão comum mas nomes emergentes da criação nacional ligada à actividade teatral.
As peças que serão apresentadas envolvem-se num conceito simples: um olhar questionado sobre o mundo. O mote exigido pelo programador de A Oficina, Rui Torrinha.
MASSA MÃE \ 3 DE JUNHO 21H30 \ CCVF
“Reflexo de um investimento no futuro”.
“Cinco dos seis espectáculos apresentados são co-produzidos pela A Oficina, reflexo de um investimento no futuro e na esperança depositada numa geração de criadoras e criadores que abrem caminho a outras perspectivas de interpretar e construir o (nosso) mundo” – salienta uma nota sobre os festivais.
Num texto abaixo, pode ler-se um pouco mais sobre cada um dos três espectáculos iniciais da edição deste ano dos festivais.
LIMBO \ 4 DE JUNHO 21H30 \ CIAJG
📸 Direitos Reservados
Mas não há só representação de textos ou dramaturgias de novos autores e artistas. Um conjunto de actividades paralelas envolvem o Teatro Oficina, a companhia da cooperativa A Oficina que gere a promoção cultural do Centro Cultural Vila Flor.
Há workshops de teatro, “Depois do Fim: um ciclo sobre quando a escola acaba” com a actriz Beatriz Batarda e, também, jornadas de teatro dedicadas a estudante de teatro e jovens profissionais.
A 34ª edição dos Festivais Gil Vicente abre esta quinta-feira com a estreia de “Tratado, A Constituição Universal”, o último espectáculo do ciclo “Democracia e os anos 90”, da Momento - Artistas Independentes. Nos Estados Democráticos Unidos, cada Estado é governado por um diferente tipo de regime, lá os conceitos de naturalidade e migração não existem. A cada cinco anos é realizado o Dia Internacional do Voto, onde todos os cidadãos são convocados às urnas. A partir daí, cada cidadão viverá nos próximos cinco anos no Estado correspondente ao ideal expresso através do voto. Um mês depois, a mudança automática de emprego é realizada, a mudança para o novo Estado é feita, o conceito de família é dispensado. Mas o caos instala-se quando a rivalidade entre os Estados toma proporções incontornáveis e o Grande Estado Conservador proíbe os cidadãos de comparecerem ao Dia Internacional do Voto.
Sara Inês Gigante também estreia “Massa Mãe” nos Festivais Gil Vicente, uma peça em que encontramos uma gaiata a esmiuçar parte da sua identidade - a que está bordada com corações minhotos. Esta minhota puxará a brasa à sua sardinha, mas também irá preparar terreno para tirar nabos da púcara. Vamos até ao tempo da Maria Cachucha brindar com vinho verde enquanto acertamos agulhas, que parece haver um ou outro empecilho ainda em banho-Maria. Não é tudo farinha do mesmo saco, mas quase tudo do saco desta minhota que já em garota falava pelos cotovelos, mas isso... são outros quinhentos. Há tradições (ou convenções?) a dar c’um pau, e umas não são grande espiga, outras andam aí vivaças da silva e com saúde de ferro. A verdade é que todos comemos do pão que o diabo amassou e ainda lambemos os beiços a seguir. Mas hoje é esta minhota que amassa a broa. Bom apetite.
Considerado um dos espectáculos mais marcantes de 2021 pelo jornal Público, “Limbo” questiona os conflitos de identidade dos mestiços (Mulatos) e os horrores da colonização e da política de hierarquia de raças, para perceber o lugar que ocupam, actualmente, os afrodescendentes nas antigas potências colonizadoras europeias. “Limbo” é acima de tudo um questionamento íntimo. Victor de Oliveira nasceu na cidade de Maputo, em Moçambique, passou a adolescência em Portugal e vive actualmente em Paris. Neste monólogo, parte da sua própria experiência de vida para tentar compreender por que razão a disparidade entre brancos e negros é ainda abissal e os problemas são ainda relativamente os mesmos.
📸 A Oficina
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