A cerimónia de posse dos órgãos municipais eleitos para um novo mandato – e um ciclo político – foi concorrida. Não apenas pelos eleitos – só um não tomou posse e o que renunciou já foi substituído – mas, também, pelos convidados – mais ligados ao novo poder de Santa Clara – e aos lobbies. E mais alguns que já mudaram de lado – e mexem-se para condicionar o poder instituído aparentemente mais ingénuo e frágil do que pode parecer apesar do seu deslumbramento e euforia.
A aclamação de Ricardo Araújo, como novo monarca do poder municipal mereceu fortes aplausos, num acto oficial marcado pela familiaridade, afectos e submissão de uns tantos, realizado no auditório Francisca Abreu, do Centro Cultural Vila Flor.
Como salientou o novo presidente da Câmara, no seu discurso, “estamos aqui a celebrar algo maior do que qualquer resultado eleitoral: celebramos a força viva da democracia”.
E, de facto, “a democracia somos todos nós – cada voto, cada voz, cada esperança depositada nas urnas, cada acção, cada passo, cada serviço prestado, cada obra”. E será essa democracia que tornará o exercício do poder – na Câmara e no Parlamento local – mais exigente a tarefa de governação, mais sujeita ao escrutínio – se a sociedade e a oposição forem fortes – com o ónus da transparência associada a cada decisão.
Se os eleitores e os vimaranenses falaram a 12 de Outubro, Ricardo Araújo entende que o fizeram, dizendo com “clareza, coragem, afirmando a vontade de mudança”. Vincou que o grito dos cidadãos se fez na hora – ou seja nesse dia – evidenciando “alto e bom som, que em democracia não existem vencedores nem derrotados antecipadamente”. Mais do que a troca do pessoal político, a continuação de um regime ou a governação de um partido, os eleitores disseram “o que querem e anseiam: um futuro melhor”.
“Que lição de maturidade, cidadania e liberdade nos deram os vimaranenses nestas eleições autárquicas” – afirmou o novo presidente eleito e empossado.
Falando sobre o grito da cidadania, ao jeito de um basta, expresso em números – de votos e mandatos – Ricardo Araújo lembrou que 70% dos votantes – muito mais que a média nacional e acima das últimas eleições autárquicas – mostraram “com serenidade e firmeza que a democracia vive – no coração de quem participa, de quem escolhe, de quem acredita”, para além da parafernália de cartazes, de apelos ao voto, de slogans, de paletes de fotografias e vídeos caseiros.
“A liberdade, não é um dado adquirido, é uma conquista diária de que os vimaranenses não abdicam.”
Noutro ângulo da interpretação dos resultados, o homem a quem agora foi confiada a afirmação de Guimarães, sustentou que os eleitores “mostram que a liberdade, não é um dado adquirido, é uma conquista diária de que os vimaranenses não abdicam”.
Satisfeito pelo voto dos homens e mulheres de Guimarães que lhe deram a vitória eleitoral, destacou o feito de tal outorga de poder, através do voto livre, como sendo “de maioria absoluta para a Câmara, e de maioria simples para a Assembleia Municipal para a coligação Juntos por Guimarães”, sem esquecer que os vimaranenses deram “ao Partido Socialista o maior número de votos para as Assembleias de Freguesia”.
Uma afirmação da leitura política dos votos expressos, em que “os vimaranenses quiseram e souberam fazer escolhas e que nem sempre foram coincidentes”, conforme o órgão autárquico.
Estas escolhas, deram-lhe o mote para afirmar e contrariar uma máxima de que “o povo vota sempre nos mesmos e que por isso o poder se eterniza”. Um sabor democrático do seu feito eleitoral que ainda comemora e que ficará na história do poder local.
Se os resultados “conferem estabilidade ao executivo municipal”, Ricardo Araújo sublinha, no entanto, que “recomendam diálogo e negociação com as oposições”, nos diversos órgãos do Município e “uma colaboração de proximidade com as Juntas de Freguesia”, sempre “num verdadeiro espírito democrático e respeito pelas escolhas do povo”.
A lição que fica é, pois, a de que “saibamos aprender com esse exemplo, saibamos honrar com os nossos actos e a nossa voz, o maior valor de todos: o de sermos livres e de sermos todos construtores de uma sociedade democrática, através do diálogo e da participação cívica”.
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