Em Guimarães vai começar um novo ciclo político com a eleição do até agora líder da oposição. Por isso, importa refletir sobre o estado atual da cidade, para que daqui a quatro anos seja possível fazer um balanço rigoroso e real da atuação do novo executivo.
“Durante décadas, o concelho foi um dos motores económicos do Minho e do país, impulsionado pela indústria têxtil e de calçado.”
Temos uma cidade de enorme património histórico e cultural, mas que tem vindo a perder centralidade tanto a nível regional, como nacional. Durante décadas, o concelho foi um dos motores económicos do Minho e do país, impulsionado pela indústria têxtil e de calçado. No entanto, nos últimos anos, os sinais de declínio são evidentes e preocupantes.
- 1. Problema da habitação e do emprego
O mercado de trabalho local tem sofrido um abalo significativo. O desemprego em junho deste ano rondava os 6,1%, acima da média nacional (5,8% – dados IEFP), e a falta de oportunidades leva muitos jovens a procurar alternativas noutras cidades, como Famalicão, Braga e Porto. A dependência do setor turístico embora em crescimento, não garante um desenvolvimento sustentável e diversificado. Adicionalmente, a habitação tornou-se um problema sério: o preço por metro quadrado aumentou 20% nos últimos três anos, situando-se nos 1.600€/m² (fonte: Confederação do Imobiliário de Portugal), tornando-se proibitivo para a maioria da população.
- 2. Falta de dinâmica empresarial
A falta de investimento e de dinâmica empresarial é outro fator determinante nesta perda de relevância. Segundo dados mais recentes do INE, em 2023, ano recorde para criação de empresas em Portugal, foram registadas no concelho de Guimarães apenas 602 novas empresas (que com as 211 dissoluções, resulta num saldo líquido de 391 de novas empresas), em Braga foram 1107, por exemplo. Em relação ao volume de negócios, Guimarães apresenta 6,7€ mil M, enquanto Braga teve 10,1€ mil M e Famalicão 7,5 mil M.
A carga fiscal elevada, a falta de infraestrutura adequada, de incentivos e de investimento dificultam a atração de novos negócios e, como consequência, a perda de novas vagas de emprego.
- 3. Diversificação da economia do concelho
Apesar deste cenário desafiador, é possível reverter a situação. Para que Guimarães volte a ser uma cidade central e influente, é necessário adotar estratégias concretas e eficazes. Uma das soluções passa pela diversificação da economia. Apostar em setores emergentes, como a tecnologia e a indústria criativa, é fundamental. As instituições de ensino, nomeadamente a Universidade do Minho, devem desempenhar um papel crucial neste processo, impulsionando o conhecimento e a inovação.
- 4. Apostar em infraestruturas
As infraestruturas e acessibilidades também devem ser melhoradas. A ligação ferroviária à linha de alta velocidade entre Porto e Braga, bem como a modernização da rede viária (em especial a circular urbana), deverão ser prioridades num futuro próximo pois iriam facilitar a mobilidade e centralidade, tornando Guimarães mais atrativo para empresas e residentes.
- 5. Valorizar cultura e património
A cultura e o património devem continuar a ser valorizados, mas de forma equilibrada. Guimarães já demonstrou, com eventos como a Capital Europeia da Cultura em 2012 e a Capital do Desporto em 2023, que tem capacidade para se destacar internacionalmente. No entanto, é essencial que estas iniciativas culturais estejam alinhadas com uma estratégia económica sustentável. Se os vimaranenses não tiverem transportes, rendimentos e habitação dignos, não terão oportunidade de usufruir da oferta cultural e desportiva da cidade.
- 6. Colaboração da Câmara Municipal com os vimaranenses
Por fim, a colaboração entre Câmara Municipal, instituições académicas, setor empresarial e sociedade civil é essencial para definir um rumo estratégico comum. A cidade precisa de uma visão de futuro que conjugue tradição e modernidade, garantindo um desenvolvimento sustentável. A Câmara Municipal e os seus líderes não podem fechar-se dentro de portas a tomar decisões que impactam todos. É importante saber escutar e respeitar os anseios da população para tomar decisões transparentes e com a participação da sociedade civil e de especialistas.
Guimarães tem uma história de resiliência e inovação, devido ao grande capital humano. Se souber apostar nas oportunidades certas, poderá recuperar a sua centralidade e afirmar-se como um polo de desenvolvimento regional e nacional. O nosso concelho tem tudo para ser se tornar um exemplo de crescimento e prosperidade.
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