O desejo de passar por cima do tempo da Covid-19, é uma impossível viagem ao passado, porque o “new normal” estará aí para acentuar as mudanças que, para já, vieram para ficar.
Ninguém sabe o que vai acontecer a partir de Setembro. O “new normal” preocupa-se com novas práticas, novos processos, mas ainda pensa no futuro com a ideia do passado.
Por isso, vive um tempo em que a “dúvida é persistente” e ameaça tornar-se permanente. A vereadora não sabe muito bem como será esta viagem para a frente, para o futuro, quando é o passado que nos incomoda com um estilo de vida que há-de mudar alguma coisa.
Porém, na Educação, há, em Guimarães, “um sistema de ensino pensado e assente, na permanência dos alunos na escola, de manhã à noite”. E que a oferta de escolarização estende-se para além do ensino curricular e abrange “as artes, o desporto, o património e visitas de estudo”. E sobre estas áreas paira uma grande incerteza porque ninguém advinha o que está para vir. O tempo chuvoso e mais frio é uma certeza, normal, porque mudam as estações. Mas “o viver a escola, sentir a escola, habitar na escola”, pode não ser o mesmo.
Adelina Pinto projecta uma realidade, adquirida: “as escolas vão continuar a ter restrições muito grandes, as viagens de estudo serão limitadas, as actividades para além das aulas também” e algumas delas até seriam úteis, como o desporto, para ajudar os alunos a “ultrapassar o estado emocional em que vivem, desde meados de Março e sabemos que alguns não estão bem”.
O que aconteceu, de positivo, nas escolas, foi a aceleração do processo de digitalização de tarefas e processos. “Foi uma oportunidade muito grande” – reconhece a vereadora. “As escolas, os professores e os alunos, todos fizeram um caminho imenso e rapidamente, de se ligarem entre si, pelo uso das plataformas, pelo envio dos trabalhos”. Acredita que a escola “não vai esquecer este caminho desenhado”, até porque os alunos, já vivem “neste ambiente digital, consolidando a sua condição de nativos digitais, ainda que de uma forma algo excessiva”.
A vereadora deseja o regresso ao ensino presencial mas espera que “se aproveitem as potencialidades que o novo mundo digital oferece na Educação com as plataformas e a criação de ambientais digitais, porque são facilitadoras e são da linguagem já adquirida pelas crianças, pois permitem resposta mais eficaz à pedagogia diferenciadora e à resposta que se pode dar a cada criança”.
O que esta pandemia veio demonstrar é que se pode ter o melhor de dois mundos, na educação, ao mesmo tempo, depois do surto controlado: “o ensino presencial não pode ser substituído, tem como base a socialização, o contacto com o outro, a relação com o professor, o relacionamento interpessoal, com o adulto na escola, e para muitas crianças é o único ambiente saudável que elas têm”. Adelina Pinto crê que “a escola é isto tudo. Quando nós nos lembramos do nosso tempo, raramente nos lembramos de uma aprendizagem xis, do professor xis, lembramo-nos dos colegas, do que brincávamos no recreio, do professor que tinha uma relação privilegiada connosco mais no domínio da relação interpessoal e menos da aprendizagem”.
Por outro lado, o outro mundo, da digitalização da escola, do ensino, da aprendizagem, a vereadora defende que “o ambiente digital já se sentia na escola”, com o senão de “ser pouco apropriado, em algumas escolas, por parte dos professores e de não se perceber de tudo aquilo que ele potencia”. No mundo da digitalização da escola, ainda “há muito para fazer” para além daquilo a que a pandemia obrigou.
“O ambiente digital é muito mais rico, permite um trabalho de autonomia com o aluno, a pesquisa, o trabalho de grupo…”
“Vivemos – diz – uma réplica do que era o ensino presencial – só que à distância –, com o mesmo método, o professor explica a matéria, manda fazer uma tarefa”. Adelina Pinto reconhece que “o ambiente digital é muito mais rico, permite um trabalho de autonomia com o aluno, a pesquisa, o trabalho de grupo ou de projecto e permite à escola que se aproprie de outras valências que o ambiente digital pode trazer em benefício das crianças e jovens”.
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