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Domingo, Novembro 24, 2024

“São projectos demonstradores, de nível internacional”

A Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, dedicou um dia a Guimarães, para tomar nota dos projectos que a Câmara quer desenvolver na cidade e no concelho, com parcerias com a Universidade e com o Instituto Politécnico.
Foi um dia preenchido e que deixou a Ministra entusiasmada e inspirada no que viu, enaltecendo a ligação do Município com a Universidade do Minho (UM) e com o Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA). Ana Abrunhosa admitiu que muitos destes projectos têm nível internacional porque podiam ser implementados em qualquer parte do mundo. A Ministra acedeu, dar esta entrevista, por telefone, durante a viagem de regresso a Lisboa, uma deferência que agradecemos.

Texto de: José Eduardo Guimarães

GA! – Dizem que Coimbra é uma lição… mas depois do que viu, Guimarães também é…
MCT –
Sobretudo, Guimarães é uma inspiração, embora possa ser lição porque a Universidade do Minho é fantástica.

GA! – O que viu e sentiu deixou-a impressionada?
MCT –
O que vi foi uma cidade a mudar, com novas infra-estruturas já em fase de conclusão, outras em fase de arranque de obra e outras em planeamento. O que senti foi uma colaboração forte entre o Município, a Universidade e o Instituto Politécnico. Concretamente, no DoneLab, senti o frenesim do entusiasmo por novos projectos e no DTX – Digital Transformation CoLab foi a experimentação de projectos que começam a ganhar forma. Percebi, também, que há aqui uma associação entre a Universidade e as empresas, que pela investigação aplicada desenvolvem projectos que as empresas acolhem enquanto serviços ou desenvolvem na forma de produtos inovadores. Verifiquei que todos estes projectos estão ligados à transformação digital, com um grau avançado de poderem ser concretizados e utilizados no sector automóvel e por empresas, uma vez que podem usar a realidade virtual, outros a inteligência artificial. São projectos maravilhosos.

“Vi as equipas de jovens qualificados, jovens com mundo, que se dedicam a concretizar o que até agora era apenas uma ideia…”

GA! – Para além do estado de maturação em que se encontra, viu nestes projectos um sentido de inovação definido?
MCT –
Sim, foi-me dada a oportunidade de não apenas experimentar mas de conhecer esses projectos e a sua provável utilização mas vi as equipas de jovens qualificados, jovens com mundo, que se dedicam a concretizar o que até agora era apenas uma ideia. Está aqui um exemplo a seguir no sentido de transferir para as empresas o conhecimento que se gera nestes laboratórios. Foi uma tarde fantástica no mundo da ciência e da investigação.

GA! – E os projectos municipais, que vão alavancar desenvolvimento em diversas áreas?
MCT –
O que destaco em primeiro lugar, é a cooperação da Universidade, do Instituto Politécnico com o Município. Depois é saber que no plano de acção desenhado para a transição económica do Município de Guimarães, este engloba não apenas estas entidades como um conjunto de iniciativas, que dão corpo a uma estratégia que pretende preparar as empresas e a catapultar esta região em redor de Guimarães, em torno do conceito de Hub tecnológico onde se preparam as empresas para a transição digital, neste momento em que a reindustrialização da Europa ganha fôlego.

“Nota-se que há aqui uma visão estratégica de conjunto e também uma ambição da transformação da indústria e de internacionalização da região…”

GA! – É um projecto multidisciplinar e abrangente?
MCT –
É um projecto com várias vertentes que vão da academia e da formação a uma maior cooperação com as empresas, do empreendedorismo à incubação de empresas, com várias agendas temáticas, uma aposta nos recursos humanos e na promoção da sua capacidade empreendedora, como investimentos. O mais interessante é que este plano de acção para a transição económica assenta nestes laboratórios que acabei de falar, nos grupos de investigação da UM e do IPCA, está alavancada nas empresas que têm parcerias com a UM e com o IPCA e tem o empenho e responsabilidade do Município de Guimarães. Nota-se que há aqui uma visão estratégica de conjunto e também uma ambição da transformação da indústria e de internacionalização da região.

GA! – Destacaria algum projecto, dos que viu?
MCT –
Não posso esquecer nenhum. O que utiliza o tablier do automóvel e aciona mecanismos de luz, de poder ligar o carro com a ajuda do telemóvel, é um projecto que se materializa com um mínimo de materiais. Toda a tecnologia está impressa numa folha de papel e sem que se toque nela, apenas usando o telemóvel, é fantástico. E há-de ser algo no futuro. O segundo projecto, dispensa o toque com as mãos e utiliza um sensor que é guiado pelo gesto da mão e conduzido de tal forma a que possamos executar determinadas operações. Também, um terceiro projecto interessante, é o que permite anular o ruído através do som, por ondas, em que ambos funcionam. São projectos interessantes para os dias de hoje.

“Vou muito animada e inspirada de Guimarães…”

GA! – Satisfeita então com o que viu?
MCT –
Vou daqui muito animada com esta simbiose e com esta parceria com a Universidade do Minho, que é uma universidade fantástica, com pessoas de enorme valor em todas as áreas, com o Município, a assumir o papel de um parceiro fundamental, que tem a capacidade visionária de perceber o valor destes projectos. Não é de menosprezar o envolvimento do IPCA, o terceiro parceiro, também importante, numa colaboração que não era muito vulgar – agora é mais vulgar – em que as Universidades, Politécnicos e Municípios se juntam em prol do desenvolvimento de uma região, num contexto de transição e mudança para enfrentar este período de crise em que as empresas têm de se renovar e transformar. Vou muito animada e inspirada de Guimarães.

GA! – Como classificaria estes projectos, em função da sua valia e importância? Têm nível nacional, regional ou local e podem ser enquadráveis na estratégia do governo, para o desenvolvimento do país?
MCT –
São projectos demonstradores, de nível internacional e são projectos que fazem sentido em qualquer parte do mundo, tem um nível demonstrador muito elevado. Por isso é que digo que são inspiradores, podemos pegar nestes projectos e aplicá-los em qualquer parte do mundo. Estamos a falar de projectos de excelência, de nível internacional.

GA! – Podem ser, então, projectos candidatos a apoios da União Europeia?
MCT –
Têm qualidade para serem financiados com fundos comunitários. Não tenho a menor dúvida.

GA! – Então está convencida de que “Guimarães também é uma lição”?
MCT –
Guimarães é uma cidade maravilhosa e quando a deixamos já temos vontade de regressar…

© 2020 Guimarães, agora!

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