Para os estudantes de Medicina da UMinho o envolvimento no combate à Covid-19 foi uma experiência positiva. E uma experiência pedagógica que os colocou a salvo de um contacto directo com os doentes.
GA! – A Covid-19 surpreendeu os médicos, a que nível?
NS – A pandemia surpreendeu todos, incluíndo os profissionais de saúde. Trata-se de algo novo, e para o qual ninguém estava preparado no Outono de 2019.
GA! – Ninguém está a salvo de uma provável infecção, seja qual for o seu escalão etário?
NS – Correto. O vírus pode infectar todos. Claro que a consequência da infeção tem complicações distintas para diferentes pessoas, e, por isso, é que se definem os chamados “grupos de risco”.
GA! – Foi um drama enfrentar esta doença, na sua fase inicial de propagação?
NS – Foi claramente um enorme desafio. E continua a ser. Como disse trata-se de uma pandemia com implicações de grande relevância e impacto.
GA! – Concorda que o coração, rins e os pulmões, eram os órgãos onde o vírus tinha efeitos mais fatais e desconcertantes?
NS – A infeção afeta vários sistema no organismo, mas o mais afetado é o sistema respiratório.
GA! – O combate médico a esta doença reuniu que especialidades, serviços?
NS – Todos os profissionais de saúde, e obviamente também os médicos, foram envolvidos na resposta à pandemia Covid-19. Em termos de especialidades médicas, houve algumas especialidades mais intensamente solicitados, como a Anestesiologia, a Medicina Intensiva, a Infecciologia, a Medicina Interna, a Patologia Clínica, a Medicina Geral e Familiar e a Saúde Pública; mas insisto, todos foram chamados.
GA! – Como reagiu a comunidade médica aos efeitos deste vírus?
NS – Tentando ajudar.
GA! – O SNS e os hospitais em geral estavam preparados para esta luta? Tinham competências e capacidades adequadas?
NS – De uma forma resumida, porque este é um tema muito complexo, o SNS e os Hospitais deram a resposta possível e não houve rotura do sistema de saúde em Portugal.
“O novo vírus foi combatido com o conhecimento que já tínhamos acerca do combate a outros vírus e também com o conhecimento que entretanto foi gerado…”
GA! De que instrumentos e ferramentas se serviram os médicos neste combate desigual? Que técnicas tradicionais foram usadas contra esta infecção?
NS – Das que se usam habitualmente. A Medicina fundamenta a sua acção na evidência científica. Neste caso, o novo vírus foi combatido com o conhecimento que já tínhamos acerca do combate a outros vírus e também com o conhecimento que entretanto foi gerado a um ritmo muito elevado.
GA! – Em termos diagnóstico e tratamento, que exames, foram usados: raio x aos pulmões, análises de sangue, outros?
NS – O diagnóstico foi feito através de análises de rt-PCR (que permite detectar a presença do vírus); o tratamento foi feito de acordo com as normas orientadoras para o efeito, sabendo-se que não existe até ao momento nenhum fármaco isolado que resolve o quadro clínico.
GA! E ao nível da medicação, quais os medicamentos mais utilizados? Os tratamentos eram muito agressivos?
NS – Foram seguidas as recomendações efetuadas pela OMS e pelas Sociedades/organizações Científicas.
GA! – E de que modo essa informação contribuiu para o tratamento?
NS – Para garantir os melhores cuidados clínicos aos doentes.
“Portugal não só beneficiou do conhecimento que foi gerado noutros países como também gerou conhecimento que já se encontra publicado em revistas científicas…”
GA! – A experiência de outros países chegou a Portugal e ao Minho ou foi tudo aprendido pela televisão?
NS – Claro que Portugal, e o Minho, também estão ligados às comunidades científicas internacionais. A informação médica é partilhada em publicações científicas e em normas que são produzidas pelas Sociedades científicas, pelas Autoridades de Saúde e pela OMS. A partilha de informação entre todos foi fundamental. Portugal não só beneficiou do conhecimento que foi gerado noutros países como também gerou conhecimento que já se encontra publicado em revistas científicas de grande relevância.
GA! – A informação é essencial neste combate?
NS – Sim, é de grande importância.
GA! – O que foi esta experiência para os jovens que estão no curso de medicina?
NS – Os estudantes de medicina das Escolas Médicas portuguesas, e em particular da Escola de Medicina da UMinho, foi muito positiva, fizemos adaptações ao nível pedagógico – o ensino presencial passou para ensino à distância, tendo-se envolvido em várias iniciativas de ajuda na resposta à crise pandémica, em que todos se envolveram e ajudaram para dar o seu melhor.
© 2020 Guimarães, agora!